Sair para semear, mas antes, sair de si!

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Jesus era um homem da roça. Entendia de plantio, cultivo e de semeadura. É o que ele mesmo nos mostra ao encontrar-se com o povo que espontaneamente se reuniu ao seu redor às margens do Mar da Galileia. Estamos, neste 15º Domingo do Tempo Comum, diante da Parábola das Sementes, ou melhor, do Semeador.

Poderíamos até dizer que semente e semeador dividem o protagonismo, onde ambos são destacados por Jesus, para nos fazer compreender que implicita está a verdadeira protagonista, a Palavra.

Esta é uma daquelas vezes no Evangelho em que temos a explicação da parábola no próprio texto, o que nos deixa sem desculpa na hora de rezar, acolher e procurar viver aquilo que ele nos propõe. Mas vamos trazer este texto ainda mais pra perto de nós, que trabalhamos, convivemos e somos juventudes e dissemos sim ao chamado do Mestre Jesus. Vamos juntos perceber um aspecto desse texto que pode passar por nós sem que nos demos conta: os antecedentes da parábola.

Voltemos lá pra primeira frase, que diz: “Jesus saiu de casa e foi para as margens do mar da Galileia…”, sabe o que é mais interessante nessa frase? Que Jesus saiu de casa e, pelo menos o texto não diz, que ele tomou a iniciativa de ir ao encontro do povo, mas o povo que percebendo a sua presença vem, sem medo e senta-se ao seu redor e aí sim ele começa a falar-lhes.

Para compreender as realidades que nos cercam precisamos sair de casa. As vezes a nossa casa pode ser um espaço físico, mas tembém pode ser uma ideia fixa, pode ser uma realidade, pode ser alguém. Onde é que vc se hospeda, mora, vive?

Aqui há um aspecto indispensável para todo e qualquer jovem que deseja abraçar as causas do Reino: precisamos aprender a sair, a observar, a ir às margens sem interesse. Sair daquela frase, que até já se tornou clichê: “jovem evangelizando jovem” e que muitas vezes soa como uma imposição ou desculpa para não comprometer-se com a totalidade da missão, dizemos sim para amar e amar a todos… O que Jesus diz com sua atitude de sair de casa é muito mais que simplesmente sair por sair: Ele abraça sua opção de vida em tempo integral! Ele é inteiramente “um olhar para o outro” e não se cala quando vê!

Imaginem se Jesus ao sair de casa tivesse pensado: “Hoje não vou contar parábola pra ninguém, quero só olhar o mar…”. O que quero dizer é que Jesus não perdia oportunidade de anunciar a que veio, sem impor, sem marcar hora e sem interesse de arrastar mutidões ou publico seleto. E mais que isso, Jesus nos ensina que o que vem primeiro não é o testemunho falado, a pregação, a intensão… O que vem primeiro é acolher o outro e deixar-se rodear por eles.

Mas o que isso tudo tem a ver com a Parábola do Semeador, que tantas vezes já rezamos e é tão rica de símbolos? Tem a ver que, se Jesus não tivesse saído de casa naquele dia, não haveria parábola, não haveria o questionamento dos discípulos, “Porque vc ensina em Parábolas?”, não seria possível experimentar e ver o desejo de Jesus de fazer-se um com as pessoas que o redeavam, de oferecer-lhes alguma coisa, e no caso, o que tinha de melhor, sua Palavra.

A nossa missão como Jovens é: não perder oportunidade de semear. O semeador é Jesus, mas ele, a partir do momento que nos esclarece, não está só nos dando uma chave para viver a Palavra e identificar o que nos impede de acolhê-la, está nos dizendo: “Olha, um dia você semeia, outro dia você é terreno, outro dia também você pode ser diabo, que não deixa o outro acolher a Palavra (presisamos prestar atenção nisso!), outro dia você é simplesmente a pessoa que saiu de casa porque resolveu espairecer e ao encontrar pessoas, faz até de uma conversa com os amigos, um semear.

Nos nossos grupos, movimentos e comunidades, as vezes a gente “se acha” e se engana pensando que está semeando, quando, na verdade, está sendo espinho, beira de caminho, terreno pedregozo… Outras vezes terra boa. Há infinitas possibilidades, e não adianta iludir-se, todas essas realidades estão dentro de nós. A nós cabe tomar consciência e recomeçar sempre a partir das oportunidades que temos nas mãos.

Semear, acolher a semente, ser terra… isso tudo é maravilhoso, mas só acontece se a gente “colocar os pés no mundo” e sair de casa, sair de si.

Portanto, neste domingo temos mais uma oportunidade de acolher a Palavra, sair pra semear e assumir-se como mulher e homem da roça, da roça de Deus, da messe, que sabe o que faz, mas que mais que isso, conhece o tempo, as chuvas, as secas, a realidade que o rodeia, a terra onde pisa e a hora certa de lançar o que tem de mais de preciso, a Palavra mesma  que o transformou.

*Por Irmã Gizele Barbosa, Filha de São Paulo, Fsp;

 

 

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