O sol era forte quando romeiros, devotos e afilhados do Padre Cícero Romão Batista chegavam à Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte- CE, na tarde deste sábado (19). Nos lábios, a comemoração à espera de uma notícia que já durava há quase uma década aconteceu em forma de canção: “Olha lá, no alto do Horto, ele tá vivo, Padim não tá morto!”.
Desde que a boa-nova sobre a reconciliação da Igreja Católica com o Padre fora anunciada, no último domingo, pelo Bispo Dom Fernando Panico, durante Missa de abertura da Porta Santa, o coração dos devotos é uma festa constante. A aposentada de 66 anos, Luiza Persolina de Oliveira, não sabia da notícia, mas foi à carreata para “agradecer ao meu Padim Ciço, porque ele é bom”, e por tê-la ajudado a superar uma “dor nas junta”. O autônomo Francisco Jânio Nunes da Silva levou o filho, Pedro Natanael, de dois anos, para acompanhar a saída dos carros. Depois de ter “uma vida toda destruída pelas drogas”, ele também foi agradecer pelos favores alcançados. “Eu pedi muito ao Padre Cícero e agora tô aqui, curado. Já faz cinco anos, já”, conta, enquanto segura à mão do filho, para subir as escadas da Basílica.

O trajeto de longos quilômetros, o forte sol e calor eram amenizados pela certeza de que o “Padre de ciência tá no meio da gente, reparando o que é que há”, como cantam no bentido. Sob o som estridente de buzinas e trios elétricos, guiada pelo pároco, Padre Cicero José, a carreata seguia a imagem do “Padim” transportada num caminhão pau de arara, percorrendo as principais ruas da cidade. Fogos que externavam a alegria dos romeiros acompanharam todo o percurso.
Durante o percurso, a devoção ao Santo popular do Nordeste era refletida nos olhos dos participantes que buzinavam e gritavam cada vez que ouviam “Viva meu Padim”. Nas ruas, devotos aguardavam a passagem da imagem ora serenos, ora menos contidos, deixando escapar lágrimas de gratidão e fé. Alguns esperavam o trajeto com altares na frente das casas, enquanto outros se aglomeravam nas calçadas e nas fachadas das casas, registrando e acenando para a carreata que só foi findada horas depois com celebração de Santa Missa na Capela do Socorro.

Um tempo novo para o Juazeiro
“Aonde vai esse povo, que marcha romaria? Vai buscar um tempo novo”. O verso bem dito pelos lábios do povo católico, marca o que o pároco da Basílica Santuário, Padre Cícero José, chamou de “tempo das promessas de Deus”. Para o sacerdote, o número de romeiros que se deslocam até Juazeiro do Norte tende a aumentar tanto com a notícia da reconciliação quanto à luta pela liberação dos transportes. Ele acredita que, até fevereiro, quando a cidade celebra a romaria das Candeias, o direito dos romeiros escolherem a sua forma de deslocamento quer seja em ônibus, caminhão pau de arara ou vã, já esteja liberado.
O Prefeito do Município, Raimundo Macedo, que esteve presente na comemoração, disse que a cidade vem se preparando para acolher o fluxo de romeiros com obras de mobilidade urbana, como é o caso do Anel Viário, cujo objetivo é facilitar o trânsito no centro da cidade.

Neste domingo (20), na tradicional celebração eucarística em honra à memória do Padre Cícero, a expectativa é de que o número de romeiros, devotos e afilhados seja ainda maior, sobretudo, porque o Bispo da Diocese de Crato, Dom Fernando Panico, deve ler, na íntegra, a carta enviada pelo Papa Francisco sobre a reconciliação histórica da Igreja com o Patriarca do Nordeste.





