“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres.”
A liturgia deste domingo nos conduz a compreensão de que a verdadeira experiência de fé cristã somente se torna possível em nossa história quando fazemos da Palavra de Deus o centro e a força de nossa vida e missão. Essa Palavra não se trata de uma mera doutrina intelectual; mas sim um anúncio libertador que Deus dirige a toda a humanidade.
Na primeira leitura, o profeta Neemias, nos apresenta a comunidade de Israel reunida e tendo como centro a proclamação da Palavra. O profeta Neemias recebe autorização do rei da Pérsia para reconstruir Jerusalém e o Templo em meio ao retorno do povo depois do exílio da Babilônia. O profeta se reúne com o povo tendo como centro o que eles possuíam de mais sagrado: as Sagradas Escrituras. Através da leitura o povo recorda que Deus não abandonou a Aliança feita com Israel.
Na segunda leitura, continuando a reflexão sobre a unidade na diversidade, São Paulo recorda a comunidade de Corinto que ela nasceu e se alimenta da Palavra e que por isto, deve superar todas as formas de divisão por meio da Palavra também. Usando a analogia do corpo humano e seus membros, o Apóstolo afirma que os fiéis cristãos, para permanecer unidos a Cristo, devem transformar a Palavra em realidade concreta através da unidade, comunhão, solidariedade e do serviço.
No Evangelho, no início do seu escrito, se utilizando de uma passagem do profeta Isaías, Lucas apresenta o projeto da missão de Jesus. Neste contexto, entendemos que Cristo é a Palavra de Deus que se faz pessoa e realidade concreta no meio da humanidade, realizando o tempo da Graça de Deus, anunciando a libertação e trazendo a esperança àqueles que padecem ante o sofrimento, miséria e o pecado.
Através do projeto de Jesus, Lucas recorda aos cristãos de todos os tempos o caminho missionário da Igreja e as condições para permanecer na fidelidade ao seu Mestre. Os discípulos devem viver conscientes de que a sua missão é a mesma de Cristo e que consiste em levar a “boa notícia” da libertação e salvação aos mais pobres e excluídos do mundo. Assim como Jesus, a Igreja é ungida e guiada pelo Espírito para viver e dar continuidade ao tempo da Graça iniciado por Ele.
Em nosso tempo, quem são os que necessitam do anúncio da Boa Nova? São as crianças e idosos ignorados pela sociedade? São os migrantes carentes de solidariedade e acolhida e sem lar para morar? São aqueles que estão presos nas prisões físicas? Ou aqueles que se encontram aprisionados pelos vícios e pelo pecado? São as famílias atacadas em sua sacralidade? São as crianças não nascidas cujas vidas foram extirpadas pela sociedade egoísta e narcisista?
A luz do Evangelho de hoje entendemos que só em Cristo é que podemos compreender toda a história da salvação e toda a Palavra que foi anunciada pelos profetas. E assim como aconteceu com aqueles que o ouviram no seu tempo, cada cristão e cada comunidade deve fixar o seu olhar em Cristo e tornar-se anunciador da esperança colaborando na construção de verdadeiras comunidades de vida e de amor.
Pe. Paulo Sérgio Silva
Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Farias Brito




