Com o altar totalmente despido de qualquer adorno, nem mesmo castiçais, tampouco toalhas, a solene liturgia desta Sexta-feira Santa, dia 14, recorda a Paixão de Nosso Senhor, momento em que, do alto da Cruz, Ele “se entregou por nossos pecados, para nos libertar da perversidade do mundo” (Gl 1, 4).
Na Igreja Catedral de Nossa Senhora da Penha, em Crato, a celebração aconteceu por volta das três horas da tarde, presidida por Dom Gilberto Pastana (bispo diocesano), concelebrado por monsenhor Edimilson Neves (bispo eleito de Tianguá) e padre José Vicente Pinto (cura da Catedral) que, revestidos de paramentos vermelhos, dirigiram-se ao altar e, após reverência, prostram-se ao chão, enquanto os fiéis rezavam, em silêncio. A celebração constou de três partes: liturgia da palavra, adoração da cruz e sagrada comunhão.
A sexta-feira Santa é o único dia na Igreja em que não é celebrada a Santa Missa, apenas um rito sóbrio, mas de uma intensa espiritualidade da morte do Senhor. Tanto que o Evangelho foi solenemente cantado por dois seminaristas, acompanhados pelo Coral SCAC (da Sociedade de Cultura Artística do Crato), retirado do evangelista João (Jo 18,1-19,42). Na homilia, dom Gilberto refletiu sobre a atualidade da Paixão de Jesus, que “continua a morrer no meio de nós”, questionando os fiéis: “O que temos nós desses personagens [que aparecem no Evangelho]? Como multiplicamos esses personagens na sociedade?”.

Silêncio e reflexão
Um dos principais momentos da Sexta-feira Santa é o “Beijo da Cruz”, quando os féis, num ato de adoração e contrição, se dirigem até a imagem de Jesus crucificado, beijando-lhe as mãos, braços, pés e o lado aberto pela lança.
É costume, também, neste dia, cobrir as imagens dos santos e colocar um véu escuro no altar para dizer que toda a Igreja, enlutada, chora a morte de Cristo, exortando todo o povo a observar alguns sinais de penitência, em respeito e veneração.
Para o músico Francisco Soares, a liturgia desta sexta foi um momento de compreensão das atitudes e das provas de Caridade deixadas por Cristo para com os seus irmãos na terra. “Esta data chega simplesmente pra nos mostrar até onde a solidariedade pode levar e transformar a vida das pessoas. Talvez se o coração humano valorizasse mais e tratasse os dias rotineiros como trata o dia da Paixão de Cristo, o Natal, tudo seria diferente na sociedade”, considerou.

Ao final da celebração, os fiéis, junto ao bispo e padres, seguiram em procissão até o Seminário. Depois, retornaram à Catedral acompanhando a imagem do Senhor Morto.
Durante todo o Sábado Santo não há celebração, apenas silêncio em que a Igreja medita e reflete Cristo morto, até a Vigília Pascal, quando celebra-se a vitória de Jesus sobre a morte, concluindo, assim, Tríduo Pascal. Na Catedral de Crato, essa celebração acontecerá às 22h.





