O Espiritismo é cristão?

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“Grassando em nossa época gravíssimos erros que ameaçam inverter profundamente a religião, este Concílio exorta de coração todos os leigos que assumam mais conscientemente suas responsabilidades na defesa dos princípios cristãos.”

(Concílio Vaticano II, Apostolicam Actuositatem, 6)

O povo brasileiro, de forma maciçamente católico, por tantos sofrimentos e carências, e porque não possui uma boa formação sólida acerca da sua profissão de fé, se deixa enganar facilmente por parte de muitos pregadores de outras religiões (boa parte destas são seitas) que deturpam a palavra de Deus e aos ensinamentos de Cristo, e acabam muitas das vezes, deixando a Igreja Católica em busca de promessas e soluções fáceis para as suas vidas.

Conta-se a história que, certa vez, Napoleão Bonaparte respondeu a um dos seus soldados, que lhe sugeriu criar uma religião e este lhe respondeu: “Meu filho, para alguém fundar uma religião é preciso duas coisas: primeiro, morrer numa cruz; segundo, ressuscitar. A primeira eu não quero; a segunda eu não posso”. Desde que o trigo do evangelho fora semeado nos corações dos homens pelo nosso divino Salvador Jesus Cristo, o maligno sempre tentará nos desviar da Verdade que é somente Cristo, usando assim de falsas promessas e de falsas religiões, no intuito de nos afastar da verdadeira Redenção.

Desde o Antigo Testamento, Deus alertava vivamente o seu povo para abster-se de falsos profetas. É diante dos falsos profetas e de seus embustes que Deus prova o seu povo, pois estes devem ter uma fé viva no Deus vivo. Sempre houve e sempre haverá falsos profetas que tentarão enganar o povo com falsos ensinamentos movidos por palavras cheias de astúcias e de segundas intenções. Jesus já chamara a atenção de seus discípulos acerca de lobos revestidos em pele de ovelhas. Essa é a grande arma daqueles que buscam desviar os discípulos de Cristo com falsos caminhos e com falsas palavras.

São Pedro nos alertara contra estes falsos anunciadores com as seguintes palavras: “Assim como houve entre o povo falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos doutores, que introduzirão disfarçadamente seitas perniciosas. Eles, renegando assim o Senhor que os resgatou, atrairão sobre si uma ruína repentina. Muitos os seguirão nas suas desordens e serão desse modo a causa de o caminho da verdade ser caluniado. Movido por cobiça, eles vos hão de explorar por palavras cheias de astúcia. Há muito tempo a condenação os ameaça, e a sua ruína não dorme” (2Pd 2, 1-3). Assim o afirma também o evangelho de Mateus: “Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores” (7, 15).

Em virtude destes ensinamentos errôneos, destacamos aqui a doutrina do Espiritismo. Esta doutrina nascera no ano de 1848, na cidade de Hydesvile (Nova Iorque), EUA, onde certa noite, o pastor protestante Jon Fox, sua esposa e as duas filhas, Margarida e Catarina, estavam a conversar em sua residência sobre estranhos fenômenos de assombração. Catarina, então, produzira estalos com os dedos, onde estes eram repetidos por alguém ou por alguma coisa estranha a eles. Por sua vez, Margarida produziu estalos e estes vieram a fazer ecos na casa. Todos que estavam na casa ficaram apavorados e, por sua vez, a Sra. Fox fizera a seguinte pergunta: “É homem ou mulher que está batendo?”, mas não conseguira obter resposta. Insistira então com outra pergunta: “É espírito? Se é espírito bata duas vezes”. Logo após a sua pergunta, produziram-se duas breves pancadas. Concluíram que de fato um espírito “desencarnado” desejava fazer comunicação com a família.

As duas irmãs Fox, tidas como “médiuns”, confessaram posteriormente que recorreram a falsos truques e fraudes para produzir as pancadas que a mãe, muito crédula, atribuira a um espírito do além. Apesar dessa prática tão fraudulenta e permeada por erros doutrinais, ela acabara se espalhando rapidamente pelos Estados Unidos, Canadá e México, onde atravessara o Atlântico, chegando à Escócia e à Inglaterra. Em 1854, na França, Léon-Hippolyte-Denizart-Rivail (Allan Kardec) codificou a doutrina espírita em diversas obras muita divulgada no Brasil e que fizera muito sucesso.

