Com presença de Dom Fernando, Comunidade Paroquial de Aurora celebra última novena em honra ao Senhor Menino Deus

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A missa de antevéspera da festa do padroeiro da cidade de Aurora, Senhor Menino Deus, foi celebrada pelo bispo diocesano Dom Fernando Panico na noite desta sexta-feira, dia 23 de dezembro, na Igreja-Matriz. O bispo presidiu  a celebração coadjuvado pelo pároco padre Antônio José do Nascimento. Centenas de fiéis acompanharam a última noite de novena em honra ao padroeiro.

Em sua homilia, o pastor diocesano conclamou os fiéis a se colocarem diante do presépio de Jesus “com este sentimento de querer compreender com a graça do Espírito Santo um pouco daquilo que vamos celebrar no Natal”.

Diante dos fiéis que lotaram a Matriz para a celebração, Dom Fernando também recordou sua passagem pela diocese e fez pedido para que todos continuem a  acompanha-lo com suas orações.

Publicamos aqui o texto integral da Homilia do pastor diocesano na Missa da última novena de natal:

“O Santo Natal se aproxima. Estamos na antevéspera da festa do padroeiro desta paróquia. Nós nos apresentamos com um grande desejo de acolher Jesus que volta novamente a bater à porta do nosso coração pedindo acolhida, entrada para ele nascer em nossa vida. Coloquemo-nos, queridos irmãos com estas atitudes que o apóstolo Paulo descreve na leitura que ouvimos da carta aos Efésios. Coloquemo-nos diante do presépio de Jesus com este sentimento de querer compreender com a graça do Espírito Santo um pouco daquilo que vamos celebrar no Natal.

Celebramos a Misericórdia de Deus que nos visita em nossa indignidade de pecadores, para nos salvar, para tirar a culpa dos nossos progenitores, dos nossos primeiros pais no início da humanidade. Todos nós herdamos esta culpa chamada de pecado original. Somente Maria, a mãe de Jesus, foi preservada deste pecado original em previsão da sua maternidade divina. Mas todos nós nascemos no pecado e Jesus vem nos falar da Misericórdia do Pai para que nós abandonemos os caminhos das trevas, do ódio da vingança. As trevas da falta de busca do amor fraterno. As trevas da divisão entre nós, nas famílias, nas comunidades, na Igreja. As trevas da ganância que joga na miséria tantos irmãos nossos. As trevas de querer oprimir os mais fracos. Jesus, que é Deus, veio para abrir seus braços e nos acolher a todos no seu coração humano e divino.

São diversas as representações da imagem do Senhor Menino Deus. No altar desta matriz temos a imagem tradicional venerada por gerações e gerações nesta cidade de Aurora. Mas aqui, diante de nós, temos outra imagem do Menino Deus que nos mostra o seu coração e nos abençoa. É deste coração que todos nós precisamos neste Natal se queremos que o nosso Natal não seja uma festa mundana, uma festa profana, mas uma festa cristã. Afinal, é a festa do nascimento de Cristo, filho de Deus e filho de Maria; verdadeiramente Deus, verdadeiramente homem. É deste coração que ele nos mostra, que podemos encontrar aquele coração misericordioso do Pai que compreende nossas misérias, nossas fraquezas e nos dá o seu abraço de reconciliação e nos convida para ficarmos sempre unidos com os nossos irmãos na casa dele que é a nossa casa, a casa da humanidade reconciliada sem distinções de cor, de raça, de religião, de cultura. O nosso Deus é Deus de todos e nos acolhe a todos no seu amor. Mas este Deus tem um coração humano também para nos dizer que nós sempre devemos nos lembrar do mandamento maior que Deus nos dá: Amar a Deus sobre todas as coisas, com todas as nossas forças, com todo o nosso ser e amar nosso próximo como a nós mesmos, amar os irmãos. Deste coração manso e humilde de Jesus que nasce para nós e nos apresenta como programa, como projeto de vida neste Natal.

