Caríssimos irmãos e irmãs, em Cristo Jesus, Graça e paz!
A solene festa do Batismo do Senhor marca o encerramento do tempo litúrgico do Natal. A liturgia deste período é marcada por epifanias, ou seja, manifestações divinas aos homens e mulheres de boa-vontade. Jesus, ao nascer, fora manifestado aos pastores; recém-nascido, aos magos – que o adoraram como Rei e Senhor; e hoje, à multidão de peregrinos que buscavam a conversão dos pecados no batismo de João Batista. As epifanias, teologicamente, buscam descrever Deus que vem ao encontro da humanidade a fim de, por meio da fé, fazer cada ser humano ir ao encontro d’Ele. O batismo de Jesus manifesta ao mundo o Espírito e o Pai.
Jesus se submete ao ritual de penitência de João, o precursor, a fim de cumprir a vontade do Pai, ou, como diz o Cristo, para que toda a justiça se cumpra. E, num ato sutil de delicada humildade, convida seu primo a deixar acontecer o desejo do Pai do céu. Para o filho de Isabel, o batismo se reveste de arrependimento e penitência, enquanto para filho de Maria é o aparecer da graça, da paz, do amor e da misericórdia. Assim se encerra seus anos de ocultamento, depois do nascimento e da visita dos magos em Belém, também de sua vida na Galileia, e se faz conhecida a todos o teor de sua missão. Jesus não apresenta um Deus furioso e violento, mas, na humanidade de sua face, mostra um paterno rosto divino repleto de amor e acolhimento na urgência de que o tempo da decisão chegou, o messias está aí.
A pomba, mais que um símbolo universal de paz, traduz, como no época de Noé, um novo tempo para uma terra renovada e para uma humanidade nova. Ao dizer que o Espírito Santo foi visto na forma de pomba, o evangelista deseja insinuar que houve uma percepção misteriosa e sobrenatural do divino naquele dia. É símbolo bíblico para dizer que houve concessão de uma força divina para a missão de Jesus. Ele possui a plenitude salvadora de Deus e, por meio dela, agirá em favor dos homens. A voz do Pai não fala a Jesus, porém àqueles que estão presentes, junto a Ele, a fim de fazer crer a nós, igreja de Cristo, Povo Santo, que Jesus é seu Filho.
E toda proclamação que se faz sobre a filiação divina do Nazareno, é voz de Deus, é palavra de Deus. E a voz paterna pronuncia uma passagem do profeta Isaías – meu filho amado – a fim de dizer que o messianismo de seu filho, apesar do sofrimento e fraqueza, será pautado no acontecer do amor. Do nascer ao pôr do sol, de norte a sul, nos cantos e recantos do mundo inteiro, também uma voz, a do presidente da celebração, na missa, proclama a presença salvadora e redentora de Cristo Jesus em nosso meio. Aliás, antes disso, a própria assembleia de eleitos e enviados, faz ecoar em uma frase que o Senhor está em seu meio. E, ao escutar a voz, percebamos a sacramental, a misteriosa e a permanente presença de Jesus na multidão, que se arrepende e o louva, no canto, na palavra anunciada e pregada, e, de maneira mais sublime, ápice de todo encontro, na Santa Hóstia.
O que isso significa para mim?
Percebo a graça e a misericórdia que me é oferecida pelo batismo, pela eucaristia?
A missa tem me levado à conversão batismal?
Por: Pe George de Brito,
Sacerdote diocesano de Crato,
Pároco do Sagrado coração de Jesus, em Crato,
Especialista em Filosofia Hermenêutica,
Mestre em Teologia Dogmática.