O espiritismo kardecista costuma professar os seguintes pontos:

  • O homem se compõe de alma ou espírito, dotado de inteligência, vontade e consciência moral. A alma se acha encarnada num corpo, que vem a ser “o alambique no qual o espírito tem que entrar para se purificar”. Existe também o perispírito, envoltório fluido, leve, imponderável, que serve de intermediário entre o espírito e o corpo.
  • Jesus Cristo não passa de um espírito muito evoluído através das suas sucessivas reencarnações. Deus enviara o espírito de Jesus Cristo a esta terra não propriamente para que se purificasse, mas para que ensinasse aos homens pouco evoluídos o caminho do bem e do amor, na qualidade de Divino Missionário de Deus. Para os espíritas, Jesus foi o maior enviado de Deus, e somente nesse sentido pode ser considerado Deus. Desta forma, Ele se tornara o “Governador” dos espíritos que buscam atingir a perfeição.
  • Por ultimo, a salvação não vem de Deus, mas do esforço de cada um que procura se purificar do “pecado original”, ou seja, dos pecados cometidos em encarnações anteriores. Uma vez libertos destes pecados por via de várias reencarnações, o individuo pode assim gozar da felicidade no Reino dos Céus. Os espíritas negam totalmente o conceito bíblico do inferno.

Segundo a Federação Espírita do Brasil, o “espiritismo é o conjunto de princípios e de leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec que constituem a Codificação Espírita“. A revelação é por eles obtida pela invocação dos mortos, cujos espíritos seriam aqueles mencionados na definição. Esta é só a primeira das muitas incompatibilidades existentes entre o espiritismo e o cristianismo.

Com estes ensinamentos errôneos, o espiritismo nega a necessidade da Encarnação do Verbo de Deus para a salvação dos homens, diferentemente da doutrina cristã que afirma que Deus enviou o seu Filho ao mundo para que o seu sangue nos purifique de todos os nossos pecados (IJo 1, 7).  Deus vocaciona o homem para estar junto de si, sem a necessidade de reencarnar-se, pois Deus cria salvando suas criaturas. Ele concede ao homem a honra de viver em relação com Ele, e de participar da sua glória. Sinal disto, podemos encontrar nas Escrituras Sagradas uma multiplicidade de fenômenos de acordo com os quais Deus se revela: teofonias, algelofonias, cristofanias, sonhos, explanação de eventos, interpretação de texto, narração e parábolas, diálogos, etc. o Deus vivo se mostra a si mesmo e se oferece à experiência a cada passo com realidade concretamente presente em seu ser divino enquanto poder criativo, dirigente, julgado e redentor. Deus assume o homem com todas as suas limitações.

Muitas das passagens bíblicas comprovam a proibição por parte de Deus acerca de consultar os mortos: “Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo ou à invocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa de diante de ti essas nações.” (Dt 18, 11-13).

Por “adivinhos”, podemos entender como todas as formas de se buscar o conhecimento do futuro, das realidades ocultas, como até mesmo a invocação dos mortos (necromancia), a leitura das mãos (quiromancia), a astrologia, os búzios, cartomantes, consultas aos cristais, tarôs, numerologia, etc. Devemos estar atentos que somente Cristo é a nossa salvação verdadeira, foi por meio dele que Deus redimiu a humanidade. Somente Cristo salva o homem de todo o seu pecado, somente Ele é o nosso caminho, a nossa verdade e a nossa vida. São Paulo já nos alertara acerca disto na sua carta aos Romanos: “Se pelo pecado de um só homem reinou a morte (por esse único homem), muito mais aqueles que receberam a abundância da graça e o dom da justiça reinarão na vida por um só, que é Jesus Cristo” (5, 17).