(Dom Fernando em última missa na cidade de Aurora. Foto: Reprodução)
(Dom Fernando em última missa na cidade de Aurora. Foto: Reprodução)

Amados irmãos, desejo pra vocês uma bela festa do padroeiro. Sejamos todos seguidores deste Menino Deus. É Menino, sim, mas é grande, é o Pequeno Grande. Aprendamos dele a virtude da humildade para nós sermos filhos e filhas de Deus chamados para esta grandeza de testemunhar e viver a nossa filiação divina. Aprendamos deste Menino a virtude da pobreza, do despojamento de tudo aquilo que nos atrapalha para viver como irmãos, para viver a fraternidade. Aprendamos deste Menino Deus a virtude da obediência. Que busquemos sempre fazer a vontade do Pai como ele fez. Ele sendo Deus se fez obediente e disse ao Pai eterno: eis-me aqui, vou fazer a tua vontade. A vontade de redimir o mundo com a cruz da doação da vida por amor. Esta obediência que Jesus nos ensina como Deus e como homem. Esta obediência que o próprio Jesus aprendeu pelo exemplo dos seus pais aqui na terra: Maria e José. Maria que nos ensina a fazer sempre a vontade do Pai. José que nos ensina a reconhecer em nossa vida os sinais da vontade do Pai e nunca nos afastarmos deste caminho de humildade, de silêncio e de aceitação da vontade do Pai.

Amados irmãos, são 15 anos e 6 meses que estou à frente desta diocese de Crato da qual vocês fazem parte. Chegou a hora de me despedir de vocês. Esta é a minha despedida dentro deste contexto de Natal, deste contexto familiar próprio do Natal… Sofri muitas perseguições, os meios de comunicação que quiseram me derrubar, mas Deus em sua misericórdia me sustentou e até agora estou aqui com vocês. Rezem comigo para que Deus perdoe aqueles que nos fazem o mal. O apostolo Paulo nos disse hoje que devemos rezar pelos nossos perseguidores. Não ter raiva no coração daqueles que nos ofende, nos maltratam, nos perseguem, mas amar a todos é uma graça própria do Natal. Deus se fez homem e nos ensinou a amar a todos, e nós filhos amados de Deus acolhemos este perdão de Deus oferecendo o perdão a todos aqueles que nos fazem o mal.

Amados irmãos, rezem por mim. Eu vou iniciar uma nova etapa da minha vida. Estou com 71 anos. No dia 27 ou 1 de janeiro, melhor, irei completar 71 anos. Ainda deveria ficar mais 4 ou 5 anos na diocese como bispo, mas diante das circunstâncias eu pedi ao Papa Francisco que me exonerasse deste peso que me cansa fisicamente e também moralmente. Pedi um Bispo coadjutor e o Papa enviou-nos Dom Gilberto que daqui a poucos dias será o meu sucessor e o nosso bispo diocesano ao passo que eu vou me tornar bispo emérito de Crato. E como bispo emérito, estarei em outra dimensão, em outro lugar, em outra situação de vida… o bispo pode se separar fisicamente do seu povo, mas o coração dele ficará sempre unido ao coração dos que ele amou e pelos quais ele dedicou sua vida em todos os sentidos.

Fiquemos unidos então queridos irmãos. Confio neste nosso afeto fraterno. Confio e espero que nós possamos viver sempre unidos até um dia nós nos encontrarmos novamente se aqui na terra ou céu eternamente na casa do Pai. Rezemos uns pelos outros para que juntos possamos estar um dia com o Senhor Menino Deus, com Nossa Senhora, mãe dele e nossa, com São José, pai de criação deste Menino Deus e nosso pai espiritual. Que Deus abençoe vocês. Vocês então, sintam-se comigo agraciados por este momento que é de despedida, mas é um momento de bênçãos e de graças. Levem consigo a minha lembrança que eu vou levar comigo a lembrança viva de vocês. Amem!”.

*Com informações da Pascom de Aurora

 

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