“Bendito seja Deus nos seus anjos e nos seus santos!” Nos seus santos, Deus é glorificado. Eles são como “uma palavra de Deus”, testemunhas do que Deus fez e faz aos homens. Parafraseando, o Cardeal Steiner, enviado do Santo Padre para a Celebração de Beatificação de nossa Santinha, a “Bem nascida da graça de Deus”, em idade “chegou mais ou menos às 9 horas da existência”, mas em Santidade alcançou o meio-dia, a maturidade cristã. Reza o Prefácio II dos Santos Mártires que o martírio é “obra admirável” do poder de Deus. De fato, nos gestos de pureza e castidade, de santidade da jovem menina, que outra força de vida a moveu, senão aquela do amor caridade operosa? Que amor senão aquela misericórdia, que a fez olhar para sua história com total confiança em Deus, e na dor florescer em esperança de Vida para além da vida? Que amor vence a morte senão aquele que jorrou, qual o sangue de uma infante que caindo na estrada da cacimba, ilumina com o seu testemunho, o chão dos que buscam a Cristo, justiça e misericórdia?
O poder de Deus é amor. E só “o amor é forte como a morte” (Ct 8, 6), só o amor é mais forte que a morte. Nessa esperança, ao recordar o valioso escrito do Padre Cristiano Coelho, Pároco de Santana do Cariri à época do martírio, renovamos no amor de Jesus, o nosso coração em prece: “Morreu martirizada, às 4 horas da tarde, no dia 24 de outubro de 1941, no sítio Oiti. Heroína da Castidade, que sua santa alma converta a freguesia e sirva de proteção às crianças e às famílias da Paróquia. São os votos que faço à nossa santinha.” Às palavras desse coração alcançado pelo testemunho de vitalidade cristã da pequena Benigna, unimos o nosso coração de povo de Deus no caminho e sedento da água da vida, de plenitude de Vida.
Menina Santa: roga por nós!
Que o testemunho dos valores e direitos inegociáveis da dignidade da pessoa humana, da família, da criança e das mulheres, unido à renúncia a toda forma de violência, continue sendo, quais pegadas no caminho da cacimba, sinal da conversão interior, fruto do encontro com Jesus, o servo sofredor.
Uno às súplicas de todos os devotos, a do meu coração de jovem vocacionado ao sacerdócio. Que o perfume da fiel entrega da Virgem Benigna, que profeticamente, “no poço” se fez esposa de Cristo (Gn 29; Jo 4), inspire nos consagrados a pureza de um coração inteiro, todo de Deus e fecundo na missão.
Que a nossa Menina Santa, inspire relações saudáveis e nos proteja da cultura da indiferença frente às injustiças, do descarte dos vulneráveis, e da manipulação da inocência e pureza dos mais jovens; mazelas que pouco se vê e que se reproduzem sutilmente onde o consolo do Evangelho ainda não chegou. “Tua fonte de água pura foi o amor de Jesus Cristo”. É também a força do amor de Jesus que faz um coração inteiro.
Benigna, de olhar puro, ser casto, intercede por nós!
Que vejamos além, com olhar de “bem renascidos” na Igreja, do lado aberto de Cristo, de onde brotou sangue e água, bem nascidos da Palavra Santa de Deus, dos gestos de Cristo, como Benigna que escutou atenta “as histórias sagradas”. Renascidos, vivos para uma Vida que não tem fim, no Mistério Pascal de Cristo, e nos Sacramentos da Igreja, em especial o Batismo e a Eucaristia, fontes de uma vida nova que nada pode conter.
Benigna quis o que devia e, porque com generosidade, fez tudo o que podia, Deus a fez chegar onde queria, pois nela o amor de Deus se fez pleno, ele deu ao “seu jovem coração sedento, vida plena e verdadeira”. Que essa verdade alcance a nós, peregrinos nessa esperança, pois “a fonte, o poço era Jesus”; seja ele também a nossa sede. “A água que lhe darei se transformará dentro dele em manancial que brota dando vida eterna” (Jo 4, 14). Vida que inspirou o jovem Raul a arrepender-se. Os frutos desse martírio alcançaram até o coração daquele que a fez padecer (Mt 5, 44). O amor é fecundo, o pote de Benigna transbordou, cheia de Cristo, deu Cristo e seu testemunho é para nós, caminho para a fonte que é Cristo. Morrendo, a Virgem e Mártir vive eternamente e sua vida está unida àquele que é verdadeiro Caminho e Vida (Jo 14, 6).
Socorrei, Senhor, os que sofrem violados na sua intimidade e dignidade. Fazei-nos viver, como Benigna, movidos pelo amor que mata a morte e a violência do mundo. Dá-nos da água que a fez ter sede de constância, de intimidade; tuas “grandes maravilhas” nos corações humildes e generosos, “porque eterno é seu amor” (Sl 135).
Heroína da castidade: rogai por nós!
Nas palavras inspiradoras do nosso Pastor Diocesano naquele feliz 24 de outubro de 2022, Benigna desvela-se como alguém próximo a nós, neste chão, como tantos homens e mulheres de Fé, promotora de paz e esperança: “Que testemunho belo e poético para a nossa realidade de nordestinos: contemplarmos a nossa Santinha, como carinhosamente a conhecemos, com seu vestido vermelho com bolinhas brancas, sinal do martírio e da pureza.” Que este lírio plantado, que na santidade desabrochou fecundo e perfuma gracioso, seja para todos nós do Vale do Cariri, na Igreja e para o mundo, caminho para Jesus, sinal da maturidade cristã, da pureza de coração, do amor transbordante de quem esperou em Cristo, em quem justiça é misericórdia, é santidade.
Mártir da Pureza: rogai por nós!
// Por Leandro Aleixo da Silva — Seminarista Diocesano




