Sexta- feira Santa, dia de silêncio, jejum e oração. Único dia do ano em que a Igreja não celebra missa, mas a Ação Litúrgica da Paixão do Senhor que deve ser vivenciada em clima de meditação e respeito diante da morte de Jesus que, vencendo a morte, trouxe vida à humanidade.
“Hoje comemoramos, piedosamente, a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, de onde brotou a vida do mundo. É importante dizer e tomarmos consciência de que esta celebração é também uma celebração pascal. Não se celebra um funeral. Recorda-se uma morte que é pascal, de uma paixão que é bem- aventurada. Nem sequer neste dia, Sexta- Feira Santa, é possível esquecer a ressurreição. A cor litúrgica não é a do luto ou da penitencia, paramentos roxos, mas a do martírio e da realeza: o vermelho. A morte de Cristo é uma morte gloriosa porque traz vida para todos”, explicou dom Gilberto Pastana que presidiu a celebração na Catedral Nossa Senhora da Penha, em Crato, neste dia 19 de abril.
Na Igreja Mãe da Diocese de Crato a Ação Litúrgica iniciou pontualmente às três horas da tarde, horário da morte de Jesus. Em silêncio o cortejo processional adentrou à Igreja, pela porta principal. Em silêncio também os fiéis aguardaram a chegada ao altar, onde se prostraram, ao chão, o bispo e os padres que concelebraram.
A liturgia da Palavra trouxe como uma das leituras a Paixão de Jesus segundo a narrativa do evangelista João (18,1-19,42), cantada em duas vozes masculinas, como é de costume nesta Catedral. Também foi rezada a Oração dos Fiéis pelas grandes intenções da Igreja no mundo e, em seguida, a cruz com a imagem de Cristo foi levada ao altar, de forma solene, sendo retirado o pano vermelho que a cobria, enquanto o bispo cantava “Eis o lenho da cruz do qual pendeu a salvação do mundo”, e o povo respondia “vinde e adoremos”. Após o gesto de adoração do bispo, padres e diáconos o povo de Deus formou filas para cada um beijar a imagem de Jesus na cruz. Muitos choraram ao fazerem sua adoração.

“Somos convidados a adorar com sincera piedade a Cristo, nosso Redentor, que por nós sofreu a Paixão e foi sepultado para ressuscitar ao terceiro dia. Somos convidados a adorar a Cristo, nosso Mestre e Senhor, obediente até a morte por nosso amor. A Cristo, nossa vida, que morrendo de cruz, destruiu o poder da morte e do inferno. A Cristo nosso Rei, que foi desprezado como um verme e humilhado como a vergonha do gênero humano. A Cristo nossa salvação, que deu a vida por amor dos seres humanos. A Cristo, nosso Salvador, que de braços abertos na cruz quis atrair para vós a humanidade inteira”, disse dom Pastana.
A última parte da celebração foi a comunhão eucarística, com hóstias consagradas na celebração do dia anterior.
Ao fim todos foram convidados a irem para o Seminário São José, de onde sairia a procissão do Senhor Morto, vinda em direção a Catedral. Quem optou por participar de todos os momentos, ainda pôde assistir a encenação da Paixão de Cristo que aconteceu a noite, em frente a Igreja.
Ato de amor da cruz
Durante a homilia dom Gilberto falou sobre a esperança de uma vida nova que deve brotar no coração dos fiéis, mediante o ensinamento da cruz. “No silêncio desta tarde- noite, no silêncio que envolve o Sábado Santo, tocados pelo amor de Deus sem limites, vivemos à espera da alvora do terceiro dia, a alvorada da vitória do amor de Deus, da alvorada da luz que permite aos olhos do coração ver de um modo novo a vida, as dificuldades, o sofrimento. Os nossos fracassos, as nossas desilusões, as nossas amarguras que pareciam indicar a ruína de tudo, são iluminados pela esperança. O ato de amor da cruz é confirmado pelo Pai e a luz fulgente da Ressurreição tudo envolve e tudo transforma: da traição pode nascer a amizade; da negação, o perdão; do ódio, o amor”, disse.
E, finalizando a reflexão, desejou aos fiéis que possam carregar com amor as cruzes diárias, “na certeza de que estas são iluminadas do fulgor da Páscoa do Senhor”.
Por: Jornalista Patrícia Silva (MTE 3815/CE)












