HOMILIA DO PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA – ANO B

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ACOLHAMOS O REINO DE DEUS PRESENTE NA MISSÃO DE JESUS CRISTO

O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo.” (Mc. 1,15)

Amados irmãos e amadas irmãs!

Com a celebração da Quarta-feira de Cinzas iniciamos nosso retiro quaresmal. Serão quarenta dias de caminhada ao lado de Jesus Cristo, onde seremos formados na escola da fé e do amor, afim de compreendermos o plano de salvação que Deus realizou em nosso favor. Assim, neste primeiro Domingo da Quaresma, nos será revelado que Deus deseja que abandonemos o mundo do egoísmo e do pecado, para receber um mundo novo de vida plena e de felicidade sem fim que Ele quer oferecer a todos os seres humanos.

Na primeira leitura (Gn. 9,8-15) meditamos um trecho da história do dilúvio universal e da missão de Noé. Longe de querer apresentar Deus em guerra com a humanidade, mostra Deus, depois de eliminar o pecado que escraviza o homem e que corrompe o mundo, vindo ao encontro da humanidade e fazendo com ela uma Aliança incondicional de paz. Desta forma, a ação de Deus destina-se a fazer nascer uma nova humanidade, que viva o amor, a justiça, a misericórdia e a vida verdadeira.

Na segunda leitura (1Pd. 3,18-22), o Apóstolo Pedro lembra que, pelo Batismo, os cristãos identificaram-se com Cristo e à sua salvação. Ser batizado significa, portanto, seguir Jesus no caminho do amor e do serviço que se torna doação da vida. Para Pedro, se Cristo ofereceu, até mesmo aos pecadores, a salvação, também os cristãos devem continuar sua missão doando a vida e fazendo o bem, mesmo quando são perseguidos e excluídos. Os cristãos comprometidos com Jesus Cristo pelo Batismo, nasceram para uma vida nova, e por isto devem testemunhar essa vida nova diante de toda humanidade, mesmo diante dos maus e dos perseguidores.

Diferentemente de Mateus e Lucas que narram minuciosamente as tentações, Marcos apenas menciona seu acontecimento afirmando que elas aconteceram durante o período de quarenta dias, no deserto. Tanto o deserto quanto a numero quarenta revelam Jesus Cristo em comunhão e continuidade com a história de Israel. O deserto é o lugar da provação, mas também o lugar privilegiado do encontro com Deus. Se Israel foi tentado pelo próprio orgulho e sucumbiu ali, será neste mesmo lugar que Jesus vencerá o antigo tentador. Assim como Noé esperou por quarenta dias enquanto baixavam as águas do dilúvio (Gn. 8,6-8); como Moisés passou quarenta dias dia no monte com Deus (Ex. 34,28); como o povo eleito peregrinou quarenta anos para encontrar a terra prometida (Ex. 16,35; Dt. 8,2-4); como Elias caminhou quarenta dias para chegar ao Horeb (1Re. 19,8), Jesus irá rezar e jejuar quarenta dias para iniciar sua missão.

Em poucos versículos São Marcos, no Evangelho de hoje (Mc. 1,12-15) nos apresenta fortes expressões que irão nos acompanhar nesta quaresma: Espírito, Evangelho de Deus, Tempo e Conversão. Se na pessoa de Noé, Deus ofereceu uma oportunidade de recomeço para a humanidade, na pessoa do seu Filho Jesus Cristo, Deus oferece a Aliança definitiva. Na sua missão, Jesus nos mostra como a renúncia ao egoísmo e ao pecado e a aceitação dos caminhos de Deus são a origem de um novo mundo que Deus quer oferecer a toda humanidade (o “Reino de Deus”). Para aqueles que ouviram o chamado e aceitaram se tornar discípulos de Jesus, é pedido e exigido que busquem a conversão e acolham à Boa Nova (o “Evangelho de Deus”) que Ele próprio veio propor.

O “Reino” é uma realidade que Jesus começou e que já está, definitivamente, edificada na história. No entanto, é preciso entender que se trata uma realidade ainda não terminada. Portanto, é uma realidade sempre em construção, cuja realização final, acontecerá no fim dos tempos, quando o egoísmo e o pecado desaparecerão para sempre. Em cada dia e em cada momento que vivemos nossa fé de forma coerente, colaboramos com a construção do Reino. A Igreja, comunidade de salvação, embora não sendo ela mesma o Reino em plenitude, é a imagem terrestre do que este Reino será no porvir. Por isto, devemos nos enxergar como imagem da parábola ou alegoria que o autor da obra Pastor de Hermas utiliza em sua catequese.  A Igreja, nesta obra é apresentada como uma torre. Este edifício feito de pedras, tem o Filho de Deus como rocha, e como fundamento os patriarcas e profetas do AT, depois os apóstolos, os bispos, doutores e os servidores humildes. Todos os membros são importantes para que a torre mantenha sua estabilidade, firmeza e coesão. Nossa missão é permanecer fiel ao compromisso do anúncio do Evangelho que exige de cada um de nós e em cada instante de nossa vida: doação, serviço, renúncia e fé na misericórdia de Deus.

Pe. Paulo Sérgio Silva

Diocese de Crato.

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