HOMILIA DO 33º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B

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CAMINHAMOS COM CRISTO EM DIREÇÃO AO MUNDO NOVO

Quando virdes acontecer estas coisas, fica sabendo que o Filho do Homem está próximo, às portas.” (Mc. 13,29)

À medida que se aproximam os últimos meses do ano e também o final de mais um ano litúrgico, a Palavra de Deus irá nos conduzir a reflexão acerca da “Parusia” – Do grego Parousia, “volta, chegada, advento” – que nos remete a segunda vinda do Salvador (conf: 1Ts 4, 13-18).  Assim refletimos sobre a presença de Jesus Cristo na história da humanidade através de duas imagens: na primeira vinda, ele se encarnou, anunciou o Reino de Deus, morreu e ressuscitou. Na segunda vinda virá gloriosamente, realizando em fim a salvação plena oferecida a toda a humanidade.

Na primeira leitura (Dn. 12,1-3), o profeta Daniel anuncia ao povo, escravo e desesperançado, a ação salvadora e libertadora de Deus. Todavia, não se trata de uma salvação meramente política e terrena. É um anúncio da esperança de uma vida para além deste mundo e da morte. Esta é a confiança e a fé que deve os ajudar a permanecer fiéis a Deus, apesar da perseguição e do sofrimento. Deus agirá intervindo na história e sua ação alcançará tanto os vivos como os já falecidos e a sua perseverança e fidelidade serão recompensadas com a vida eterna. Será o fim do mundo? Sim e não. O mundo que chegará ao fim será o da injustiça, da corrupção, da arrogância que conduz a morte. Das cinzas deste surgirá um mundo novo, de justiça, de felicidade, de paz e de vida em abundância.

E quando acontecerá esta intervenção divina que mudará os rumos da história? Na segunda leitura (Hb.10,11-14.18), a Carta aos Hebreus nos releva quando, onde e por meio de quem Deus realizou a salvação. Jesus, o Filho Unigênito, encarnou-se para realizar o plano de Deus para libertar a humanidade do pecado tornando-a participante da vida eterna. A mensagem é dirigida aos discípulos espalhados pelo mundo que enquanto anunciam o Evangelho são perseguidos pelos pagãos e vivem as dificuldades dos problemas internos dos cristãos. As comunidades cristãs estão desanimadas, cansadas e fragilizadas por causa das perseguições e o autor da carta os lembra que Jesus Cristo com a sua vida e missão, nos introduziu a intimidade com Deus. Ele ensinou-nos a vencer o egoísmo e o pecado e a fazer da vida um dom de amor a Deus e aos irmãos. Assim, exorta os cristãos a viver com fidelidade os compromissos assumidos no Batismo.

O Evangelho (Mc. 13,24-32) nos coloca diante de Jesus já em Jerusalém poucos dias antes de sua paixão e morte. Reunido com os discípulos, Jesus Cristo, ao falar de fenômenos que provocarão mudanças nos astros, revela que num futuro com data conhecida apenas pelo Pai, o mundo, marcado pelo pecado, deixará de existir e que do amor divino surgirá um mundo novo de felicidade em plenitude. É preciso que seus discípulos estejam atentos aos sinais que anunciam essa nova realidade e permaneçam dóceis, abertos e disponíveis para acolher os planos e os desafios de Deus.

Ao contrário do que o nosso senso comum pode induzir, a mensagem do evangelho não pretende nos apavorar com ameaças de castigo. Pelo contrário, nos exorta a manter viva a fé. Como cristãos, continuadores do Reino anunciado por Jesus, enquanto caminharmos neste mundo seremos abordados pelo sofrimento e pela perseguição. Todavia, não devemos nos desesperar porque Jesus vem. As palavras de Jesus não se tratam de uma metáfora, mas são a certeza de que esse mundo novo, de vida plena e de felicidade irá surgir com todo o seu vigor.

Os fatos e eventos históricos já comprovaram que os discípulos de Jesus percorreram, percorrem e percorrerão um caminho histórico marcado pelo sofrimento e pela perseguição; no entanto, à semelhança do seu mestre, não devem se deixar afundar no desespero porque Ele vem para os libertar e salvar. Com a sua vinda gloriosa (de ontem, de hoje, de amanhã), haverão de conhecer a vida em plenitude, e nascerá um mundo novo, de alegria e de felicidade plenas. Por isto, do mesmo modo que um agricultor sensato e prudente é capaz de perceber – pelas singelas mudanças nos seus brotos e folhagens – que é chegado o tempo da floração da figueira, os fiéis, pela sua vida de oração e fé, devem ser capazes de enxergar a presença de Cristo ao lerem os “sinais dos tempos”.

Mesmo em meio as catástrofes naturais, pandemias e a guerras, a humanidade que se deixa conduzir por Deus não caminha para a destruição. Deus é o Senhor da história. Contudo, Ele deseja e espera a nossa colaboração para a realização do seu projeto de amor. Não podemos ficar de braços cruzados. Precisamos passar por um processo de conversão –conversão pessoal, comunitária e pastoral – que implica renunciar ao egoísmo, orgulho, prepotência, exploração do outro, injustiça (valores do mundo antigo) e testemunhar em ações concretas, os valores do Evangelho e do mundo novo: a partilha, o serviço, o perdão, o amor, a solidariedade, a paz e a doação de si mesmo pela salvação do outro.

Pe. Paulo Sérgio Silva.

Diocese de Crato.

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