Na semana dedicada à vocação para a vida religiosa,
a paixão missionária de duas jovens que alimentaram
o desejo de ser um sinal de esperança para o mundo,
na entrega incondicional a Deus, num serviço de amor
ao Evangelho, à Igreja e ao povo.
A vocação de Aparecida do Nascimento Frazão à vida religiosa nascera no momento em que ela recebeu o sacramento do Crisma. O envolvimento constante na comunidade e a participação nas pastorais da paróquia alimentou o propósito de servir a Deus de uma forma mais especial, mais próxima. O chamado divino coincidiu com a chegada da Congregação Filhas de Santa Maria da Providência, ou Irmãs Guanellianas, à cidade de Missão Velha, há cinco anos. “Através delas, eu consegui adentrar e descobrir o que Deus estava pedindo de mim”, recorda.
Cícera Hilda Souza Santos, de igual forma, viu crescer, dentro de si, o desejo de “dedicar mais tempo a Deus”. “Eu era dizimista, participava dos trabalhos da Igreja, mas eu descobri que não queria dar só um pouco do meu tempo, eu queria dar todo o meu tempo”, conta.
Ambas de famílias fervorosas na fé, Aparecida e Hilda não titubearam em acolher o chamado que lhes ardia o coração. Hoje, dia 21 de agosto, transcorrido o tempo do noviciado, período de formação da vida religiosa, diante da Superiora Provincial da Congregação (das Irmãs Guanellianas), Irmã Neuza Maria Giordani, do Bispo da Diocese de Crato, Dom Fernando Panico, e de toda comunidade paroquial de Missão Velha, elas disseram, em uníssona voz: “Chamaste-me, Senhor. Eis-me aqui!”.

De hábito e véu azul, as duas jovens foram admitidas à vida religiosa num rito que muito se assemelhava ao matrimônio, mas um matrimônio que se dá no plano espiritual da alma com Deus, conforme descreve Santa Teresa de Jesus em seu livro “Moradas ou Castelo Interior”: “Auxiliada pelo Espírito Santo, a alma une-se a Deus num abraço elevadíssimo”.
Presidido por Dom Fernando, o enlace, celebrado dentro da Missa, com a devida solenidade, deu-se da seguinte forma: as noviças, chamadas professandas, dirigiram-se até o altar, onde proferiram os votos de consagração diante da Superiora. Em seguida, houve uma pausa para a homilia, na qual o bispo falou sobre o dom da vida religiosa, parabenizando, de modo especial, à paróquia de Missão Velha pela “fecundidade vocacional” (Aparecida e Hilda são as primeiras jovens da cidade a entrar para as Guanellianas). Na terceira parte do rito, houve um interrogatório em que Dom Fernando perguntou às noviças se estas estavam, de fato, decididas a abraçar a nova vida, “unindo-se mais estreitamente a Deus”.
Passado esse momento, duas religiosas aproximaram-se da superiora, para exercerem a função de testemunhas; Logo após, ocorreu a profissão (breve texto, lido pelas noviças, onde emitem votos de castidades, pobreza e obediência). Acolhendo os votos em nome da Congregação e da Igreja, a superiora fez a entrega de um crucifixo e um livro contento as Constituições, isto é, as regras de vida da comunidade.

Adornadas com aliança divina, Aparecida e Hilda, com as insígnias da Congregação da qual agora pertencem, são chamadas a observar os conselhos evangélicos (o serviço a Deus e aos irmãos necessitados, segundo a espiritualidade da Congregação). Esse rito é chamado de primeira profissão, quando são professados os primeiros votos de castidade, pobreza e obediência, em atenção ao carisma Congregacional deixado pelo fundador, São Luis Guanella.
Toda de Deus
Com olhar vibrante e longo sorriso, Hilda, agora chamada “Irmã”, conta que não há outra palavra para descrever a emoção sentida por tão jubiloso momento. “Hoje está se concretizando algo de muito especial na minha vida, a minha consagração religiosa a Deus. Não é nada de extraordinário o que eu estou fazendo hoje, mas é uma forma de corresponder a esse amor, que me amou por primeiro e me convida a doar a minha vida. Eu já era engajada na Igreja, era dizimista, mas era só uma hora. E eu queria mais. Então eu entrei na vida religiosa, porque é vinte e quatro horas, é sempre”, revela, exultante.
Gratidão é a mesma palavra que brota do coração de Irmã Aparecida: “Primeiramente, a Deus por ter me chamado à vida religiosa. Depois à Comunidade (Guanelliana). Sou muito grata às pessoas que me ajudaram a chegar até aqui, porque eu acredito que foi Deus que colocou cada uma em meu caminho”.

Preparação
A Superiora Provincial, Irmã Neuza Maria Giordani, explica que o processo de formação das jovens desejosas de seguir a vida religiosa, através da consagração a Deus e à Igreja, passa por etapas, divididas em aspirantado, postulantado e noviciado. Esses processos, segundo a superiora, acontecem “com muita liberdade, por amor a Jesus e com desejo de doar-se aos irmãos”. A duração de cada etapa depende da idade, maturidade e do desejo manifestado pelas jovens. “Não há um período fixo. Depende de cada pessoa”, pontua.
Quanto à formação, Irmã Neuza cita os estudos do Evangelho, as Constituições, que são as regras de vida das congregações, os documentos da Igreja e a vida do fundador da comunidade religiosa. Essa formação, no entanto, pode variar de acordo com cada congregação.
Semana Vocacional da Misericórdia
A solenidade deste domingo também se deu por ocasião do encerramento da “Semana Missionária da Misericórdia”. Iniciada no último dia 13 de agosto, mais de sessenta missionários da Paróquia de Missão Velha, de outras cidades da Diocese e também do Ceará, realizaram diversas atividades em prol da evangelização. Dada a realização da Semana dentro do mês vocacional, o momento também foi de reflexão sobre a necessidade de escutar o chamado de Deus e atende-lo, assumindo a vocação como expressão da misericórdia do Pai.






