MANIFESTEMOS NOSSO “SIM” E CONTEMPLEMOS A FELIZ REALIZAÇÃO DAS PROMESSAS DE DEUS
“Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua Palavra!” (Lc. 1,38)
Amados irmãos e amadas irmãs!
Aproximam-se os últimos dias da caminhada do Advento 2023. Esse tempo de espera ativa e fecunda, em preparação ao Natal do Senhor, proporcionou-nos forte experiência de vigilância, esperança, convicção e comprometimento na missão. Somos convidados a abandonar nossos planos individuais para aderir ao plano de salvação de Deus. Esse plano, anunciado já no Antigo Testamento, torna-se uma realidade concreta e plena com a Encarnação do Verbo Divino.
O Evangelho (Lc. 1,26-38) nos apresenta o momento em que Jesus se encarna na história, para nos trazer a salvação. O diálogo do anjo Gabriel com Maria, ensina-nos que a realização do projeto de Deus torna-se possível quando a humanidade aceita dizer “sim” a Deus, acolher Jesus e apresentá-Lo ao mundo.
Na primeira leitura (2Sm.7,1-5.8b-12.14a.16), somos convidados a olhar nossa vida à luz dos planos de Deus, e não o contrário. O rei Davi, ao dialogar com o profeta Natã, expressa o desejo de construir uma casa para Deus. Todavia, Deus revela que seu plano é caminhar em meio ao povo, trilhando os caminhos de libertação e salvação. No entanto, promete a Davi que de sua descendência nascerá aquele que construirá, então, a casa para sua habitação. À luz da experiência de fé das comunidades cristãs, Jesus é a realização plena da promessa que Deus fez a Davi. Muito mais do que o templo construído pelo rei Salomão, a casa verdadeira de Deus é Jesus mesmo. Ele é o Santuário da vida porque Nele habitam as duas naturezas: divina e humana. Sendo Deus e Homem, armou sua tenda entre nós para ser o verdadeiro templo acessível a todos que desejam a salvação. Depois da Encarnação, o coração humano tornou-se o templo onde Deus deseja habitar e ao aceitarmos a sua presença, Deus se torna o nosso Templo de Salvação.
Na segunda leitura (Rm. 16,25-27), São Paulo, na conclusão de sua Carta aos Romanos, chama a esse projeto de salvação, preparado por Deus desde sempre, de o “Mistério”. No entanto, ele recorda que não há mais nada escondido, pois a Encarnação de Jesus é a plenitude da revelação de Deus. É um mistério de amor e de grandeza imensurável, mas que, por misericórdia divina, foi revelado a todos, especialmente aos corações humildes e simples que possuem a capacidade de acolhê-lo e colocá-lo em prática em cada momento da história. O Apóstolo proclama que a salvação se manifestou – em Jesus –, a todos os povos, a fim de que a humanidade inteira se torne a família de Deus.
Maria e José provavelmente já haviam feitos seus projetos de vida. Haviam planejado um casamento comum e uma vida tranquila. Deus entrou na vida dos noivos. Convidou Maria para ser a Mãe do Seu Filho, gerado pela ação do Espírito Santo. Desafia José a confiar nas palavras do anjo em meio a um sonho febril. Maria, generosamente oferta o seu sim, sem exigir maiores explicações, mas apenas obedecendo a Deus e confiando em Seu amor. José confia e assume a missão de marido, pai e guardião do tesouro de Deus.
As vidas de José e de Maria foram totalmente mudadas por Deus. Porque Maria e José foram abertos à vontade de Deus, acolhendo as suas missões, a Humanidade abandonou o caminho da destruição e do mal e foi redimida. A salvação vem a nós pelo sim de Maria e de José. Assim também muitos dependem do nosso sim cotidiano e permanente para que o anúncio do Evangelho chegue até eles.
O que é proposto a Maria é, pois, que ela aceite ser a mãe do “Messias” esperado por Israel desde tempos remotos. É o libertador enviado por Deus ao seu Povo para lhe oferecer vida e salvação plenas. Quantas vezes em nossa vida discernimos a vontade e os planos de Deus e pelo egoísmo somos incapazes de renunciar nossos planos individuais para que Ele aja e atualize a salvação para todos? Quantas vezes a salvação de alguém dependeu de nossa adesão aos planos de Deus, e mesmo conscientes disto, negamos nosso “Sim” por medo, desconfiança ou indiferença?
Diante do convite de Deus à missão, qual deve ser a nossa resposta? Maria de Nazaré foi uma pessoa de oração e de fé, que fez a experiência do encontro com Deus e aprendeu a confiar totalmente n’Ele. Na agitação diária, encontramos tempo e disponibilidade para ouvir Deus, para viver em comunhão com Ele e perceber os seus sinais? Deixemo-nos tocar por Deus! Assumamos nosso lugar nos caminhos de Deus, e deixemos que Ele conduza Seu plano de amor para nós e para o mundo. Digamos como Maria, “Faça-se em mim segundo a tua Palavra”.
Como terra fecunda que germina vida ao receber o orvalho da manhã, bastou um coração aberto, para acolher o anúncio, para que se iniciasse o momento mais sublime da história da humanidade: “o Verbo de Deus se fez carne e veio habitar no meio de nós”.
Acompanhemos nossa Mãe Santíssima nos últimos dias de sua espera feliz rezando como no salmo: “Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso Amor, de geração em geração em cantarei vossa Verdade.”
Pe. Paulo Sérgio Silva
Diocese de Crato.





