Neste dia 04 de agosto, dia em que a Igreja celebra a memória de São João Maria Vianney, padroeiro dos párocos e dos padres, o Clero Diocesano da Diocese de Crato esteve reunido para celebrar o dia do Padre. Dom Gilberto Pastana, bispo coadjutor de Dom Fernando Panico, recém chegado à diocese, teve a oportunidade de conversar com o clero e dizer da alegria de agora fazer parte da igreja que está em Crato.

O encontro aconteceu no Centro de Expansão Dom Vicente Matos. Durante toda a manhã desta quinta-feira, o Clero teve a oportunidade de se confraternizar, rezar e agradecer a Deus pelo dia dedicado aos sacerdotes.

Enquanto falava, Dom Gilberto destacou os anos que esteve à frente da Diocese de Imperatriz-MA. De como foi aprendendo a ser bispo em terras maranhenses, a fim de agora se colocar à disposição da Igreja, servindo ao povo da Diocese de Crato. Para estes primeiros meses, após a sua chegada, Dom Gilberto falou que está organizando uma agenda com os párocos das 55 paróquias da Diocese, a fim de aos poucos conhecer cada lugar que faz a extensão geográfica e territorial desta diocese.

Desde que chegou, Dom Gilberto já pôde fazer algumas visitas. Esteve presente em algumas festas de padroeiro, como também já pôde sentir de perto o calor e a vibração da espiritualidade romeira, quando presidiu a missa pelo Padre Cícero, na praça do Socorro, no último dia 20.

Neste período em que Dom Fernando encontra-se um pouco ausente da Diocese, por conta de seu tratamento de saúde em Fortaleza, Dom Gilberto aproveitará para realizar aquilo que é da competência do Bispo junto às Paróquias, como visitas pastorais e celebrações do sacramento da Crisma, para conhecer todo o território da Diocese de Crato. Após a fala de Dom Gilberto, que foi bem acolhida pelos padres da Diocese, houve um almoço de confraternização com sorteio de brindes, que também serviu para marcar a celebração do dia do Padre.

A mensagem abaixo foi lida pelo padre Vaudênio Nergino, após o almoço:

“Já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre,

nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus”. (Gal 3, 28)

”De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele;

e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele.” 

(1Cor 12,26 )

Do que somos feitos? De liberdade.

Para além de uma figura de linguagem pensamos aqui no essencial do ser humano. Temos não só a capacidade de uma escolha, mas o fazemos com a consciência de a fazermos. São Paulo escrevendo aos Gálatas lembra-lhes a graça da filiação divina e ressalta o quanto – como discípulos de Cristo – eles haviam passado do simples domínio da Lei, para a realização das promessas a partir da Fé que os constitui membros do Povo eleito, sacerdotal, régio…

Como presbíteros encontramo-nos periodicamente, como irmãos e estamos permanentemente unidos pela ação do próprio Deus que nos amou e escolheu para sermos testemunhas de sua misericórdia em meio às agruras, adversidades, temores, desesperança, isolamento, sensação de abandono,… vividas cotidianamente por cada um e por todos. Mas, é exatamente aí, em meio ao mundo, que somos desafiados a proclamarmos a razão de nossa fé.

O senso de nossa pertença no Povo de Deus nos permite vislumbrar a luz no fim do túnel, a mão que se estende quando nos sentimos perdidos diante dos ventos e ondas, a ternura daquele que “nos olha com amor”, o reconhecimento quando nos debruçamos para – seguindo os exemplos mais simples – ungir seus pés e, às vezes sem nada falarmos, dizer-lhe de nossa confiança em sua compaixão.  Não deixamos de admitir nossas fragilidades, pequenez, egoísmo, expressões de autosuficiência, fechamento ou similares… Mas confiamos no perdão do Senhor e no fato de sabemos que não estamos sós, porque podemos acreditar no apoio mútuo, na reciprocidade do bem-querer fraterno. E na unidade no Presbitério.

Estamos a serviço…

– Para partilhar a água transformada em vinho;

– Para repartir o pão e os peixes;

– Para dizermos: “Coragem! Ele te chama.”

– Para ajudarmos os caídos ao longo do caminho;

– Para indicarmos os sinais de Sua presença, quando também vemos e ouvimos: na quebra dos grilhões, na cura dos cegos, quando os coxos andam,… a Boa Nova é anunciada aos pobres.

O tempo da graça é agora. A hora de Deus é esta. Não sozinhos, isolados ou fechados em nossos próprios universos, respeitando nossas diferenças, não nos sentindo donos da verdade, mas dela servidores. Não pretendemos nos servir a nós mesmos. Não queremos usar o que nos é posto nas mãos para administrar como uma propriedade particular e intransferível. Para além de qualquer esboço de corporativismo, queremos apoiar uns aos outros, questionando, corrigindo-nos, dispondo-nos à necessária e permanente conversão. Para além do pietismo, queremos celebrar o mistério de nossa Fé.

Vamos percorrendo os caminhos, vales, florestas, sertões; assim, perceberemos com maior facilidade e indicaremos as fontes que não secaram; valorizaremos as lições dos que nos precederam; apoiaremos as novas experiências e questionaremo-nos reciprocamente quando necessário.

Celebramos hoje e aqui a festa da vida: o dom da existência e a missão que recebemos. Neste percurso de “tantas pedras e areais”, de rios a serem cruzados, de irmãos e irmãs caídos que nos erguem seus braços, de vidas ceifadas, de poder corrompido… sejamos proclamadores do Deus que não gosta da acomodação das poltronas, mas nos pede a disposição do “caminhante”, do peregrino, do romeiro, do missionário, do jovem que está disposto a aprender, do idoso que se coloca a serviço para compartilhar as experiências, das crianças que simplesmente confiam, dos homens e mulheres que amam… Ouçamos os gritos que sobem aos céus e respondamos com fé.

Repetimos agora, Dom Gilberto, mais uma vez – sem nos cansarmos – seja bem-vindo. Sinta-se sempre acolhido entre nós. Desejamos que o senhor sinta conosco o carinho daquela que é a Virgem da Penha, Mãe do Belo Amor, Mãe das Dores ou das Angústias, Virgem Imaculada, Mãe da Misericórdia, e tantos outros nomes. Obrigado pela sua disposição em ajudar Dom Fernando no pastoreio, do qual somos colaboradores.