Um bate-papo sobre vocação com o padre Valdecir Ferreira

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O padre Valdecir Ferreira, da diocese de Apucarana/ PR, está na diocese de Crato desde a última sexta- feira, dia 10 de fevereiro, e deve ficar até a próxima quinta- feira, dia 16. Neste intervalo de tempo ele assessorou o retiro dos seminaristas propedêuticos que aconteceu dias 10 e 12, e hoje, dia 14, pela manhã, esteve reunido com os membros da Pastoral Vocacional Diocesana, no salão da Catedral Nossa Senhora da Penha, em Crato.

Entre uma atividade e outra, o sacerdote foi convidado para um bate papo com a assessoria de imprensa da diocese de Crato sobre tema vocação. Durante os minutos de conversa o padre falou sobre a cultura vocacional, a crise de vocações na Igreja, a pedagogia interativa no ser Igreja, a linguagem assertiva, como tornar o tema vocação atrativo para os jovens da atualidade e o papel da Pastoral Vocacional neste processo. “O rosto jovem de Igreja que nós temos está ai a nossas portas, nós então precisamos beber desta juventude, perceber também o quanto eles têm a nos oferecer, acreditar e investir no trabalho juvenil”, afirmou.

Leia a entrevista na íntegra:

Jornalista Patrícia Silva (JPS): O que precisa mudar na linguagem da Igreja quando se fala de vocação?

Padre Valdecir Ferreira (PVF): Nós precisamos pensar que vocação tem um conteúdo e sentido mais amplo. Quando falamos de vocação nós deveríamos falar primeiramente que nós temos um sentido de vida, vocação é sentido de vida, é significado de existência. Quando nós respondemos a um chamado de Deus, é uma proposta d’Ele para um estado de vida, para ser Igreja, porém é uma resposta nossa enquanto significado de vida. Nos dias de hoje nós poderíamos ter esta abertura maior para uma linguagem vocacional se nós tivermos também esta linguagem mais assertiva da vocação como uma resposta enquanto significado de existência para a humanidade.

JPS: O que é a cultura vocacional?

PVF: É justamente dar este passo de mostrar o significado de vida parta a humanidade e de uma maneira bastante assertiva nós poderíamos dizer assim: a cultura vocacional é um processo de mudança de mentalidade, que passa por uma sensibilização de atitudes, nos gestos e que nos leva a uma pedagogia diferenciada, ou seja, gestos diferenciados. A nossa antiga cultura vocacional era uma resposta apenas a uma colocação, a uma proposição de estados de vida, ser padre ou ser irmã. Hoje podemos dizer que cultura vocacional é uma linguagem ou uma dimensão, uma proposta, uma pedagogia, uma metodologia interativa que nos leva a uma concepção do ser Igreja. Resumindo poderíamos dizer que cultura vocacional é uma mudança radical em nossa mentalidade na forma de ser, viver e agir enquanto Igreja procurando dar uma resposta da nossa vida para com Deus, a partir da proposta de d’Ele para conosco.

JPS: Hoje existe uma crise vocacional na Igreja?

PVF: Existe uma crise que chamamos de numérica. Não podemos dizer uma crise qualitativa, podemos dizer uma crise numérica. A população aumentou gradativamente e nós não tivemos um aumento gradativo daqueles que respondem enquanto ministros ordenados e vida consagrada, porém nós podemos dizer que na mesma proporção esta crise vocacional perpassa por uma questão de identidade. As pessoas hoje precisam fazer uma experiência maior seja de Nosso Senhor Jesus Cristo, seja do ser Igreja, seja do compromisso que leva a vivencia em Jesus Cristo e do ser Igreja. Então é uma crise que se instaurou ao longo de um bom tempo, ela está inserida dentro de uma dinâmica inclusive sociológica, as famílias tem um número menor de filhos, existem maiores possibilidades, nós temos hoje uma propaganda de vários setores da sociedade que chamam também a atenção, mas nós precisamos não os apegarmos a esse aspecto de crise enquanto uma diminuição numérica, mas dá um respaldo da qualidade para atrair pela qualidade e pela dinâmica do chamamento.

JPS: Como trabalhar a questão da vocação com a juventude da atualidade?

PVF: Precisamos ter uma abertura com a linguagem da juventude, um processo de empatia com a juventude, descer a realidade delas sem ser juventude. Levar e potencializar a juventude em tudo aquilo que é necessário para que ela tenha condição de realmente assumir o projeto de Deus em sua vida. Acreditar na juventude, não ter medo dos modelos que às vezes a juventude nos proporciona, nos mostra. Compreender que a juventude não está inserida em uma dinâmica de amanhã, a juventude está no hoje. O rosto jovem de Igreja que nós temos está ai a nossas portas, nós então precisamos beber desta juventude, perceber também o quanto eles têm a nos oferecer, acreditar nessa e investir no trabalho juvenil.

JPS: Qual a importância da Pastoral Vocacional neste processo?

PVF: A Pastoral Vocacional é uma pastoral mediadora. Poderíamos dizer que dentro da Pastoral da Juventude, da Catequese, do Setor Juventude nos mais variados sentidos, a Pastoral Vocacional é uma mediadora deste encontro de sentido na vida da juventude e também no ser Igreja. Ela hoje é chamada a converter nos seus gestos ações contínuas e de relevância para que a juventude possa encontrar o verdadeiro sentido. Podemos dizer então que a Pastoral Vocacional se encontra neste processo mediador com as outras pastorais.

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