Ao fim da tarde deste sábado, 4 de fevereiro, Bruna Pereira (26 anos) e Tatiana Miranda (28 anos) foram admitidas à Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus. A cerimônia foi presidida por Dom Magnus Henrique Lopes, na Catedral onde Dom Quintino Rodrigues – primeiro bispo de Crato e fundador da Congregação – iniciou seu ministério episcopal.
Diante da coordenadora-geral, Madre Assunção Morais, professaram os Conselhos Evangélicos (texto breve onde emitem votos de castidade, pobreza e obediência) e tornaram-se “freiras”, como se convencionou chamar. Antes dos seus nomes, a partir de agora estará outro, mais afetivo: “Irmã”. O significado é simbólico: quer dizer que, dentro da Comunidade Religiosa, terão Santa Teresa de Jesus como mesma mãe, mestra e guia.
Nascidas na cidade de Jardim – onde nascera também a co-fundadora da Congregação, Madre Ana Couto – tiveram trajetórias vocacionais diferentes que a experiência e a maturidade da fé uniram em um sentimento comum: o desejo da consagração.
Bruna tinha doze anos quando viu entrar uma “freira” na igreja. Era quinta-feira e ela participava da Adoração ao Santíssimo Sacramento com a avó. “Minha vocação nasceu do ‘ver’. Eu via e não entendia. Minha vontade foi ir lá, falar com aquela Irmã, mas eu era muito tímida e não fui.”
Um ano depois, ingressou no grupo de coroinhas da Paróquia. E em meio aos objetos litúrgicos que delicadamente colocava sob a credencia sentiu outra vez aquela inquietação. Deu-se conta que queria ser freira “para aprender a servir melhor”.
Começou, então, a participar dos encontros vocacionais promovidos pela Diocese de Crato, conhecendo, inicialmente as Irmãs Camilianas e as Irmãs Beneditinas de Nossa Senhora de Guadalupe até chegar às Filhas de Santa Teresa de Jesus.
“Costumo dizer que fui ‘descoberta’ por elas. Eu estava viajando quando as Irmãs foram a Jardim, em missão. E a minha madrinha comentou com a Irmã Vera [então coordenadora-geral] que tinha uma afilhada que queria ser freira. Irmã Vera se interessou e pegou meu contato. Eu fiquei atordoada. Conversarmos e ela perguntou se eu queria conhecer a Congregação”.
Em 2016, ingressou nas etapas formativas com uma pausa no meio delas. A “pausa” – Bruna explica – foi necessária para “criar consciência e convicção”.
“Hoje, a certeza que eu arrego é que a minha vocação é Deus quem me resgata todos os dias […] e vai me mostrando o que quer… É como um sol brilhando forte no coração.”
Curiosamente, neste caminho vocacional, sua irmã Beatriz também ingressou na vida religiosa, mas na Congregação das Irmãs Sacramentinas que tem casa de missão em Salitre.
Já Tatiana vem de uma prole de 14 irmãos e sentiu-se tocada ao ouvir “palavras testemunhais” de quem vivia “uma experiência maior de proximidade com Deus”. Era 2013 e ela tinha 18 anos. Um sentimento que não compreendia passou a lhe falar forte ao coração. Foi quando pediu para ser acompanhada pelas Filhas de Santa Teresa. Quatro anos depois, no entanto, uma dúvida a fez “parar e esperar”. Retornou à família, em Jardim, mas sem abandonar o processo vocacional. A pausa, felizmente, foi breve.
“Percebi que precisava dar um sentido maior a minha vida e, finalmente, dizer esse ‘sim’ a Deus do mais íntimo do coração”, conta. Hoje, compreende a vida consagrada como “sinônimo de realização pessoal”.
Cerimônia
Bruna e Tatiana foram admitidas à Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus por meio de votos temporários, também chamados de primeira profissão, um rito de iniciação na vida religiosa consagrada.
