Quaresma: tempo de penitência e caminho de reconciliação

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Nos 40 dias de preparação para a Páscoa do Senhor, as três atitudes que acompanham a piedade cristã, e que permeiam o imaginário do senso comum são: oração, a penitência e a caridade. Para aqueles que interiormente se voltam ao perdão, são caminho de verdadeira reconciliação. Rezaremos com o salmista: “Piedade ó Senhor, tende piedade pois pecamos contra vós” (Sl 50). Por outro lado, o cumprimento apenas exterior da lei não é suficiente para a comunhão espiritual. É necessário conhecer o preceito, a obrigação, mas a união com Cristo crucificado-ressuscitado, é o horizonte de quem se dispõe à conversão do coração. Parte integrante de todo o nosso peregrinar espiritual, no tempo quaresmal, oração, jejum e esmola, têm uma ênfase particular, tocam em profundidade a nossa vida e convicção. Mas porquê?

 Tempo penitencial, a quaresma nos insere numa dinâmica que une interioridade e exterioridade. A Liturgia quaresmal tanto nos mostra a fragilidade do homem, quanto a primazia da Graça de Deus que o eleva. Como todo exercício, esse é um caminho de discipulado; na esperança viva de aprender com o Mestre, cada batizado é convidado a dar passos de união com Ele. Intimidade que implica docilidade para ouvir de Cristo: “convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15).

 Já na quarta-feira de cinzas somos introduzidos nessa espiritualidade do coração. Ao inclinarmos nossas cabeças para receber as cinzas, manifestamos externamente que interiormente reconhecemos participar da condição de fragilidade de toda pessoa humana. Logo ali sentimos o apelo à conversão, à participação na vida da graça. Este convite nos acompanhará durante toda a quaresma, revelando o pecado que fere e nos despertando para a graça santificante, que cura o nosso coração.

Primazia da Graça

 A oração, o jejum e a esmola, parte da gramática quaresmal, antes de serem uma pena que se cumpre para aplacar a ira de Deus, ou uma paga por um favor divino, são uma oportunidade de nos abrir à fecundidade do amor misericordioso de Cristo. A salutar recomendação da Igreja, para que trilhemos o itinerário quaresmal de modo penitencial, é uma lei que se inscreve primeiro no coração de cada penitente.

 Precede a lei, à graça, precede as obras à fé (Rm 6, 14). Do anúncio, do encontro com Cristo, depende a adesão à vida que nasce do Evangelho, haja vista que “no início do ser cristão há um encontro” (DCE, n.1). A Igreja nos conclama à penitência, compreendendo que a fé é suscitada pelo anúncio da Palavra de Deus e pelos sacramentos é alimentada e cresce no encontro com a graça do Senhor ressuscitado (Cf. SC, n. 6). Os atos de piedade nos preparam para receber com mais fruto os sacramentos.

É pela graça que os fiéis progridem no caminho da conversão e da união com Deus, “justificados por crer em Jesus Cristo” (Gl 3, 24). Deus misericordioso (Lc 6, 36), “ele perdoa toda culpa, cura toda enfermidade” (Sl 102), “não nos trata como exigem nossas faltas” (Sl 78); nesse sentido, nossa piedade não consiste em ações para mover Deus a nos perdoar, mas em gestos que movam a nós mesmos na busca do seu perdão. Mais do que para sermos escutados por Deus, rezamos para nós O escutemos.

Nos recorda o Prefácio Comum IV: “nossos hinos de louvor não acrescentam nada a vossa infinita grandeza, mas nos ajudam alcançar a salvação […]”. Nossos atos penitenciais servem pois para mudar, não a Deus, mas o nosso coração endurecido, resistente à luz do Espírito que ilumina nossas mentes, que cria vida interior, e à voz de Deus que quer nos conduzir (Sl 23). Com razão diz o hinário quaresmal “o vosso coração de pedra se converterá em novo coração”¹, “novo coração de carne” (Ez 36, 26). Só um coração novo é capaz de se abrir ao perdão, de dar o perdão… um coração novo é um coração sincero, “é odre novo para vinho novo” (Lc 5, 38; Mt 9, 17), disposto, capaz de se relacionar de uma maneira nova, como filhos, como irmãos, como amigos (Rm 8, 16; Mt 23, 8; Jo 15, 15).

