Entre cantos, preces e memória viva, o povo de Deus celebrou, neste 30 de maio, os 300 anos de fundação da Capela de Santo Antônio de Pádua, no distrito de Missão Nova, em Missão Velha (CE). Um templo pequeno, singelo em sua arquitetura barroca e de chão batido por passos devotos, mas imenso no significado: foi a primeira igreja do Cariri cearense, erguida em 1725 pelo frade capuchinho Frei Carlos Maria de Ferrara, tornando-se marco inicial da evangelização nessa porção do sertão cearense.
À sombra do altar-mor original, adornado com flores e acolhendo no nicho central a imagem do santo padroeiro, frades, sacerdotes, diáconos, religiosas e uma multidão de fiéis se reuniram para render graças pela história sagrada daquele lugar, onde a fé se consolidou com simplicidade, perseverança e devoção.
Celebrar 300 anos de história
Durante a homilia, Dom Magnus Henrique Lopes, bispo diocesano de Crato, conduziu o povo a refletir sobre o verdadeiro sentido de celebrar este tricentenário. Em suas palavras, o tempo se tornava ponte. “Celebrar os 300 anos da capela é mais do que olhar para trás. É renovar hoje o compromisso de sermos um povo que constrói não só igrejas de pedra, mas comunidades vivas, onde o Evangelho seja praticado, onde a caridade floresça e a justiça se realize.”
O bispo também relembrou o cenário em que o templo foi erguido — uma paisagem ainda rude e desconhecida, onde a fé era o alicerce invisível de tudo.
“Em meio ao sertão ainda que se descortinava, homens e mulheres — pobres, viajantes, devotos — ergueram com fé um templo simples, mas carregado de sentido. Construída no ano de 1725 por mãos calejadas, iluminadas pela fé e guiadas pelo zelo missionário, essa capela não é apenas uma relíquia do passado. Ela é o sinal visível de um amor escondido que foi capaz de vencer distâncias, doenças, aridez e abandono. Amor que se traduziu em missão, em oração, em serviço concreto ao povo de Deus neste chão sagrado.”, disse.
A presença dos filhos de São Francisco
Antes que a diocese fosse diocese, antes que houvesse qualquer catedral ou paróquia, os filhos de São Francisco já andavam por essas terras vermelhas. Vindos do Recife, os frades capuchinhos trouxeram mais que palavras: trouxeram o rosto misericordioso de Cristo. Fundaram, além da Capela de Santo Antônio, a Igreja Matriz de São José, em Missão Velha, e a Matriz da Penha, em Crato — hoje catedral diocesana.
Para marcar essa presença missionária, um grupo de frades capuchinhos esteve presente durante a semana jubilar, celebrando não apenas o templo, mas a memória viva de seus primeiros confrades, que, com burel e terço, evangelizaram um povo e ajudaram a forjar a identidade cristã de todo o Cariri.
“É alegria significativa, porque este espaço compôs o cenário onde o carisma franciscano veio e começou a se espalhar por aqui. Sermos convidados para voltar aqui, como frades Capuchinhos, depois de 300 anos daqueles nossos antepassados que marcaram a história, nós temos a responsabilidade de transmitir esse carisma também na atualidade, com os corações cheios de esperança”, expressou Frei Roberildo Sousa Araújo, OFMCap, Ministro Provincial da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos no Ceará e Piauí.
Por Jornalista Mychelle Oliveira / Assessoria de Comunicação