“Nós como religiosa, aprendemos na escola de Jesus. Somos mulheres de oração profunda, como nos ensina nossa mestra, Santa Teresa de Jesus. Temos que ser mulheres que dão testemunhas daquilo que anunciamos que é a Boa- nova de Jesus, não apenas com palavras, mas com a nossa própria vida para que, as jovens, nos vejam e também sintam-se atraídas”, explicou Madre Assunção, Superiora Geral da Congregação.
A religiosa falou ainda do sentimento em acolher as novas irmãs. “Receber estas jovens é uma alegria imensa. É para nós um dia festivo porque recebemos duas jovens que fizeram os seus primeiros votos. Isso é muito bonito. Por isso, rendemos a Deus um canto de louvor pelo sim dessas irmãs. Para mim, como superiora, é motivo de muita alegria poder acolhê-las em nosso meio”, disse.
Para este novo tempo, Bruna escolheu a passagem bíblica “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5), e Tatiana achou na carta de São Paulo a Timóteo a síntese de sua caminhada vocacional: “Eu sei em quem acreditei” (2Tm 1, 12).
Na mesma cerimônia, outras duas religiosas, Irmã Gehilde de Oliveira Leite e Irmã Maria de Fátima de Lima Sousa, uniram-se em definitivo à Congregação ao realizarem “profissão perpétua”. Uma decisão que exigiu vivência, experiência e oração.
“Decidir pelos votos perpétuos é decidir ser toda de Jesus, é dizer sim a cada dia, com firmeza e sinceridade e se fazer disponível para fazer a vontade de Deus todos dias, nesse sim para sempre. Sou feliz na minha vocação, sou feliz em ser Filha de Santa Teresa de Jesus”, contou Ir. Gehilde. ” As nossas novas irmãs o que eu digo é que permanecem com os olhos fixos em Jesus. Ele é o centro da nossa vida, para que tenhamos sempre coragem de continuar na caminhada”, disse ao acolher aquelas que ingressam na congregação.
Viver a consagração
Ao dirigir-se as religiosas, o bispo diocesano refletiu sobre o vida do consagrado, suas alegrias e desafios. Dom Magnus que, também é religioso, falou do papel dos homens e mulheres consagradas de serem luz a iluminar o mundo escuro pelo secularismo.
“A grande pregação da vida consagrada é a alma da vivencia plena no seu carisma, da integração, da transformação das dores do mundo a partir do evangelho e da espiritualidade. Precisamos anunciar com a vida de oração, com a escuta da Palavra de Deus, e o testemunho fraterno para que, o Povo de Deus, possa encontrar em nós, pessoas vivas que sentem grande entusiasmo da entrega. Não deixem que o espírito do secularismo invada o sagrado claustro, arrefecendo a mística Teresina, a luta das primeiras consagradas, a alma e a poesia daqueles e daquelas que desbravaram, a exemplo de Dom Quintino.”, disse o bispo diocesano.
“Queridas irmãs, à medida que o povo de Deus percebe que assumimos atitude de discípulos e discípulas diante de sua Palavra, e que somos homens e mulheres orantes, temos força para continuar a missão que nem sempre o mundo acredita. E, com certeza, na vida fraterna, na integra, na vivencia do carisma, vocês encontrarão o verdadeiro sentido, o sabor as entrega e da consagração, e serão para o mundo luz para tantos que andam nas trevas. A vida religiosa, todos os dias, precisa recomeçar e reconstruir a partir dos votos de pobreza, castidade e obediência, a luz do Evangelho para o mundo. Deus vos recompense pelas vossas vidas”, completou.
Saiba mais: O processo de formação de quem deseja ingressar na vida religiosa, através da consagração a Deus e à Igreja, passa por etapas divididas em Aspirantado, Postulantado e Noviciado, cuja duração depende da idade, da maturidade e do desejo manifestado no coração. A formação geralmente integra os estudos do Evangelho, as Constituições (que são as regras de vida da Congregação), os documentos da Igreja e a vida do fundador da comunidade religiosa.
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Por Assessoria de Comunicação