O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar. Por isso o homem tem a necessidade de ser iluminado pela revelação de Deus, e não na necessidade de reencarnar e passar por vários estágios em sua vida, pois como bem afirmara  São Paulo aos Romanos: “[…] Pois ninguém de vós vive e ninguém morre para si mesmo, porque se vivemos é para o Senhor que vivemos, e se morremos é para o Senhor que morremos […].” (14, 7-8).

O livro do Levítico traz esta mesma condenação acerca destas consultas aos mortos: “Não vos dirijais aos necromantes, nem aos adivinhos: não os consulteis, para que não sejais contaminados por eles. Eu sou o Senhor, vosso Deus.” (19, 31). Este tipo de contato é muito perigo para todos os cristãos que professam a sua fé em um único Deus e Salvador, Jesus Cristo, Filho de Deus. Por se tratar de um “pecado grave”, ter contato com este tipo de prática pode tornar o indivíduo sujeito ao mundo tenebroso dos demônios, tentando desta forma nos distanciar dos ensinamentos da Igreja de Cristo que é sinal de salvação para o mundo inteiro (Mt 16, 18). A aproximação com este tipo de prática pode causar um “esfriamento espiritual”, levando a afastar-se dos sacramentos, da vida de oração e da vida em comunidade, causando assim uma “morte espiritual”.

O demônio sabe se transfigurar por um anjo de luz (IICor 11, 14), justamente no intuito de enganar o homem e desviá-lo do caminho de Deus. Os católicos que se dão a estes tipos de práticas devem imediatamente deixá-las e buscar a confissão o mais de pressa possível. O Catecismo da Igreja (n. 2116) afirma que estas práticas contradizem a honra e o respeito, que unidos ao amoroso temor, devem ser exclusivamente a Deus. O uso de amuletos também é repreensível (n. 2117).

O espiritismo é uma prática que leva o homem a distanciar-se ainda mais de Deus. A nossa fé deve ser fundamentada na pessoa de Cristo Jesus, esperança e alegria de todos os homens. É preciso entender aquilo que professamos. A fé cristã é uma fé-esperança em um Deus que se despoja totalmente de sua glória em busca de regastar o homem dos seus pecados. Deus visitou o mundo por meio de seu Filho. A fé é de fato um presente da graça divina, mas simultaneamente é um ato de responsabilidade humana, isto é, é livre e racional.

Não pretendemos aqui condenar as pessoas que praticam este tipo de doutrina, mas a nossa pretensão é de abrir os olhos da fé e do coração para que assim a Verdade, que é Cristo Jesus, possa se fazer presente em suas vidas, pois somente quem “pratica a verdade alcança a luz” (Jo 3, 21).

O espiritismo nega pelo menos 40 verdades da fé cristã, dentre estas destacamos algumas delas:

  1. Nega o mistério, e ensina que tudo pode ser compreendido e explicado.
  2. Nega a eficácia do batismo.
  3. Nega a inspiração divina da bíblia.
  4. Nega o milagre.
  5. Nega a autoridade do Magistério da Igreja.
  6. Nega a Infabilidade Papal.
  7. Nega a instituição divina da Igreja,
  8. Nega a suficiência da Revelação.
  9. Nega o mistério da Santíssima Trindade.
  10. Nega a existência de um Deus pessoal e distinto do mundo.
  11. Nega a liberdade de Deus.
  12. Nega a criação a partir do nada.
  13. Nega a criação da alma humana por Deus.
  14. Nega a criação do corpo humano.
  15. Nega a união substancial do corpo e da alma.
  16. Nega a espiritualidade da alma.
  17. Nega a existência dos anjos, como também os demônios.
  18. Nega a divindade de Jesus.
  19. Nega o pecado original.
  20. Nega a graça divina.
  21. Nega o valor dos Sacramentos.
  22. Nega o valor da Confissão.
  23. Nega a indissolubilidade do Matrimônio.
  24. Nega o juízo particular depois da morte.
  25. Nega a ressurreição da carne.
  26. Nega o juízo final.

Referências Bibliográficas:

AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de. Falsas Doutrinas: seitas e religiões. 15ª ed. Lorena: Cléofas, 2012.

Bíblia Ave Maria

Catecismo da Igreja Católica

Por  Adolfo Lima, Seminarista da Diocese de Crato

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