 A quaresma, com suas práticas, é um caminho espiritual que nos dispõe a acolher o perdão de Deus, e é esse perdão, é sua misericórdia, que gera vida na ordem da Graça superabundante (Rm 5,20). Oração, jejum e esmola são formas de se libertar da indiferença que nos separa de Deus, da auto centralidade que nos torna incapazes de enxergar e de pensar no outro, do egoísmo que turva a reta consciência de que a nossa vida não está apenas ao nosso próprio serviço.

 Nesse sentido podemos dizer com Santo Agostinho² que rezamos não para convencer Deus a nos perdoar, mas para nos convencer de que Deus é misericórdia. Jejuamos não por um costume estéril, há um propósito, ele serve ao bem da nossa alma, à medida que nos ajuda a combater maus hábitos e vícios e a renovar a fé. Amamos, nos solidarizamos, não porque queremos algo em troca, mas porque o amor gratuito é marca de pertença a Cristo. “Vosso jejum, esmola e oração diante dos homens não se façam ver, e o Pai que conhece os corações vossa justiça há de reconhecer”.³

Sentido cristão do sofrimento

 “A experiência de sofrer, como participação na cruz de Jesus, manifesta que já hoje na existência cristã pessoal se experimenta a purificação.”4 Nesse tempo de penitência, a Igreja nos encoraja a suportarmos com paciência os sofrimentos que a vida se encarrega de nos enviar. Um convite afim de que dores e sacrifícios, pequenas renúncias e sofrimentos do dia a dia não se tornem pena e murmuração (Mt 10, 28), mas se convertam em sacrifício de louvor5, oferta silenciosa de quem é capaz de unir-se a Deus e de ser fecundo e generoso também na dor, dando frutos de vida e salvação (Tg 1, 24; Rm 5, 3-5).

Sacramentos de Cura (Confissão e Unção dos Enfermos)

Penitentes de todas as horas carecem de especial atenção e assistência espiritual, os idosos e os enfermos; doentes na alma porque feridos pelo pecado ou no corpo, porque  inquietos e maltratados por tantos dramas psíquicos ou físicos. A estes, Deus socorre com poderosos auxílios, pela pastoral dos doentes, pelos sacramentos de Cura, pela Santíssima Eucaristia e por tantos outros meios, ordinários e extraordinários, de sua Providência. Através dos Sacramentos da Penitência e da Unção dos enfermos “opera-se a obra de cura e salvação de Cristo, por meio da Igreja, com a força do Espírito Santo.” (C.Ig.C, n.1421).

Pela Sagrada Unção, cada enfermo “[…] poderá não só suportar com fortaleza os males, mas ainda vencê-los e obter a própria saúde corporal, se essa lhe aproveitar à salvação da alma.” (Ritual da Unção dos Enfermos e sua Assistência Pastoral, p. 19). Quer no perdão e na paz que se realizam e se celebram na vida dos reconciliados, quer no alívio das dores ou do auxílio para suportar melhor os incômodos da doença, Deus abraça com misericórdia os seus filhos enfermos, e pela mediação de sua Igreja, no mistério Salvador da Cruz Cristo, cuida de curar o homem todo.

 Embora a eficácia Sacramental se prolongue, por vontade de Deus, também no restabelecimento da saúde física do fiel, como explicitam as súplicas do Ritual, os efeitos da verdadeira reconciliação e da Unção, alcançam o ser humano inteiro. Unindo-se ao mistério da cruz, penitentes e doentes encontram o bálsamo da comunhão com Deus e ressignificam escolhas, lutas, doenças e dores. Sanando a culpa do pecado, da ruptura ou mesmo reerguendo a pessoa do abatimento causado pela enfermidade, a Graça Sacramental restaura aquela dignidade original do homem novo, recriado no Mistério Pascal de Cristo.

 Exame de consciência

 De singular importância no caminho de reconciliação, o Sacramento da Confissão restaura a graça que pelo pecado perdemos. A memória das realidades que nos levaram a pecar, não são para nos colocar em um estado de pessimismo e tristeza, mas para nos fazer progredir no amor e na comunhão.

 É com essa esperança, que o Papa Francisco fala de um exame de consciência imbuído de verdadeiras disposições à vida cristã. Um saudável examinar-se contém a bendita dor do remorso pelas faltas cometidas, ação da graça de Deus que já nos inclina ao arrependimento; mas como nos diz o apóstolo, a graça não nos é dada para a esterilidade (1Cor 15, 10).

Sabiamente, o Papa Francisco nos lembra que o nosso exame de consciência7 deve observar qual espírito seguimos, que espírito nos impele? “O espírito de Deus ou o espírito daquele mundo que se opõe ao projeto de Deus?”, trata-se de sentir para onde foi o nosso coração durante o nosso dia, examinar que direção tomou e não simplesmente catalogar pecados. Toda a nossa conversão exige opções radicais, e ninguém muda os efeitos sem enxergar, sem cessar as causas; por isso, o Santo Padre insiste que examinemos as raízes também daqueles pecados que não se veem.

