HOMILIA DO 3º DOMINGO DA PÁSCOA – ANO B

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TESTEMUNHAR JESUS CRISTO: EIS A NOSSA MISSÃO!

Assim está escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia.” (Lc. 24,46)

Irmãos e irmãs!

            Se na Quaresma realizamos uma peregrinação em direção a Jerusalém, na Páscoa somos convidados a nos congregar/reunir em comunhão com o Cristo ressuscitado à espera do Espírito Santo prometido à Igreja. Por isto, os textos meditados durante este tempo litúrgico irão pouco a pouco nos apresentando a pessoa do Espírito Santo que será o condutor e santificador da comunidade de Jesus Cristo.

 A liturgia da Palavra de hoje, continuando a catequese iniciada no domingo anterior, reafirma a essência da missão da Comunidade eclesial (Igreja): anunciar Cristo ressuscitado com palavras, testemunhá-lo concretamente pela vivência do Evangelho para assim concretizar o projeto do Reino de Deus que Ele iniciou. A liturgia deste 3° Domingo da Páscoa desperta algumas questões cruciais e ao mesmo tempo oferece caminhos para responder as seguintes questões: Como é podemos fazer uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado? Como podemos revelar ao mundo que Jesus está vivo e continua a oferecer-nos a salvação? Resposta: Encontro e anúncio. E é a partir desse “encontro”, que os discípulos são convidados a dar testemunho de Jesus diante de toda a humanidade.

            A primeira leitura (At.3,13-15.17 -19), nos Atos dos Apóstolos, apresenta-nos, a Igreja nascente, simbolizada por Pedro e João, na sua missão de dar o testemunho sobre Jesus, o Cristo. O autor do livro está convicto de que a continuação da ação redentora de Cristo permanece se concretizando, não só através da pregação, mas também da ação dos apóstolos. Depois de terem anunciado, em palavras e em gestos concretos, que Jesus está vivo e permanece oferecendo a salvação, os apóstolos convidam a multidão que os ouve a acolher a proposta de vida plena que Jesus lhes faz. No seu anúncio, Pedro narra os acontecimentos que culminaram na morte de Jesus e lembra que o povo preferiu preservar a vida de alguém que trouxe morte e condenar à morte alguém que oferecia a vida digna (At. 3,14). Mas Deus é amor e misericórdia. O povo eleito rejeitou Jesus, mas ainda é tempo de acolher a redenção. Para aqueles que desejam acolher a salvação, existe um caminho: É necessário “arrepender-se” e “converter-se”. Estes dois verbos supõe uma atitude e disponibilidade para reorientar a existência inteiramente para Deus. Isto significa incorporar à pessoa de Cristo, crer n’Ele, acolher o seu projeto, isto é, entrar no Reino que Ele anuncia e propõe.

            E como tornar-se parte do Corpo de Cristo? Na segunda leitura (1Jo. 2,1-5a), o apóstolo João ensina isto a sua comunidade. O discípulo ou cristão é chamado à santidade, vivendo uma vida de renúncia ao pecado. É chamado a rejeitar o egoísmo, a injustiça, a maldade (sinais das trevas) e viver praticando os mandamentos (sinais da luz). João é taxativo e direto: quem disser que ama a Deus e mantém uma comunhão pessoal com ele, mas não ama aqueles por quem Deus se sacrificou na cruz, é mentiroso e seu testemunho não é verdadeiro. Todavia, mesmo que o pecado seja uma realidade presente em nosso dia a dia, não podemos nem devemos nos desesperar da salvação, pois temos um advogado singular diante de Deus Pai: Jesus Cristo.

            No Evangelho (Lc.24,35-48), Lucas nos apresenta os fatos acontecidos logo depois do encontro de Jesus com os discípulos a caminho do povoado de Emaús. São descritos os primeiros encontros de Jesus Cristo, vivo e ressuscitado, com a sua comunidade. Os fatos narrados nos revelam que Jesus ressuscitado permanece sendo o alicerce sobre o qual se funda e se constrói a comunidade dos discípulos. Pela exegese que revela que o A.T. (Moisés, Profetas e Salmos) já havia anunciado sua Paixão, Morte e Ressurreição, pela partilha de alimento  e o gesto de oferecer o corpo para ser tocado por todos, Lucas busca explicitar claramente que a ressurreição de Jesus foi um fato real e inegável, mas que, todavia, os discípulos experimentaram, vivenciaram e aceitaram aos poucos. A profissão de fé na Ressurreição não aconteceu de imediato, mas é fruto de um caminho catequético caminho longo, penoso, muitas vezes esburacado de dúvidas e de incertezas, e no entanto, com disponibilidade para se deixar conduzir pelo Espírito Santo.

 E onde e como, nós, os discípulos atuais, podemos fazer a experiência do encontro com Jesus ressuscitado?

No encontro fraterno com aqueles que partilham a mesma fé e a mesma mesa eucarística, escutando a Palavra de Deus, partilhando esta vivência através do amor vivido em gestos de fraternidade e de serviço. Os discípulos, alimentados pela Palavra e encorajados pela sua Paz, recebem de Jesus a missão de dar testemunho a toda humanidade das ações salvadoras de Deus. A essência da missão da Igreja (os discípulos de Jesus Cristo) é pregar a conversão a todos os homens e mulheres, indicando que a vida nova que Deus oferece, ou seja, a salvação, a vida eterna, se realiza quando acolhemos a pessoa de Jesus Cristo e a Ele confiamos nossa vida e nossa história.

            Jesus, vivo e ressuscitado, permanecerá sempre acompanhando a sua Igreja em missão, vivificando e rejuvenescendo-a com a força do Espírito Santo e orientando-a com a sua Palavra. É tempo, pois, de voltar para o seio da comunidade. Se nossa fé fraquejou, por motivos diversos a ponto de nos fazer abandonar a comunidade na qual fomos gerados no Batismo, voltemos. Retornemos, pois, é lá que o Senhor espera para novamente partilhar conosco Seu Corpo, Seu Sangue e Sua Vida. E com esta partilha permanente haveremos de edificar o Reino de Deus Pai que foi e permanece sendo o centro da vida e da missão de Jesus Cristo.

Pe. Paulo Sérgio Silva.

Diocese de Crato.

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