No vídeo com as intenções de oração do Papa Francisco para o mês de junho, publicado nas redes sociais, o Papa fez um apelo à solidariedade e à cultura do encontro para que as sociedades modernas acolham “os idosos, marginalizados e as pessoas solitárias”.
“Para que os idosos, os marginalizados e as pessoas sós encontrem, mesmo nas grandes cidades, espaços de convívio e solidariedade”.
“Nas cidades, é frequente o abandono de idosos e doentes. Podemos ignorá-lo?”, questiona o Papa.
“As nossas cidades deveriam caracterizar-se sobretudo pela solidariedade, que não consiste apenas em dar a quem precisa, mas em ser responsáveis uns pelos outros e criar uma cultura do encontro”, pede Francisco.
CREIO que todos sabemos que um primeiro direito expresso claramente no Estatuto do Idoso é Direito à Vida. Podemos dizer que este direito é o principal de todos. Viver bem e plenamente guarda relação com políticas sociais de proteção a esta fase da vida.
Através de sua intervenção e de programas voltados a esta população, o Estado deve intervir nas questões que interferem no envelhecimento.
Envelhecer com dignidade diz respeito a ter acesso à saúde e a condições de sobrevivência.
Em muitas situações do cotidiano a pessoa idosa sofre preconceito e rejeição, principalmente quando deixa de ser ouvida em aspectos importantes de sua vida. Isto também ocorre quando o idoso é excluído de decisões familiares ou quando estas decisões são tomadas no lugar da pessoa idosa. A capacidade de poder escolher, de votar, de andar livremente, de manifestar suas opiniões de qualquer ordem, de ter preservado seu espaço físico, seus objetos e bens pessoais são direitos de cidadania, previstos também na Constituição.
Em uma época de crise econômica, dúvidas sobre o futuro político do país e insegurança frente ao que está por vir, uma coisa é certa: o Brasil está envelhecendo — e mais rápido do que se imagina. É o que diz um estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Conforme o Relatório Mundial de Saúde e Envelhecimento, o número de pessoas com mais de 60 anos no país deverá crescer muito mais rápido do que a média internacional. Enquanto a quantidade de idosos vai duplicar no mundo até o ano de 2050, ela quase triplicará no Brasil.
No Brasil, são muitos os problemas enfrentados pelos idosos em seu dia-a-dia: a perda de contato com a força de trabalho, a desvalorização de aposentadorias e pensões, a depressão, o abandono da família, a falta de projetos e de atividades de lazer, além do difícil acesso aos planos de saúde são os principais.
As mulheres são ainda mais afetadas, porque vivem mais tempo e, em geral, com menos recursos e menos escolaridade.
“Em uma civilização em que não há lugar para os idosos, eles são descartados, porque criam problemas; esta sociedade leva consigo o vírus da morte”.
Essa foi uma realidade que o Papa pôde ver de perto quando era arcebispo de Buenos Aires: idosos abandonados materialmente e também em relação às suas limitações. Idosos que vivem em casas de repouso e não são visitados pelos filhos, fato que ele qualificou como um pecado mortal. “Esses idosos deveriam ser, para toda a sociedade, a reserva de sabedoria do nosso povo. Os idosos são a reserva de sabedoria do nosso povo!”.
A cultura do lucro, da sociedade capitalista, em que estamos inseridos, insiste em fazer os idosos parecerem um peso, e o resultado disso é que os idosos acabam sendo descartados.
O cuidado com os idosos está previsto, inclusive na Bíblia, lembrou o Pontífice; na tradição da Igreja sempre se apoiou uma cultura de proximidade aos idosos. “A Igreja não pode e não quer se conformar com uma mentalidade de impaciência e tão pouco de indiferença e desprezo com relação à velhice”. E concluiu: “Onde não há honra para os idosos, não há futuro para os jovens”.





