HOMILIA DO 1º DOMINGO DO ADVENTO – ANO C

Compartilhe:

O ADVENTO DA LIBERTAÇÃO EM JESUS CRISTO

Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.” (Lc. 21,28)

            Com a celebração deste domingo, por meio do tempo do Advento, a Igreja inicia um novo ano litúrgico. Nossas celebrações preparam a comemoração do nascimento do Salvador no passado ao mesmo tempo em que nos ajudam a manter vigilante a expectativa da sua segunda vinda, gloriosa, no fim dos tempos. Com base na reflexão sobre a vinda do Senhor, compreendemos que se trata de um oportuno e necessário tempo de ponderação e oração que nos auxilia no discernimento dos caminhos de nossa vida que necessitam da luz de Jesus para serem bem conduzidos.

Na primeira leitura (Jr. 33,14-16), ouvimos um oráculo proclamado logo após os dias em que a cidade santa sucumbiu ante o poder bélico da Babilônia. Aquele que foi chamado de “profeta da Amargura” porque anunciou a queda de Jerusalém, anuncia a chegada do fruto mais doce da ação divina: o Messias. Esta predição serviu tanto para exortar a manter a fidelidade no exílio como também a revigorar a esperança daqueles que ao retornar a Jerusalém pós-exílio a encontraram destruída. O profeta Jeremias, proclama a fidelidade do Deus da aliança ao anunciar o cumprimento de suas promessas enviando ao seu Povo um descendente da família de Davi. Seu anúncio fala então que a terra santa, desolada e aparentemente infértil, verá surgir um “rebento”, um pequeno broto que é sinal da ação daquele mesmo Deus que outrora fez jorrar torrentes das rochas do deserto. A sua missão será trazer ao mundo as tão almejadas justiça e paz. Por meio da sua missão messiânica o povo voltará a ter dias de fecundidade e vida em abundância.

Na segunda leitura (1Ts. 3,12–4,2), são Paulo escreve aos Tessalonicenses, e aos cristãos de todas as épocas, uma exortação que visa fortalecer o ânimo, evitando assim cair na mediocridade e no comodismo. Muitas décadas já haviam passado desde a morte e ressurreição de Cristo, enquanto muitas comunidades recebiam o anúncio da fé (Querigma), outras fraquejavam por causa da perseguição e também devido a espera não concretizada pela segunda vinda imediata do Senhor Jesus. Os cristãos, povo eleito e marcado pela indelével graça da ressurreição, devem se manter na atitude de esperança enquanto se preparam e esperam pela segunda vinda do Senhor mesma que não saibam quando ela acontecerá. Neste espírito, São Paulo lembra que a comunidade cristã está em permanente peregrinação em direção a santidade/perfeição desejada por Deus. E para que isto seja alcançado é de fundamental importância afim de acolher o senhor que vem, crescer na vivência do amor e na prática da caridade (1Ts. 3,12).

No Evangelho (Lc. 21,25-28.34-36) são Lucas nos apresenta Jesus como o Messias, o descendente/filho de Davi, anunciado pelos profetas. Com Jesus acontece o alvorecer de um novo tempo que vem para substituir o mundo antigo. Neste vindouro tempo haverá liberdade e vida em abundância.

No seu discurso catequético para os discípulos, Jesus descreve os sinais que antecedem a vinda do Messias em sua glória: acontecerá perturbação no sol, na lua e nas estrelas que irão escurecer e farão as pessoas serem tomadas de angústia. Estes sinais cósmicos que a princípio parecerão catástrofes na terra, culminarão na ação salvadora definitiva porque precedem a aparição gloriosa do Filho do Homem, e lembrarão à glória da ressurreição e a transformação que ela realizará no coração dos seres humanos.

Todavia, a salvação/libertação definitiva ainda que demore não deve ser esperada com desânimo e em atitude de comodismo. Faz-se necessário manter-se em constante estado de oração e vigilância para reconhecer e aceitar esta salvação ofertada por Deus como dom. Jesus Cristo, o Messias, veio uma primeira vez quando encarnou-se no ventre da Virgem Maria e virá uma segunda vez na conclusão do projeto de amor de Deus Pai. Cabe aos cristãos reconhecê-lO não somente nos sinais da história, mas também no rosto dos irmãos e irmãos, especialmente daqueles que sofrem e que clamam pela libertação da opressão causada pelo pecado e corrupção que fere a dignidade humana quando impede que todos tenham vida digna.

Ao longo deste Advento, somos convidados a refletir sobre a nossa realidade e a rezar pelas muitas situações de angústia e sofrimento do nosso tempo. Como os discípulos e os cristãos das primeiras comunidades, nestes últimos anos presenciamos sinais catastróficos na natureza, sofrimento em meio as múltiplas guerras que têm ceifado milhões de vidas e que agravou ainda mais a desigualdade social fazendo milhões de pessoas caírem na desolação. O Natal nos convida a abrir o coração à prática da caridade e a viver as obras de misericórdia corporais e espirituais. Mesmo que diariamente vejamos os sinais da guerra, da fome, da doença, o Evangelho nos convida e exorta a perseverar na esperança. Lembremos: a libertação está próxima! É preciso manter-se firme no caminho com Cristo e construir, com Ele, a justiça e a paz.

Pe. Paulo Sergio Silva

Diocese de Crato.

 

Posts Relacionados

Facebook

Instagram

Últimos Posts