Não há missa neste dia, mas uma Solene Ação Litúrgica. O altar é desnudo, não há velas, nem adornos. Em clima de profundo respeito diante da morte do Senhor, às três da tarde, na Sé Catedral de Crato, aconteceu a celebração da Paixão do Senhor.
A procissão inicial é diferente de todas as demais. Com os paramentos em vermelho, o bispo diocesano, junto aos demais padres que concelebraram essa liturgia, dirigindo-se em silêncio até o altar. Após a reverência, Dom Gilberto se prostrou diante do altar, como no dia de sua ordenação. É sinal de despojamento e expressa convicção do seu nada diante da Majestade divina de Cristo.
Os textos proclamados introduzem a uma reflexão profunda da alma sofredora do Cristo. Na dor e na solidão, Jesus na Cruz tem plena confiança no Pai e se entrega por obediência: “Senhor, em tuas mãos eu entrego meu espírito”. Cristo, Único e Sumo sacerdote, une Deus aos homens, e os homens a Deus, refazendo a Santa Aliança.
Presidindo a ação litúrgica, Dom Gilberto disse que Deus foi esperança ao servo sofredor e que, hoje, ele continua alimentando as esperanças dos sofredores do mundo inteiro. Um exemplo disso, segundo ele, é a atual situação da humanidade que padece a pandemia do covid-19. “Estamos verdadeiramente vivendo dias conturbados, de incertezas, de muitas mortes […] Esta pandemia, sem dúvida, nos assusta, os números mundiais são impactantes. É um quadro assustador, e tende, infelizmente, a piorar nas próximas semanas”, lamentou. Por isso, é preciso prudência e cuidados específicos, entre eles e o mais importante: ficar em casa. E crendo no Cristo que ressuscitou permanecer firmes na esperança.
De acordo com o bispo, fazer isso é ser sinal de esperança, “é o nosso éthos (hábitos), é a nossa missão, tanto mais nesse período pascal, em que a esperança é a nossa fé, é a última que morre. E caso venha a morrer, esperemos o terceiro dia, esperemos a ressurreição”.
Na Oração Universal, uma súplica pelo fim da Pandemia: “Ó Deus, nosso refúgio nas dificuldades, força na fraqueza e consolo nas lágrimas, compadei-Vos do vosso povo que padece sobre a pandemia, para que encontre finalmente alívio na vossa Misericórdia”.
Eis o Lenho da Cruz!
Um ato muito expressivo e próprio deste dia é a veneração da Santa Cruz. Coberta por um tecido é solenemente apresentada. Neste momento, dirigindo-se ao altar, quem preside a liturgia a descobre em três momentos, aclamando: Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo. Despojando-se da casula, se aproximou da Cruz, ajoelhou-se diante dela e a beijou. Na pessoa de Dom Gilberto, todos os diocesanos beijaram aquela cruz, quando deste dia foram impedidos de se fazer presentes e realizar este gesto tão grandioso.
No rito, lembra-se a Cruz verdadeira, que banhada do sangue do Cordeiro Imolado, torna-se um com o Cristo, por isso recebe adoração. “Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz redimistes o mundo”, reza-se durante a Via-Sacra, assim também se contempla neste dia.
A Igreja permanece fechada, em profundo silêncio até a Vigília Pascal. Na Sé Catedral, a Celebração do Sábado Santo acontece às 20h, e será transmitida pela página da Diocese de Crato, no Facebook, como também no Youtube, pela TV Catedral. Em casa, os fiéis são convidados a preparar uma vela, para a renovação das promessas batismais.
Por Mychelle Santos / Assessoria de Comunicação
Fotos: Pascom Sé Catedral
















