JESUS CRUCIFICADO: SEMENTE DE UMA NOVA HUMANIDADE

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JESUS CRUCIFICADO: SEMENTE DE UMA NOVA HUMANIDADE

Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo.” (Jo. 12,26)

Amados irmãos e amadas irmãs.

A liturgia deste Domingo, nos manifesta como ao longo da história, Deus buscou apontar ao ser humano o caminho da salvação e da vida definitiva. Sua Palavra nos garante que a salvação é alcançada por uma vida vivida na obediência dos divinos projetos e na doação total aos irmãos. Como os dois homens no início do evangelho de hoje, nos apressemos para conhecer Jesus, Caminho, Verdade e Vida.

Na primeira leitura (Jr. 31,31-34), o profeta Jeremias, por meio de uma profecia/oráculo, apresenta ao povo de Israel a proposta de uma nova Aliança. Essa Aliança indica que Deus realizará uma mudança radical no coração do Povo, pois somente com um coração transformado o homem será capaz de pensar, de decidir e de agir de acordo com as propostas de Deus. Assim, o profeta revela que para fazer parte da comunidade da nova Aliança não é suficiente o mecânico e compulsivo cumprimento de mandamentos, ritos ou obrigações externas, mas sim viver incondicionalmente no coração e na vida cotidiana às propostas de divinas. Com esta mesma orientação proclamará Miquéias: “Acaso o Senhor se agradará por milhares de carneiros, por miríades de torrentes de óleo? Darei meu primogênito por minha transgressão, o fruto do meu ventre pelo meu pecado? Ele te deu a conhecer, ó homem, o que é bom e o que o Senhor procura em ti: simplesmente praticar o direito, amar a bondade e caminhar humildemente com o teu Deus”. (Mq. 6,7-8).

 Deus anseia por plantar a sua graça e seu amor transformadores no coração da humanidade e somente um coração que pulsa pela força da caridade e da misericórdia poderá ser a terra fértil de onde brotará a Nova Aliança.  Ciente das fraquezas e ambiguidades do coração humano, para perseverar nesta Nova Aliança, o povo precisa rezar e suplicar como o salmista de hoje: “Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido!” (Sl. 50,12)

Na segunda leitura (Hb. 5,7-9), acompanhamos parte de uma longa reflexão, composta de 13 capítulos, sobre o sacerdócio de Cristo. Nela, o autor da Carta aos Hebreus, apresenta-nos Jesus Cristo, o sumo-sacerdote da nova Aliança que fora anunciada pelos profetas. Nela, somos apresentados às características ou atributos essenciais de um sumo-sacerdote: Ele é um homem que, pela sua própria fragilidade, é capaz de ter compaixão das fragilidades (pecado) dos seus irmãos (Hb. 4,15; 5,2); Sua missão é oferecer sacrifícios, a fim de restabelecer a comunhão entre Deus e o homem que o pecado havia rompido (Hb. 5,1); Esta sua missão é também uma vocação, logo é realizada por livre escolha de Deus (Hb. 5,5-6). E é graças a sua obediência plena (Fl. 2,6-9) que Ele se torna o sacerdote definitivo que intercede e se solidariza com a humanidade lhe apontando o caminho da salvação. Esse caminho (e que é a vida que Jesus viveu) se constrói, se realiza, se percorre através do diálogo com Deus, na descoberta dos seus desafios e na obediência radical ao seu plano redentor.

No Evangelho (Jo. 12,20-33), João Evangelista, convida-nos a acompanhar alguns pagãos que desejam participar da Nova Aliança. Eles procuram o Apóstolo Filipe e exclamam desejosos: “Senhor, gostaríamos de ver Jesus”. Eles expressam este desejo porque sabem que na Nova Aliança, Deus acolhe toda a humanidade e porque sabem que para tornar-se povo de Deus precisam “conhecer”, olhar, e contemplar Jesus, e aprender com Ele a ser filho de Deus. Com a experiência do encontro pessoal com Ele, entenderão que segui-l’O significa trilhar corajosamente o caminho do amor radical, da doação diária da vida que culminará na entrega total a Deus e aos irmãos por meio da morte na cruz. Ao receber a solicitação daqueles gregos ansiosos por conhecer a Verdade, Jesus aproveita para realizar o anúncio da sua Paixão, Morte e Ressurreição. O caminho do calvário que leva a cruz parece, aos olhos do mundo, um caminho de fracasso e de morte, todavia, por meio da parábola da semente que morre e produz frutos com a doação de sua vida, Jesus Cristo ensina-nos que é da cruz, caminho de amor e de doação, que brota a vida eterna e verdadeira e que Deus nos quer oferecer. Na cruz será, enfim, revelada a suprema verdade que nem a filosofia nem a ciência foram capazes de encontrar ou oferecer a humanidade.

Ao dar a vida por amor, Jesus deixa aos seus discípulos a sua última e suprema lição. Mas o que é que nasce através da doação de Jesus? Nasce a Nova e Eterna Aliança que semente para uma nova humanidade. Uma humanidade que aprendeu como vencer o egoísmo (a raiz de todo pecado) e que compreendeu que a vida é para ser dada, por amor. A voz que se ouve vinda do céu como um trovão recorda como outrora o Senhor Deus falava revelando sua vontade ao povo eleito (Ex.19,16-19; Sl.18,13-14) e por isto, confirma que a proposta de Jesus é garantia de encontro com Deus. Confirma-se, desta forma, aos discípulos que oferecer a vida por amor não é um caminho de fracasso e de morte, mas um caminho de glorificação e de vida em abundância.

Já criamos espaço, em nossa vida e em nossas comunidades paroquiais, para dialogar com Deus e para conhecer e praticar os seus planos? A nossa vida tem sido construída na indiferença em relação aos projetos divinos, ou numa procura sincera e decidida de viver plenamente a vontade de Deus?

Pe. Paulo Sérgio Silva.

Diocese de Crato

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