HOMILIA DO 17° DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

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SENHOR, ENSINA-NOS A REZAR…

Portanto, eu vos digo: Pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto.” (Lc 11, 9)

            Continuando nossa peregrinação ao lado do Senhor Jesus em direção a Jerusalém, somos apresentados a mais um aspecto significativo na vida e missão daqueles que desejam se tornar verdadeiros discípulos missionários do Reino de Deus. Se no domingo anterior compreendemos o ato de acolher como expressão da presença de Deus, hoje somos convidados, através dos exemplos de Abraão e de Jesus, a refletir sobre a oração e seu eminente valor na vida dos discípulos de Jesus. A Oração sincera, pura, dialogal, confiante e frutuosa, como resposta ao Senhor que nos chama sempre levará a uma relação filial para com Deus e de irmãos entre nós.

Na primeira leitura (Gn 18,20-32) o “pai daqueles que tem fé” em sua atitude ousada e confiante nos ensina que a verdadeira oração é um diálogo no qual o ser humano, através da confiança, humildade e respeito, apresenta a Deus as suas inquietações, as suas dúvidas, os seus anseios e seus agradecimentos. Abraão em sua oração familiar, confiante, insistente e ousada, revela para nós um Deus que vindo ao encontro da humanidade, entrando em sua tenda, sentando-se à sua mesa, criou vínculos de comunhão conosco. E entendemos que a misericórdia sempre será mais forte que a vontade de castigar o pecador. Deus está sempre disposto a nos salvar, nos entanto se faz necessário que a humanidade permaneça aberta a realizar sua vontade salvífica.

 Na segunda leitura (Cl 2,12-14), continuando sua catequese centralizada na pessoa de Jesus Cristo, mesmo sem se referir diretamente ao tema da oração, São Paulo apresenta Jesus como modelo fundamental para a vida espiritual. Ao falar sobre a seriedade do Batismo, o Apóstolo exorta a comunidade a abraçar esta vida nova que Deus, através do seu Filho Unigênito, concedeu a todos com a dignidade de se tornar filhos e filhas adotivos em seu Amor. Cristo é e sempre será o centro e o fundamento da vida dos cristãos, pois por Ele e com Ele podemos dirigir ao Pai a nossa Oração, em comunhão com o Espírito Santo. E se somos filhos, não podemos continuar numa vida de pecado sendo sepultados na morte. É preciso abraçar a santidade que Deus oferece a todos.

No Evangelho (Lc 11,1-13) em sua peregrinação a Jerusalém e em constante atividade missionária, Jesus mantem sua vida de oração. Ao ver sua atitude, os discípulos pedem que os ensine também a ter esta intimidade como o Pai. Assim, na sua escola de oração, Jesus nos ensina o Pai Nosso, oração fundamental para os cristãos. No entanto é preciso entender que a intenção do Mestre não é ensinar uma fórmula fixa e exclusiva de oração, mas sim ensinar um modo de orar. O evangelista quer recordar que Jesus ensinou a seus discípulos a se dirigir a Deus do mesmo modo que ele: como filhos e filhas.

Lucas nos mostra ao longo do seu evangelho que a oração na vida de Jesus e de seus seguidores sempre foi uma atitude fundamental e essencial. Ela – a oração – esteve presente em todos os grandes momentos da vida do Mestre: na escolha dos Doze (Lc 6,12); no primeiro anúncio da Paixão (Lc 9,18); na Transfiguração (Lc 9,28-29); após o regresso dos discípulos da missão (Lc 10,21); na última Ceia (Lc 22,32); no Getsêmani (Lc 22,40-46); na Cruz (Lc 23, 34-46).

No pedido de Jesus para insistir e persistir na oração (que lembra a atitude intercessora de Abrão na primeira leitura), ele nos ensina que muito mais que repetir ou balbuciar palavras com os lábios enquanto o coração se mantém distraído e distante, a oração deve revelar a imagem divina que temos através de um verdadeiro diálogo entre Deus e nós, onde Ele é glorificado e nós somos santificados. Só é capaz de insistir na oração quem conhece verdadeiramente o amor divino e sabe que sua misericórdia é infinita e inesgotável.

Para ilustrar sua catequese, Jesus conta uma parábola que fala de um amigo importuno. Esta parábola nos lembra que a oração deve ser frequente, sem superficialidade e se ater ao que é essencial para a nossa santificação. Um dos pontos ressaltado na parábola é a insistência de quem pede. Aqui é preciso entender que a insistência não é para convencer Deus e amolecer seu coração afim de que nos atenda, pois, Ele é sempre solícito a seus filhos. A frequência ou insistência na oração é necessária para que façamos um real exame de nossas intenções a fim de constatar se nosso pedido – pessoal ou comunitário – está em comunhão com a vontade divina, isto é, se aquele pedido clama pelos mesmos valores do Reino.

A Oração que Jesus ensina transforma a vida de quem a reza e põe em prática a vontade do Pai. Mas do que repetir a sua Oração, precisamos saborear cada palavra. Elas plenificarão nossas vidas em sua Graça, porque serão palavras ditas vindas do coração e sob a ação e a presença do Espírito, dirigida confiantemente ao Pai.

Pe. Paulo Sérgio Silva

Diocese de Crato.

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