Maria Eliene Fugencio Lima, 60 anos, tem uma grande devoção à Nossa Senhora e um profundo testemunho de fé. Quando criança trazia rosas para enfeitar o altar dedicado à Maria, devoção ainda inocente. “Não aspirava grandes coisas, apenas alegrar a Virgem Santíssima com a beleza das flores”, ela conta. O zelo foi herdado da mãe, que a cada mês de maio preparava um altar, rezava o Santo Terço e o tradicional novenário que, hoje, garante saber “de cor”.
Mas a devoção inocente cresceu ao ponto de Eliene tomar o branco como vestimenta. E isso foi há mais de 25 anos, no ano de 1991. No auge de sua carreira, havendo já concluído o curso de Direito e tendo um bom emprego, começou a desenvolver um problema raro na visão. “Estava no topo das minhas realizações financeiras”, diz.
Viajando a Fortaleza conseguiu realizar a cirurgia. Apesar da pouca esperança, tudo foi um sucesso. Um mês depois, no entanto, voltou a ter problemas e perdeu parte da visão.
De volta à capital, recebeu o diagnóstico de que não havia mais o que ser feito – segundo a medicina. Desconsolada, andando com a mãe pelas ruas, deparou-se com a “Rua 13 de Maio”, em frente à Igreja de Nossa Senhora de Fátima. “Mulher, tu estás em frente à Igreja, pede uma graça que tu vais alcançar”, a mãe sugeriu.
Ao entrar na Igreja, mesmo com a visão muito prejudicada, ainda olhou para o Santuário, “mas via nada, nem humanamente falando, nem com os olhos da fé”. A mãe, por sua vez, havia falado com tanto fervor, que ela resolveu rezar. Foi quando fez a promessa: “A partir do dia que eu voltar a enxergar, vou doar minhas roupas e só usarei branco”. Na hora, aquilo parecia impossível. “Eu não confiei muito, não gostava de branco, minhas roupas eram muito coloridas, eu era muito dondoca”, lembra.
No final de dezembro daquele mesmo ano, para seu espanto, voltou a enxergar e teve de cumprir a promessa. “Hoje, vejo que Nossa Senhora talvez nem precisasse que eu vestisse branco, mas eu preciso da fidelidade, hoje eu tenho como fidelidade. A minha fé é maior que o branco, às vezes as pessoas questionam se é uma troca ou uma condição, eu respondo: não!”.
Quando questionada sobre o porquê da escolha de usar branco, ela responde: “Na época eu fiz a titulo de sacrifício. Eu não gostava de branco, eu me sujava muito, as roupas brancas pra mim não tinham muito sentindo. Hoje, visto branco, me identifico e é uma forma de demonstrar meu amor e fidelidade a Nossa Senhora. No meu guarda roupa não vejo mais outra cor”, garante, satisfeita.

Eliene diz ainda ser agraciada e que se sente muito feliz por ter a Mãe de Deus como intercessora fiel. Atualmente, é ministra extraordinária da Comunhão Eucarística, ajuda na Catequese de sua comunidade e ainda é uma das fundadoras da associação “Amigos do Seminário”.
A simbologia do branco para a Igreja
Fiéis católicos de várias localidades consagram o mês de maio a Nossa Senhora, usando branco durante os 31 dias como forma de agradecimento às graças concedidas por Deus, por meio da Imaculada.
Para explicar esse gesto, a reportagem conversou com o Padre Antônio Romão (Padre Toninho), vigário paroquial da Basílica Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte. De acordo com ele, usar branco é uma forma de externar a fé e honrar Nossa Senhora, fazendo memória de sua pureza e simplicidade.
“Eu entendo o branco como mais que uma promessa. As pessoas usam branco todo mês de maio não apenas por ter recebido uma graça. Na verdade, é mais como um ato de honrar a Mãe de Deus”, explica.
Ainda segundo o padre, a cor é um movimento interno e externo. Um ato interior de penitência e sacrifício que se externa e traz a conversão ao devoto. “É muito importante que haja os dois lados, o externo e o interno, para que não fique apenas por aparência”, orienta o padre.
A tradição de usar branco em maio faz parte da piedade popular, muito presente na região do Cariri. Não existe, na verdade, nenhum documento que fale propriamente sobre o uso dessa cor, mas a Igreja alimenta e é a favor da piedade popular.
“Além de belo, é uma forma que muitos encontram de louvar a Maria e de ser fiel Àquela que nas horas de agonia nunca desampara um filho seu”, finaliza o padre.
Por: Lalesca Macedo/colaboradora





