Pe. Cícero

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Falar de romarias na Diocese de Crato e em Juazeiro do Norte é falar do querido Padre Cícero Romão Batista. Este sacerdote dinamizou a espiritualidade católica na região do Cariri, sendo responsável pela espiritualidade de todo o povo nordestino até os dias de hoje.

Padre Cícero nasceu na cidade do Crato, no dia 24 de março de 1844. Foi ordenado sacerdote no dia 30 de novembro de 1870. Celebrou sua primeira missa em Juazeiro (quando ainda era um povoado chamado de Tabuleiro Grande) na noite de Natal daquele mesmo ano.

A partir daí passou a estar mais presente, atendendo o povo com suas palavras e com o seu exercício ministerial. Mas foi com um sonho que o Padre Cícero percebeu como se daria a sua missão em Juazeiro.

No mencionado sonho, vislumbrando a última ceia, percebeu a presença de inúmeras pessoas ao redor de Jesus e dos apóstolos. Seriam os flagelados da seca que assolava o interior nordestino. Diante de tão impressionante cena, Padre Cícero escutou de Jesus as palavras que o acompanharam durante toda a sua vida: “e tu, Cícero, toma conta deste povo!”. Foi realmente um divisor de águas para um sacerdote recém-ordenado.

E como se não bastasse para encontrar ânimo e força à sua missão sacerdotal, Padre Cícero ainda foi testemunha ocular de outro importante acontecimento em Juazeiro. Com aproximadamente 19 anos de sacerdócio, numa celebração eucarística ocorrida na primeira sexta-feira do mês de março de 1889, com a presença de moças que viviam da caridade, auxiliando a catequese daquele povo, depois de horas de oração e jejum por ocasião da quaresma, Padre Cícero, ao dar a comunhão à Beata Maria de Araújo (outra importante personagem da história de Juazeiro do Norte), a hóstia consagrada se transformou em sangue em sua boca. Fato que ocorreu ainda por mais 138 vezes, num período de quase dois anos.

Tais acontecimentos serviram para fomentar as peregrinações à Juazeiro do Norte. O que permitiu alavancar a vida do pequeno povoado, pois muitos vinham mesmo para residir e estar perto do padrinho querido.

Em meio a tantas transformações, o que era um povoado, tornara-se cidade ao ser emancipado a 22 de julho de 1911, vindo a ter como seu primeiro representante municipal o querido Padre Cícero.

A cidade se desenvolvia no aspecto político-econômico e a religiosidade popular se tornava ainda mais forte com os conselhos do padrinho Padre Cícero e com a crescente presença dos romeiros e das romarias.

Outras experiências romeiras em Juazeiro do Norte

Além do chamado ciclo de romarias, Juazeiro do Norte vive também a experiência de outras romarias ao longo do ano. Como é muito grande a quantidade de romeiros nas principais romarias, muitos acabam optando outros momentos para estar em Juazeiro, muitas vezes por conta das dificuldades com hospedagem e também pelos gastos financeiros serem mais em conta em outras ocasiões.

Percebe-se que tais permanências ao longo do ano coincidem com outros momentos de celebrações concernentes ao calendário litúrgico. São eles:

Em janeiro, há um número bastante considerável de romeiros no dia 6 (dia de reis) e no dia 20 (dia de São Sebastião).

No dia 24 de março, durante as celebrações que fazem memória do nascimento do Padre Cícero, muitos são os romeiros em Juazeiro, a fim de reverenciar o querido padrinho.

Outras importantes ocasiões que se percebe a presença de romeiros em Juazeiro se deve às celebrações da Semana Santa e o aniversário de morte do Padre Cícero (20 de julho), salientando também as pequenas romarias que ocorrem a cada dia 20, por ocasião da tradicional missa das 6h da manhã, celebrada na praça da Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em sufrágio da alma do Padre Cícero Romão Batista, querido padrinho do povo romeiro, patriarca e fundador da cidade de Juazeiro do Norte, berço da fé e religiosidade do povo nordestino.

Por: Padre Aureliano Gondim