Minha experiência com Maria #ep7: “Meu marido e eu fomos salvos do corredor da morte”

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“Este é Mauriti, terra da Imaculada Conceição. Sob a proteção desta Mãe, vive nosso povo. Canta, louva e ora nossa gente!”.

Sintonia de fé há entre nosso município e nosso país. Fincado o enorme cruzeiro para a celebração da primeira Missa em solo brasileiro, efetivando-se assim nossa religião Católica Apostólica Romana, isso lá na Bahia. Aqui, também, aconteceu o milagre da nossa fé. Um respeitável cidadão, proprietário deste abençoado quinhão de terra, o capitão Miguel Dantas, ou capitão Miguelzinho, carinhosamente cognominado, de influente e renomada família local, tendo como esposa Cordulina de Couto Cartaxo, também de família tradicional, foram surpreendidos por uma violenta epidemia que se alastrava pelo mundo: a cólera.

O nosso capitão Miguel Dantas foi contaminado por este mal. Ardendo em febre, no delírio e na lucidez, seguido pela esposa, clamaram pela Imaculada Conceição, que não os deixasse perecer e, se curados fossem, doariam vasto terreno para a construção da capela em favor da Imaculada Conceição, pela graça alcançada. Assim surgiu o povoado “Buriti Grande”, até que fato histórico-religioso se deu de modo solene e inaugural na capela Imaculada Conceição, com o Batizado de sua filha, Carolina, e mais outras crianças.

A elevação da Paróquia, com o soerguimento da nossa belíssima e suntuosa Matriz, verdadeira obra arquitetônica sacra, pelo então pároco, Padre José Alves de Macêdo, e seus fiéis ajudantes. “Leonardo da Vinci” de nossa fé, homem simples, trabalhador, competente, austero, perseverante, destemido, com o apoio e total ajuda de seus paroquianos, colaborando de coração para a Igreja Matriz. Padre Macêdo era Padre de muitos ofícios, inteligente de muitas habilidades: carpinteiro, arquiteto, mestre, pedreiro, conhecedor profundo da Matemática e da Física, haja vista a beleza suntuosa e imponente da Igreja Matriz que nos representa e envaidece de orgulho e benfazejo: perfeita!

O desabrochar da devoção à Imaculada Conceição aconteceu de modo plenamente Eucarístico com a celebração da primeira Santa Missa, por Padre Mota, vindo de Fortaleza a convite do Capitão Miguelzinho, quando os festejos religiosos da padroeira e dos santos de devoção de seus habitantes foram oficialmente tradicionalizados.

Dentre essas, destaca-se a devoção mariana no mês de maio, a qual une os paroquianos de longe e de perto por um só sentimento de amor Àquela que envolve a todos nas dobras de seu azul manto. Qual o azul do céu está sobre a nossa terra, assim está, também, o manto de nossa excelsa padroeira. O alvorecer no mês maio na nossa terra traz consigo a nostalgia dos tempos que já se foram, mas a alegria por estarmos com uma fé viva, intacta, que se renova e se reacende a cada geração. Pela manhã, despertamo-nos com o repicar dos sinos meia hora antes da Santa Missa que, tradicionalmente, acontece às 6h. Em seguida, as canções marianas tocadas na torre da Matriz, no silêncio da aurora, ecoam anunciando esse tempo festivo. A rua começa a movimentar-se e não é difícil identificar um devoto da Virgem Maria, pois estão sempre usando roupas brancas, um costume para todo o mês.

Em outros tempos, quando ainda não existia a pandemia no mundo, a imagem da Virgem de Fátima, de feição bela e amável, visitava as famílias da cidade no período da manhã. À noite, retornava à Matriz para a celebração da novena e, logo depois do exercício, saía novamente. Pelas ruas da cidade, a multidão acompanhava o andor da Imagem entoando harmoniosos hinos devocionais. A cada dia, um belíssimo altar era erguido nas ruas para a coroação da imagem. Enche-nos de saudade recordar cada momento. E, no dia 31 de maio, uníamos todos para a grandiosa coroação da Imaculada Conceição, cuja imagem, ornada de majestade e beleza, era posta em um suntuoso altar de metros de altura, cheio de luzes, flores e anjos multicores, qual no céu, onde a Virgem, coroada, resplandece “mais que o sol formosa”. No topo do altar era posta a imagem, vistosa, a ser coroada pelas mãos de uma criança vestida de anjo, ao passo que cantávamos e louvávamos a sua Imaculada Conceição. Inúmeros fiéis presenciavam este momento.

A devoção à Imaculada Conceição só tem crescido, graças e graças são alcançadas, milagres incontáveis acontecem. Os paroquianos, fervorosos, agradecem, cantam, oram e louvam sua padroeira. Sou uma das devotas que mais foi socorrida pela Mãe Imaculada. Infartada em 2003, levada num táxi-aéreo, fui cirurgiada com três stents no coração, em Fortaleza. Em 2004, fui acometida de câncer linfático. Em 2007, nódulo neoplástico foi retirado da tireoide. Em 2020, fomos tomados pela pandemia da Covid-19, meu esposo e eu, com séria gravidade, intubados traqueostomizados; e cá estamos nós, curados e agradecidos por termos sido salvos do corredor da morte, ouvidos que fomos por nossa padroeira, a Imaculada Conceição, e por seu amado filho, o Pai das Misericórdias, Jesus Cristo.

“Queremos ó Mãe Querida/ Com muito amor e afeição/ Proclamar-te Imaculada/ Ó Virgem da Conceição” (Trecho do hino da Imaculada).       

Maria das Graças Ramalho Sobral Sampaio, Paróquia Nossa Senhora da Conceição, Mauriti-CE

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