Em seu segundo dia de visita às congregações religiosas, Dom Gilberto Pastana esteve com as Cônegas de Santo Agostinho, da qual faz parte a “madrinha” dos romeiros, Irmã Annette Dumoulin e mais duas religiosas: Irmã Marcilene e Irmã Betka Matusová.
Sentados num alpendre, diante de uma farta paisagem, eles conversaram sobre a missão das irmãs na Diocese de Crato (nas duas instituições mantidas pela congregação, o “Poço de Jacó”, no Horto, e o Centro de Ensino Comunitário “O Semeador”, no bairro Aeroporto, em Juazeiro do Norte), cujo serviço está voltado para a educação de crianças carentes, além do trabalho desenvolvido junto aos romeiros na Basílica Nossa Senhora das Dores. A conversação tratou também da figura do Padre Cícero, da beata Maria de Araújo e da proposta em fazer dos ranchos dos romeiros espaços de evangelização, evidenciando suas vivências e experiências de fé.
A Congregação das Cônegas de Santo Agostinho tem mais de 400 anos e teve origem na França. Na diocese, o trabalho das religiosas foi iniciado há quarenta anos, impulsionado pelo desejo de pesquisar “a riqueza de psicologia pastoral” que emanava, sobretudo, através da figura do Padre Cícero e da beata Maria de Araújo.

Professora da Universidade de Louvain, na Bélgica, onde ensinava Psicologia da Religião, Irmã Annette veio para o Juazeiro com outra religiosa, Irmã Ana Tereza, que fazia sua especialização em psicologia religiosa.
“Vendo a situação daquela época, uma diocese extremamente resistente às romarias, me mudei pra cá. O bispo não criticava diretamente, mas padre Murilo [de Sá Barreto à época pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores] era muito só”, contou.
Em solo juazeirense, as religiosas chegaram, então, em meados de 1974, com o desejo de ajudar a situação “tão difícil e tão delicada” da época. Outra proposta era também criar uma Pastoral da Romaria, ligando a pesquisa ao convívio humano.

O encanto pelo “lado mítico e místico” foi tanto que, ao voltar a sua cidade natal, na Bélgica, pediu demissão da universidade onde lecionava.
Hoje, aos 81 anos, depois de tudo que pesquisou e vivenciou, Irmã Annette considera a terra do “padim Cícero” de “uma riqueza teológica impressionante”.
“Nesta tarde de conversas, li dois livros sobre o padre Cícero”, disse Dom Gilberto, encerrando a longa prosa e alegando ter sido de igual riqueza.





