Não assisti ao desfile em que a ESCOLA UNIDOS DE VILA MARIA homenageou Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, na madrugada deste sábado de Carnaval, dia 25, durante os desfiles em São Paulo. Mas nas primeiras horas do dia já vejo a repercussão de forma positiva e alegre.

Ao longo da semana, sobretudo no dia de ontem, vi diversas críticas a este respeito. Disseram que a imagem de Nossa Senhora e a devoção do povo estariam sendo profanados.

A Igreja foi consultada previamente para apresentar o seu parecer e, por conseguinte, salvaguardar a religiosidade e a fé do povo.

Não sou daqueles que acompanham os desfiles de carnaval. Carnaval para mim, sempre foi um momento dedicado ao descanso e ao convívio da família. Lá em casa sempre foi assim.

Mas, como padre que sou, respiro os novos ares que o Espírito Santo permite. Ele que se fez sopro nas narinas de Adão, dando-lhe vida (Gênesis) e também em Pentecostes, concedendo vida à Igreja (Evangelho de João e Atos dos Apóstolos), agora introduz um novo hálito nos ditames de nossas comunidades eclesiais.

Que bom que a hierarquia de nossa Igreja foi consultada sobre este desfile. O Arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Scherer, juntamente com os padres Redentoristas (Aparecida-SP), apresentaram pertinentes colocações, a fim de que a imagem da Mãe de Deus estivesse num desfile sem ser banalizada ou profanada.

A Igreja esteve atenta a tudo isto. Pediu que houvesse a troca de uma palavra na letra do samba-enredo. Os autores do referido sambam, acharam que estariam elogiando Nossa Senhora quando disseram que ela seria “ADORADA”. A Igreja, como mãe e mestra, pediu que colocassem a palavra “VENERADA”.

Nas igrejas, no coração e mente das pessoas, tampouco num desfile de samba, Maria nunca quiser ser adorada. Nossos bispos acertaram com este pedido. A escola acertou acolhendo esta catequese.

Foi pedido também que não houvesse nenhum tipo de apelo ao sexo. Sabemos que é de praxe nos desfiles de carnaval, inúmeras apologias ao erotismo. Nossa Senhora, preservada do pecado e da morte, foi também preservada deste tipo de situação e exposição.

O salmista pede para sustentar com arte o louvor destinado a Deus (Salmo 32). Acredito que os artistas do desfile souberam apresentar sua arte como oferta digna a Deus, por meio de sua Santa Mãe.

Recordando os 300 anos da aparição da imagem pequenina de Maria, nas águas do Rio Paraíba, hoje pudemos também atender o constante apelo do nosso Papa Francisco: “que sejamos uma ‘igreja em constante saída’”. Pois é! Estamos saindo… Saímos tanto que fomos parar numa avenida!

Ir ao povo, com Maria, por Cristo, nosso Senhor! Amém!