Você provavelmente já ouviu falar sobre o ministério extraordinário da comunhão eucarística, ou, simplesmente, MECE. Ele integra homens e mulheres que colaboram com o serviço dos sacerdotes, na exposição do Santíssimo Sacramento, na comunhão aos enfermos e na distribuição dela nas missas onde o número de fiéis é maior que o número de padres e de diáconos. Provavelmente também deve ter reparado que a presença feminina, nessas funções, é muito ampla. Nas missas, estão sempre bem alinhadas na “opa”, nome dado à veste litúrgica, que elas combinam em saias e em calças de tecido social preto, acompanhadas também de sapatos preto (alguns até com salto), que demonstram o zelo no exercício do ministério.

Mas, sobretudo neste dia 8 de março, essa boa aparência dá lugar a uma reflexão que passa despercebida: o alívio espiritual que as ministras levam a uma centenas de pessoas fora da missa, onde, muitas vezes, os padres não conseguem alcançar pela quantidade de tarefas pastorais e administrativas que desenvolvem.
Serviço de suma relevância, da mais extrema confiança e do maior amor
“In persona Christi”, bispos e padres consagram, durante a missa, o pão e o vinho. As hóstias que sobram, chamadas reservas eucarísticas ou partículas, vão para o Sacrário, espécie de cofre, no qual está guardado o tesouro da Igreja. Na Matriz de Nossa Senhora de Fátima, em Crato, esse tesouro está localizado numa capela, ao lado do presbitério.
É quarta-feira de manhã. A ministra extraordinária Josefa Santana genuflecte e abre o Sacrário cuidadosamente. Da âmbula, um recipiente feito em metal, recolhe as partículas imediatamente transportadas para outro recipiente, de tamanho menor, chamado “teca”. O rito exige concentração e destreza. “O zelo por teu ministério me consome. É a única palavra que vem na cabeça”, ela diz.
No caminho do Horto, em Juazeiro do Norte, Francisca Bezerra – ou apenas, Leide, como é conhecida – percorre um intricado caminho para levar a comunhão aos enfermos. Pontualmente às oito da manhã, ela sai da Capela de Santa Clara, sempre no primeiro domingo ou no terceiro, tendo o cuidado de não deixar o viático (espécie de bolsa para transportar as partículas que serão dadas aos enfermos) exposto nem aos ardores do sol, nem à observação pública. As ruas nem sempre são sossegadas. Quando chega à primeira casa, é anunciada aos gritos: “A mulher da hóstia chegou!”. E um pequeno altar já está montado, com flores e velas, à espera do que ela traz.

Noutro bairro, quando o relógio marca “Hora da Graça” para os paroquianos do Menino Jesus de Praga, Tereza Maria Dantas põe sobre si a “opa”. A piedade é a mesma com que o celebrante beija a estola, antes de colocá-la sobre o pescoço. Enquanto a missa não começa, olha a assembleia e certifica se a quantidade de ministros escalados é suficiente. É dela a responsabilidade de escalá-los e de coordená-los, tanto mais se vierem a faltar. Uma vez, havendo programado outro compromisso pastoral, achou de passar antes pela Matriz. “Olhei da porta principal, vi aquele monte de gente, e só dois ministros. A missa ainda estava no início. Eu estava de vestido, mas fui na sacristia, abri o armário, peguei a veste – porque sempre fica alguma de reserva – e fiquei para ajudar, não aguentei”. E é de igual diligência ao expor o Santíssimo Sacramento para o Terço da Divina Misericórdia, rezado também às sextas, mas às quinze horas.
A quase quinze quilômetros dali, ao depor a “teca” sobre a mesa, Antonia Nobre anuncia: “Jesus chegou!”. E até o mais rabugento dos enfermos sorri. Tendo na bolsa a liturgia diária, às vezes proclama o Evangelho e faz breve comentário sobre a mensagem, noutras diz apenas alguma palavra de conforto, dependendo da situação do doente.
O que elas acham da missão
Fizemos essa e outras perguntas para as ministras. Confira no vídeo abaixo o que temos a aprender com o testemunho delas.
Para saber mais:
Nenhum outro trabalho pastoral exige tamanha responsabilidade. Para ser investido no ministério extraordinário da comunhão é preciso indicação, aprovação (do pároco ou administrador paroquial) e o primordial: bem acolhido – e bem acolhida – na comunidade à qual pertence. Na diocese, o bispo Dom GIlberto Pastana decidiu estender o tempo de preparação. Antes feito em um fim de semana, o curso agora tem duração de dez meses, sendo aplicado por região forânea.
Na missa, elas permanecem o tempo todo em profunda oração.
Apesar de ser pouco enaltecida, ser ministra extraordinária é uma função da mais extrema confiança.
Créditos:
- As Imagens do último vídeo foram retiradas da página “A Boa Nova”, da Pascom Paroquial do Menino Jesus de Praga, em Juazeiro do Norte;
- A intérprete da música “Achei Jesus Nos Braços de Maria”, de Waldemar Salgado, é Beatriz Pereira.
Por: Patrícia Mirelly/Assessoria de Comunicação