 Na “esperança que não decepciona” (Rm 5, 5 ) pediremos perdão pelo mal que fizemos e também pelo bem que podíamos ter feito e não fizemos. Com efeito, é na confiança de que Deus toma a iniciativa de nos conduzir ao seu perdão, que com a fé, o amor e o coração renovados podemos escolher o bem, possível a tantos quantos se disponham a abraçá-lo.

 A consciência de que o pecado turva o nosso olhar para Cristo e, portanto, nos afasta de Deus e dos irmãos, nos tira daquela semelhança com Ele a qual fomos criados, nos ajuda a crescermos em generosidade e gratuidade, a viver não somente “para não pecar”, tentados a nos fechar em nós mesmos, por vezes, sem evitar o pecado de não amar. Que vivamos sobretudo para amar, ao modo de Cristo (Mt 5, 44).

Gratuitamente, invista-se no bem que “não se vê”, o qual não é fotografado ou recompensado. O bem que nos faz caminhar com Cristo (Jo 14, 6), que nos une a Cristo, nesse caminho continuamente poderemos ser curados (Lc 17, 14), nessa direção a perfeição será a do esforço e agradará a Deus o louvor da nossa dedicação (Mt 11, 12; Mt 24, 13).

Perdão e reconciliação

 Um homem que se encontrou com um Deus amor e misericórdia é um homem que ama, perdoa, e dá glória ao Senhor. Através deste homem, algo do Criador pode ser visto, nele a graça de Deus não tem sido inútil ou estéril (1 Cor 15, 10). Nesse sentido, a penitência serve para reparar as ofensas, emendar as rachaduras que o pecado causou em nós; talvez a maior delas: a indiferença, o afastamento de Deus e dos outros.

 Importa que caminhemos na esperança, ou seja, que ao invés de ficarmos estagnados no desespero por causa das rachaduras, fixemos os nossos olhos no remédio, na graça, “onde está Cristo” (Cl 3, 1). Por penitência pública ou confissão individual damos a conhecer que somos pecadores, e por este gesto iniciamos o novo modo de relação com Deus e com os irmãos. “Feliz o homem que foi perdoado e cuja falta já foi encoberta! Feliz o homem a quem o Senhor não olha mais como sendo culpado e em cuja alma não há falsidade!” (Sl 31).

 Os penitentes caminham na direção da intimidade com Deus, da docilidade à sua voz, do controle das paixões, da liberdade interior, do desapego e bom uso dos bens materiais e da gratuidade nas relações. Isso diz respeito a nossa relação com Deus, conosco e com os irmãos. Importante lembrarmos que a primeira ferramenta é a oração; no trabalho que fazemos sobre nós mesmos, silenciando, visitando o nosso interior, a luz de Deus, a ação do seu Espírito em nós é decisiva para que nos achemos n’Ele (Fl 3, 9). Essa descoberta torna possível que vejamos o outro (Lc 10, 33), que no outro vejamos a Deus (Mt 25, 40) e nos convençamos de que “somos todos irmãos” (Mt 23, 8).

O amor divino é perene, ama sempre, está em cada um de nossos dias. Deus ama ainda que não O amemos, ou amemos pouco; ama aqueles que desistimos de amar ou que achamos indignos do amor. Para Ele não somos definidos por um momento de nossa vida que não deu certo, somos filhos, herdeiros de sua promessa de vida (Rm 8, 17).É, pois, para sermos mais generosos com aquelas realidades que nos elevam, que nos recordamos dessa filiação; de fato é esse o espírito do homem redimido, tal e qual Deus o criou, ordenado ao bem, ama a Deus sobre todas as coisas e aos outros por sua causa. Ama como Deus ama, como Ele amou (Jo 13, 34), primeiro, “primeireando” (EG, n. 24).

No caminho da conversão do que em nós há de mal, Deus nos dá a graça de não separar-nos d’Ele.  Nada nos separe do amor de Deus (Rm 8, 39). Nele, o passado e o pecado não nos definem. Nele saboreamos a verdadeira alegria dos redimidos e reconhecemos que este é um consolo, dom pascal possível à todos (AG, n.1). Sem Ele, qualquer ser humano é capaz das piores coisas, mas n’Ele todo homem cresce à imagem de Cristo (Cl 3, 10).

