“Tu és o meu Filho amado, em Ti ponho meu bem-querer”.
Concluindo o tempo litúrgico do Natal, a Festa do Batismo de Jesus apresenta sua segunda epifania como oinício de sua missão libertadora e salvadora. No seu batismo, Jesus é revelado, nas margens do Jordão, como o Filho amado de Deus, que veio ao mundo enviado pelo Pai, com a missão de salvar e libertar os homens. Cumprindo o plano salvífico do Pai, Ele se fez um de nós, partilhou a nossa história, assumiu nossa humanidade e ao ofertar a própria vida, libertou-nos do pecado. Em sua vida e missão ensinou-nos com atitudes e palavras e nos apresentou o caminho da fraternidade, comunhão e solidariedade que conduz à vida em plenitude.
Na primeira leitura o Profeta Isaías anuncia um misterioso “Servo”. Alguém que recebeu de Deus a missão para edificar um mundo de justiça e de paz sem fim. Investido e imbuído do Espírito de Deus, ele concretizará essa missão com humildade e simplicidade, sem recorrer à força das armas, à violência ou à prepotência, pois esses não são os caminhos de Deus. O “Servo” é um instrumento através do qual Deus se faz presente no mundo para levar a salvação a humanidade. Deus está na origem (escolha, vocação e envio) da missão do “Servo” e o acompanhará em todos os momentos de sua missão. Para vencer as forças do mal e do pecado, o “Servo” contará com a ajuda do Espírito de Deus, que lhe dará a força de assumir a missão e realizá-la em plenitude.
Na segunda leitura, o Apóstolo Pedro nomeia quem é o misterioso “Servo” anunciado pelo Profeta Isaías. Jesus Cristo é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para realizar seu plano de salvação. Na vida e missão de Jesus se tornam vida, verdade e realidade as promessas do Antigo Testamento. Pedro resume este querigma primordial (primeiro anúncio da fé cristã) afirmando que “Ele andou por toda parte fazendo o bem”; “porque Deus estava com Ele”. As palavras de Pedro nos recordam ainda que Deus não faz acepção de pessoas com base em raça ou cultura. A condição para ser incluído no Reino de Deus é acolher com coerência a fé no seu Filho e no seu Evangelho.
No Evangelho, o momento do batismo de Jesus revela que Ele é, essencialmente, o Filho de Deus, que o Pai envia ao mundo como manifestação do seu Amor. Como verdadeiro Filho Unigênito, Ele obedece ao Pai e cumpre o seu plano salvador. Por isso, vem ao encontro dos seres humanos, solidariza-Se e assume as suas fragilidades. Em sua missão e obediência, Jesus Cristo refaz a comunhão entre Deus e os seres humanos que o pecado havia interrompido. Da sua ação salvadora, surgirá ou nascerá uma nova criação, uma nova humanidade, pois Jesus é o Filho/“Servo” enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito e cuja missão é realizar a libertação e salvação dos homens. O evangelho nos mostra ainda a comunhão trinitária existente entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Neste dia somos convidados a lembrar do dia do nosso próprio Batismo. No seu batismo, Jesus tomou consciência da sua missão, recebeu o Espírito e partiu em ação missionária pelos caminhos da Terra Santa, testemunhando o amor de Deus. Nós, que no batismo aderimos a Jesus e recebemos o Espírito Santo que noscapacitou para a missão, temos sido testemunhasverdadeiras e comprometidas desta mesma missão pela qual Ele Se empenhou e deu a vida? Temos assumido a mesma atitude de obediência radical, de entrega incondicional, de confiança absoluta que Jesus tem com Deus Pai? A vontade de Deus é, para mim, mais importante de que os meus projetos pessoais? Tenho vivido verdadeiramente como filho/filha de Deus?
Pe. Paulo Sérgio Silva
Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Farias Brito