Um povo regido pela epifania do mistério divino presente na música. Na manhã deste domingo, dia 16, os moradores do Belmonte, distrito de Crato, reuniram-se em torno do Altar do Senhor, para render graças e louvores, por ocasião do Jubileu de Ouro da Escola de Educação Artística Heitor Villa Lobos, idealizada pela Sociedade Lírica do Belmonte, Solibel, fruto da experiência religiosa e criação artística do Monsenhor Ágio Augusto Moreira.
A “Vila da Música” fora edificada na década de 1970. À época, a comunidade era formada apenas por algumas propriedades, matas e engenhos, caminho de chão batido, sem eletricidade e encanações. Do belo monte que descortina o Cariri, ao fim da tarde, para descansar da labuta, os moradores se aglomeravam em torno do padre e tomavam lições de instrumentos e partituras.
Hoje equipamento cultural vinculado à Secretaria de Cultura do Estado, a Solibel continua voltada para a formação em música, impulsionada por diretrizes que aludem à socialização, a formação humana e o ensino musical, oportunizando espaços para o desenvolvimento da cidadania e dos valores que iluminam a vida.
“Aqui eu aprendi tudo que é bom”, evoca Maria Helena, que desde os dez anos participa do coral. O professor Luís Carlos, também decano da Solibel, igualmente assinala bonitas lembranças: “Ensinando se aprende. Tudo que eu sou eu devo a escola. E hoje eu tô ensinando o que aprendi”.
Para Dagoberto Moreira, sobrinho do Monsenhor Ágio, a escola de música é “bênção Deus a toda população”. “Ele é aclamado por muitas pessoas. Muita gente que passou por aqui, hoje faz concertos pela Europa”, recorda, agradecido.
Música tocada em instrumentos de libertação
A Escritura Sagrada – recorda Padre Rocildo Alves, na homilia da missa – pauta a montanha como “experiência de Deus”, lugar onde se pode rezar. Para essa montanha, subiu o monsenhor Ágio, no impulso de edificar, no Belmonte, a Escola Solibel.
“Foi enchendo corações de esperanças, fazendo soar melodias clássicas e populares, universais e regionais, que ele mostrou que a natureza manifesta a Beleza de Deus, educando e provendo a muitíssimas pessoas o poder da música, que pudesse dar contribuições em favor de um mundo melhor”, considerou.
Toda essa arte criativa é orgulho e patrimônio para a cultura do Cariri, na opinião de Dane de Jade, secretária de Cultura de Crato. “Erguendo a Sociedade Lírica do Belmonte, isso é um legado imenso para o Cariri. Com a Instituição da Escola ‘Vila da Música’, a gente atende a mais de 490 alunos. E isso vai para além do ensino da música. É uma gama de ações, que hoje é uma felicidade pra gente estar comemorando”.
Concelebrando a Santa Missa, monsenhor Ágio, que vive ano jubilar, em preparação para o seu centenário, não disse qualquer palavra, mas a tudo fitava com olhos contemplativos e gratos, elevando a Deus o seu hino de louvor, enquanto, no seu coração, compreendia a sua vocação e missão.