 A quaresma e suas práticas ampliam a nossa capacidade de comunhão e dão qualidade evangélica às relações que edificamos. É um fato, que só o transbordamento, o ato de amar (a condivisão, a solidariedade, a partilha) tornam legível o caminho espiritual que fazemos. E nesse sentido, como nos lembra o Papa Francisco, precisamos “alargar os nossos círculos para aqueles que não fazem parte do nosso mundo de interesses” (FT, n. 97). Corrobora com esse anseio, a Campanha da Fraternidade que a Igreja no Brasil inicia junto com o período quaresmal e que nasceu como expressão da caridade, em favor da dignidade da pessoa humana e dos filhos de Deus.

 A CF 2025, “Fraternidade e ecologia integral”, suscita a promoção de “um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da terra” (Texto base). O mundo criado por Deus é o lugar da nossa missão; Deus o criou e “viu que tudo era muito bom” (Gn 1, 31). Agir em prol da fraternidade é colaborar na obra de Deus, tornando o mundo mais parecido com aquele criado e recriado.7 “A Igreja, no ato de ajudar o mundo como no de receber muito dele, apenas a isso visa: que venha o reino de Deus e se realize a salvação de toda a humanidade.”8 (GS, n.45)

Renovada a Fé e o nosso amor a Nosso Senhor, abraçamos a reconciliação e reordenamos nossa existência, a partir do mistério da sua Paixão, Morte e Ressureição. (Fl 2, 5) Sim, Cristo é a causa da nossa conversão, seu perdão nos converte. Nesse sentido, podemos dizer que a reconciliação é o fruto bom de todo ato penitencial, e “o resultado do caminho de conversão é também o restabelecimento da plena comunhão eclesial, que se exprime no abeirar-se novamente da Eucaristia.” (SC, n. 20).

Toda oração, penitência ou boa obra ao mirar no horizonte da reconciliação e da redenção da pessoa humana, gera íntima comunhão com aquele que sofre com nossa indiferença, e que se alegra imensamente com a nossa amizade (Jo 15, 15). Assim, o Sacramento da caridade, ágape  de Deus que vem corporalmente a nós, atraia-nos todos a si e continue a sua ação em nós e através de nós (SC, n. 5). Que neste itinerário quaresmal dediquemos tempo à oração, à penitência e às boas obras, fortalecendo neste Ano santo da Esperança, o vigor da nossa piedade e caridade cristã.

Fecunda e Santa Quaresma a todos!

 

Leandro Aleixo da Silva – Seminarista Diocesano

 

TEXTO PARA DOWNLOAND: Quaresma, penitência e reconciliação

Citações

¹ O vosso coração de pedra · Cantos do Hinário Litúrgico da CNBB Liturgia, Vol.10

² “Volta-te para mim, Senhor, livra a minha alma”. Convertendo-se, a alma pede a Deus que também se volte para ela, conforme se diz: “Retornai a mim — oráculo do Senhor — e eu retornarei a vós” (Zc 1,3). A locução “volta-te, Senhor”, acaso deve ser entendida como: Faze com que me volte, porque sente dificuldade e luta na própria conversão? Pois, nossa perfeita conversão encontra a Deus sempre pronto, conforme diz o profeta: “Certa, como a aurora, é sua vinda” (Os 6,3ss). A causa de o perdermos não está na ausência daquele que se acha presente em todo lugar, e sim em nosso afastamento dele. “Ele estava no mundo e o mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não o conheceu” (Jo 1,10). Se estava neste mundo e o mundo não o conheceu, foi porque nossa impureza não suporta a sua presença. Quando, porém, nos voltamos para ele, quando remodelamos nosso espírito, mudando de vida, percebemos ser duro e laborioso retornar das trevas das concupiscências terrenas à serenidade e tranquilidade divina. E em tal dificuldade dizemos: “Volta-te, Senhor”, ajuda-nos a completar nossa conversão, que te encontras preparado e disposto a oferecer-te aos que te amam, para sua fruição. (Comentário ao Salmo 6 – Santo Agostinho)

³ Hino da Campanha da Fraternidade 2021 e Repertório Quaresmal – Ano B. Vosso Jejum,

Esmola e Oração · Edições CNBB · Pe. Wallison Rodrigues · Fr. Zilmar Augusto · Jennyfhem Mendonça

