O seminarista Leonys Cristyan de Macedo dos Anjos não contava uma caminhada expressiva e engajada na Igreja até que, aos quinze anos, começou a participar de um grupo de música, inspirado por amigos e pela professora Amanda Bacelar (in memoriam). Os ensaios o aproximaram do serviço e da vida pastoral da Paróquia São José, em Missão Velha. Foi em meio ao canto, ambiente não muito comum, que sentiu sua partitura tender às águas profundas. A harmonia produzida por ela, no entanto, ainda não era suficiente. Quis ofertar mais.
As visitas missionárias, que abre portas e corações, e a ânsia do povo pela presença de um padre foram clarificando a vocação do seminarista Francisco Vital de Oliveira Filho, na Paróquia São Vicente, em Lavras da Mangabeira.
No florescimento da juventude, na Paróquia Santo Antônio, em Barro, o seminarista Ailton Bento Ararura sentia algo que o convidava a entender a sua fé. A busca foi crescendo e ele percebeu que não se tratava apenas de entender, mas de sentir, de se doar.
Era três de fevereiro de dois mil e doze quando essas histórias se cruzaram no supro suave da terra dos Verdes Canaviais, como é chamada a cidade de Barbalha, onde à época funcionava o Seminário Propedêutico e onde os três seminaristas deram o primeiro passo que mudaria, para sempre, as suas vidas. Foram nove anos de formação humana, espiritual e intelectual; anos de autoconhecimento, de convivência comunitária no Seminário Maior, em Crato, e no Seminário de Quixadá, no Sertão Central, seguido da “Síntese Vocacional”. Viram irmãos de caminhada seguirem outras vias, mas permaneceram juntos, unidos por um desejo comum.
<< Da esquerda para a direita: neo-diáconos Leonys Cristyan, 28 anos, Francisco Vital, 31 anos, e Ailton Araruna, 29 anos >>
No dia três de fevereiro de 2021, nove anos depois, maduros na fé e dispostos a conformar a vida à vida de Cristo servidor de todos, eles foram admitidos à Ordem Diaconal para se dedicarem ao serviço da caridade, da pregação e do altar, num rito permeado de gestos e símbolos, cujo ápice é a imposição das mãos e a oração realizada pelo bispo, durante a qual é pedido a Deus que os consagrem e os ordenem como diáconos, enviando sobre eles os dons do Espírito Santo a fim de que possam exercer com fidelidade o ministério, na preparação ao sacerdócio. Podem, desse modo, assistir ao bispo e aos padres nas celebrações, proclamar o Evangelho, assistir matrimônios, administrar batizados, conservar e distribuir a Eucaristia e conceder bênçãos, como a do Santíssimo Sacramento. 
“Até aqui o Senhor nos ajudou” (1 Samuel 7, 12)
O Coral Vozes da Penha deu tom à cerimônia solene na qual os seminaristas Ailton, Vital e Leonys foram admitidos à Ordem Diaconal no início da noite desta quarta (3), na Sé Catedral de Nossa Senhora da Penha, em Crato, ornada de flores e da alegria fraterna pela chegada de mais operários para a Messe do Senhor.
Em razão da pandemia, apenas o clero e familiares próximos dos neo-diáconos participaram da missa, presidida pelo bispo diocesano Dom Gilberto Pastana. O povo de Deus acompanhou, a partir de casa, unido espiritualmente pelas transmissões das redes sociais da diocese e pelos canais da TV Catedral, da TV Web Mãe das Dores no YouTube e da Rádio Educadora do Cariri.
<< Foto 3: momento em que os eleitos se prostram em sinal de entrega total a Deus, enquanto é entoada pela assembleia a Ladainha de Todos os Santos >>
“Servir é sempre estar pronto a dizer: ‘Eis-me aqui’. Os sacramentos não são para nossa glorificação, mas para cumprir o que o senhor ensinou. O sacramento da ordem, nos três graus, é o sacramento do serviço. Consumir minha vida nesta entrega e doação”, exortou o bispo aos novos diáconos.
Da assembleia, representando quantos da Paróquia Santo Antônio – Santuário Diocesano da Divina Misericórdia, em Barro, gostariam de presenciar este momento, Joelinton Rolim bendizia a Deus por este momento de graça. “Ver Ailton ordenado diácono representa todo fruto de uma caminhada vocacional e, sobretudo, fruto da nossa comunidade paroquial que gestou esse fruto e hoje oferece à Igreja. Pra gente, é uma alegria imensa estar aqui”.
<< Foto 2: Dom Gilberto agradecendo aos familiares dos neo-diáconos pela oferta generosa de seus filhos à Igreja de Crato >>
Da Paróquia São Francisco de Assis, em Brejo Santo, onde o neo-diácono Leonys viveu a sua Síntese Vocacional, Francisco Oliveira partilhou da mesma alegria: “É muita gratidão estar aqui, neste dia. Esse tempo foi um aprendizado para todos nós. Leonys foi um bom seminarista e, se Deus quiser, também será um bom diácono para a Igreja de Deus, em preparação ao sacerdócio”.
A gratidão de vivenciar este momento também estava no coração de Filipe Mesquita, da Paróquia São José Operário, em Ponta da Serra, distrito de Crato: “Vital é uma pessoa muito humilde. Além de procurar viver as virtudes evangélicas, como o amor ao próximo, anuncia o Reino de Deus em seu comportamento e na sua maneira de viver. Para nós, enquanto comunidade pastoral, é uma alegria muito grande”.
Enviados à missão
O termo diácono vem do grego e significa “servo, servidor, ajudante”. A diaconia ou o diaconato é um serviço de assistência. No Novo Testamento é usado para indicar que o ministério e a missão da Igreja são para o serviço da comunidade, conforme Ato dos Apóstolos (1, 17-25) e as cartas de São Paulo aos Romanos (11, 13) e a Timóteo (1, 12). Na Igreja de Crato, essa função é confiada para atender às diversas necessidades pastorais, principalmente neste novo tempo marcado por celebrações e outros atos litúrgicos limitados a 50% da capacidade dos templos, distanciamento social e reuniões virtuais.

Veja a galeria completa: https://diocesedecrato.org/ordenacao-diaconal-fevereiro-2021/
Reportagem: Patrícia Mirelly/Assessoria de Comunicação
Fotos: Mychelle Santos/ Assessoria de Comunicação













