FESTA DO BATISMO DO SENHOR – ANO B

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BATISMO E MISSÃO: SALVAÇÃO E SERVIÇO PARA TODA A HUMANIDADE

“Tu és o meu Filho amado, em Ti ponho meu bem-querer”. (Mc. 1,11)

Concluindo o tempo litúrgico do Natal, a Festa do Batismo de Jesus apresenta sua segunda epifania como o início de sua missão libertadora e salvadora. No seu batismo, Jesus é revelado, nas margens do Jordão, como o Filho amado de Deus, que veio ao mundo enviado pelo Pai, com a missão de salvar e libertar os homens. Cumprindo o plano salvífico do Pai, Ele se fez um de nós, partilhou a nossa história, assumiu nossa humanidade e ao ofertar a própria vida, libertou-nos do pecado. Em sua vida e missão ensinou-nos com atitudes e palavras e nos apresentou o caminho da fraternidade, comunhão e solidariedade que conduz à vida em plenitude.

Na primeira leitura (Is. 42,1-4.6-7), o Profeta Isaías anuncia um misterioso “Servo”. Alguém que recebeu de Deus a missão para edificar um mundo de justiça e de paz sem fim. Investido e imbuído do Espírito de Deus, ele concretizará essa missão com humildade e simplicidade, sem recorrer à força das armas, à violência ou à autossuficiência. O “Servo” é um instrumento através do qual Deus se faz presente no mundo para levar a salvação a humanidade. Deus está na origem (escolha, vocação e envio) da missão do “Servo” e o acompanhará em todos os momentos de sua missão.  Para vencer as forças do mal e do pecado, o “Servo” contará com a ajuda do Espírito de Deus, que lhe dará a força de assumir a missão e realizá-la em plenitude.

Na segunda leitura (At. 10,34-38), o Apóstolo Pedro, em seu discurso diante de uma multidão, nomeia e revela quem é o misterioso “Servo” anunciado pelo Profeta Isaías. Jesus Cristo é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para realizar seu plano de salvação. Na vida e missão de Jesus se tornam vida, verdade e realidade as promessas do Antigo Testamento. Pedro resume este querigma primordial (primeiro anúncio da fé cristã) afirmando que “Ele andou por toda parte fazendo o bem”; “porque Deus estava com Ele”. As palavras de Pedro nos recordam ainda que Deus não faz acepção de pessoas com base em raça ou cultura. A condição para ser incluído no Reino de Deus é acolher com coerência a fé no seu Filho e no seu Evangelho.

No Evangelho (Mc. 1,7-11), ao narrar o momento do batismo de Jesus revelado que Ele é, essencialmente, o Filho de Deus, que o Pai enviou ao mundo como manifestação do seu Amor. Como verdadeiro Filho Unigênito, Ele obedece ao Pai e cumpre o seu plano salvador. Por isso, vem ao encontro dos seres humanos, solidariza-Se e assume as suas fragilidades. Em sua missão e obediência, Jesus Cristo refaz a comunhão entre Deus e os seres humanos que o pecado havia interrompido. Da sua ação salvadora, surgirá ou nascerá uma nova criação, uma nova humanidade, pois Jesus é o Filho/“Servo” enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito e cuja missão é realizar a libertação e salvação dos homens.  O evangelho nos mostra ainda a comunhão trinitária existente entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Em sua catequese, Marcos, nos apresenta dois testemunhos sobre Jesus Cristo. Em primeiro lugar João Batista o indica como aquele que batizará a humanidade com o Espírito Santo. Em Jesus, com Jesus e por meio de Jesus, o ser humano terá perene e permanente acesso a Deus. O ato de ver os céus se rasgarem representa a porta sendo aberta para receber os filhos que o pecado havia dispersado. Em seguida temos o segundo e mais relevante testemunho acerca da identidade e missão de Jesus Cristo: a voz do próprio Deus Pai. Suas palavras trazem uma semelhança inegável com o oráculo proclamado pelo profeta Isaías. “Eis o meu Servo!” “Eis o meu Filho!” No oráculo profético, Deus no A.T. revela a missão do Messias e como ele irá realizá-la. No texto do N.T. temos uma súplica e imperativa de Deus para que escutem o Filho afim de que Ele possa realizar a missão e que realizando-a tenhamos vida em abundância Nele e por Ele. Assim como Jesus foi revelado como Filho Unigênito no Batismo, nós também o somos como filhos adotivos no nosso batismo. Assim como Jesus se revela ao mundo pela sua ação misericordiosa e redentora, nós somos chamados a revelar-nos como filhos de Deus ao mundo pelo nosso modo de crer, de viver e de proceder.

Neste dia somos convidados a lembrar do dia do nosso próprio Batismo. No seu batismo, Jesus tomou consciência da sua missão, recebeu o Espírito e partiu em ação missionária pelos caminhos da Terra Santa, testemunhando o amor de Deus. Nós, que no batismo aderimos a Jesus e recebemos o Espírito Santo que nos capacitou para a missão, temos sido testemunhas verdadeiras e comprometidas desta mesma missão pela qual Ele Se empenhou e deu a vida? Temos assumido a mesma atitude de obediência radical, de entrega incondicional, de confiança absoluta que Jesus tem com Deus Pai? A vontade de Deus é, para mim, mais importante de que os meus projetos pessoais? Tenho vivido verdadeiramente como filho/filha de Deus?

Pe. Paulo Sérgio Silva

Diocese de Crato.

 

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