HOMILIA DO 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B
“Eu quero: fica curado!”
Amados irmãos e amadas irmãs!
A Palavra proclamada neste domingo apresenta-nos um Deus que convida, com ternura e bondade, a todos os seres humanos a fazer parte da comunidade. Ele não exclui ninguém nem aceita que, em seu nome, inventem-se sistemas de exclusão dos irmãos.
Na Primeira Leitura conhecemos como a Lei do Antigo Testamento que definia a forma de tratar com os leprosos. Acreditava-se que Deus distribuía as suas recompensas e os seus castigos a partir do comportamento do homem. Assim a doença era sempre considerada um castigo que Deus aplicava diante dos pecados e infidelidades do ser humano. Sendo a lepra uma das doenças mais aterrorizantes, o leproso era considerado um pecador amaldiçoado por Deus e, portanto, um indigno que deveria ser excluído da comunidade do Povo de Deus. Compreendemos como, a partir de uma imagem errada de Deus, somos capazes de inventar modos de discriminação, de rejeição e exclusão em nome de Deus.
Na Segunda Leitura São Paulo convida os cristãos a serem obedientes as leis, mas tendo como prioridade a glória de Deus e o serviço dos irmãos. O exemplo essencial a ser imitado deve ser o de Cristo, que viveu na obediência incondicional aos planos do Pai e consumou sua vida em um dom de amor a serviço da restauração da dignidade da humanidade.
No Evangelho São Marcos nos revela, através da ação e missão de Jesus Cristo, o verdadeiro agir misericordioso de Deus. Assim como agiu por meio dos profetas no Antigo Testamento, em Jesus, Deus vem ao encontro da humanidade especialmente das vítimas da rejeição e da exclusão. Mediante a fé Deus se compadece da miséria daqueles que são excluídos, estende-lhes a mão com ternura, libertando-os dos sofrimentos, restaurando sua dignidade e convidando-os a integrar a comunidade do “Reino”. Diante da ação benevolente de Jesus, o homem curado da lepra se transforma em anunciador das maravilhas de Deus. Marcos ensina-nos, desse modo, que quem experimenta o poder salvador de Jesus se converte necessariamente em profeta e em testemunha do amor e da bondade de Deus.
Às vezes podemos criar situações que levam a exclusão e ao sofrimento, afirmando ser vontade de Deus. Um deus severo e castigador, criado pelo desamor e amargura, que pode habitar o coração humano. A atitude de Jesus Cristo é uma atitude de proximidade, de solidariedade, de aceitação. Como estamos agindo em nossas famílias e comunidade? Nossas atitudes são de acolhida e valorização do outro? Ou estamos contribuindo para manter as atitudes de exclusão e rejeição que causam divisão e dilaceram a Igreja e o Reino de Deus?

Padre Paulo Sérgio Silva
Pároco da Paróquia São Sebastião, em Mangabeira, distrito de Lavras-CE