  • ANCONA, 2013, p. 262-269
  • “Comovido por tanto sofrimento, Cristo não só Se deixa tocar pelos doentes, como também faz suas as misérias deles: «Tomou sobre Si as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças» (Mt 8, 17) (111). Ele não curou todos os doentes. As curas que fazia eram sinais da vinda do Reino de Deus. Anunciavam uma cura mais radical: a vitória sobre o pecado e sobre a morte, mediante a sua Páscoa. Na cruz, Cristo tomou sobre Si todo o peso do mal (112) e tirou «o pecado do mundo» (Jo 1, 29), do qual a doença não é mais que uma consequência. Pela sua paixão e morte na cruz. Cristo deu novo sentido ao sofrimento: desde então este pode configurar-nos com Ele e unir-nos à sua paixão redentora.” (C. Ig. C, n. 1505)
  • […] Isto se chama exame de consciência: sentir no coração o que aconteceu nesta guerra interior e como me defendi do espírito do mundo que me conduz à vaidade, às coisas reles, aos vícios, à soberba, a tudo isto». Por conseguinte, «como me defendi das tentações concretas?». Devemos «identificar as tentações». «Temos que fazer isto como oração, antes de ir para a cama hoje: quais sentimentos tive. Identificar qual é o espírito que me impele àquele sentimento, que me inspirou àquele sentimento: é o espírito do mundo ou o espírito de Deus?».Ao fazer este exame de consciência, esta prece noturna, afirmou o Pontífice «muitas vezes, se formos honestos, descobriremos que “hoje fui invejoso, cobicei, cometi isto”». «Este é o espírito do mundo». Mas, insistiu Francisco, é oportuno «identificar» estes sentimentos «porque é verdade: todos trazemos dentro de nós esta luta, mas se não compreendermos como funcionam estes dois espíritos, como agem, não conseguiremos ir em frente com o espírito de Deus que nos leva a conhecer o pensamento de Cristo, o sentido de Cristo». (PAPA FRANCISCO, meditações matutinas na Santa Missa celebrada na capela da Casa Santa Marta. Exame de consciência, 4 de setembro de 2018)
  • “A tensão permanente da Igreja para o cumprimento parusíaco, a constante abertura ao além do Reino de Deus motivam também a sua prática escatológica. Ela partilha a esperança no cumprimento futuro com a totalidade dos homens e no espaço universal da história. O seu caminho não é solitário, mas é percorrido junto com os que almejam a plenitude da própria vida, da própria história e do próprio mundo. Por isso, a Igreja se envolve na existência dos que são oprimidos e dos que sofrem, ela se torna solidária com os homens de todos os tempos, raças, culturas, religiões (cf. Gaudium et spes, 1). A missão da Igreja, na sua constante abertura ao futuro, é trabalhar em favor da esperança, por meio de escolhas de humanização da história. Nesse sentido, ela se empenha em favor de todos os projetos que antecipam a plenitude do humano, da história e do mundo, de todos aqueles projetos que levam em conta a promoção da dignidade humana, da justiça, em todos os seus níveis, da paz e da salvaguarda da criação, a fim de orientar tudo ao Cristo, salvação da humanidade e recapitulação universal.” (ANCONA, 2013, p. 268)

8“Tudo o que de bom o povo de Deus pode oferecer a família humana, no tempo da sua peregrinação terrena, surge do fato de que a Igreja é ‘o universal sacramento de salvação’, que revela e, ao mesmo tempo, realiza junto o mistério do amor de Deus pelo homem.” (Gaudium et spes, n.45)

Referências bibliográficas

ANCONA, Giovanni. Escatologia cristã. São Paulo: Edições Loyola, 2013.

BENTO XVI, Papa. Carta Encíclica Deus Caritas Est. São Paulo: Paulus; Loyola, 2006.

________. Sacramentum Caritatis. São Paulo: Paulinas, 2007.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. 8ª impressão. São Paulo: Paulus, 2012.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 19ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo:

Paulinas, Loyola, Ave-Maria, Paulus; Brasília: CNBB, 2017.

CONSTITUIÇÃO PASTORAL GAUDIUM ET SPES. Documentos do Concílio

Ecumênico Vaticano II. São Paulo: Paulus, 1997.

DECRETO AD GENTES.  Compêndio do Vaticano II. 29. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

FRANCISCO, Papa. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Vaticano: 2013. In: www.vatican.va.

________. Fratelli Tutti: sobre a fraternidade e a amizade social. São Paulo: Paulus, 2020.

MISSAL ROMANO. Edições CNBB

Ritual da Unção dos Enfermos e sua Assistência Pastoral, Paulus Editora, 2000.

Texto-Base da Campanha da Fraternidade 2025, Paulus Editora, 2024.

 

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