Catarina de Siena, a prova que o sofrimento santifica

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O testemunho destemido de Catarina de Siena, santa e doutora da Igreja, foi base para este livro escrito pela norueguesa protestante Sigrid Undset que, para a maior honra e glória de Deus, converteu-se ao catolicismo, tornou-se uma leiga dominicana e fez chegar até nós o mais belo relato que se tem notícia da vida da jovem sienense.

Undset observou com maestria o contexto da Europa na qual viveu Catarina Benincasa, marcada pela descrença que era impossível “ao ser humano sacrificar a vida pelo bem e pela verdade”. Imperava, na Europa do século XII, o orgulho e a vaidade os quais Catarina combateu veemente com atos penitenciais externos que lhe tiraram a beleza física, visto que era uma mulher de aparência muito bonita e agradável. Assim, a autora relata minuciosamente acontecimentos da vida desta mulher que comprovam que, sim, é possível assumir a missão Cristã de batizados em uma sociedade que, em sua maior parte, desacredita da bondade humana e relativiza a busca pela santidade. Dessa forma, a partir da leitura, conclui-se com facilidade que Undset trouxe à luz do conhecimento, com a vida de Catarina, algo que é atemporal. Ainda no século 21, a humanidade desacredita que ela mesma possa lutar pelo bem e, por não fazer isso, submete-se a acontecimentos que exigem cada vez mais a ascensão de testemunhos como o da donzela de Siena que dediquem a vida em favor de Deus e dos necessitados e nada – interior ou exteriormente – reservem para si.

Em uma narrativa densa em conteúdo, porém, leve nas palavras, Undset expõe acontecimentos da vida de Catarina que validam a piedade e caridade cristã como baluartes no testemunho da fé. Tão cedo, Catarina compreendeu a afirmação no Evangelho de Lucas que “o reino de Deus está dentro de nós” [Lc 17, 21] e, a partir de então, aperfeiçoou a sua vida para ser um reflexo da felicidade deste Reino na vida de todos aqueles que puderam contar com seus numerosos esforços.

Já na sua infância e adolescência, a pequena Catarina assumiu um comportamento diferente das pessoas de sua idade, pois, quando criança, não era dedicada à brincadeira e às aventuras como se é comum. Ao contrário, sempre foi uma menina reservada e, no silêncio que tanto buscava ter, com uma maturidade avançada a sua idade, rezava para que Deus a mantivesse como tal. Na adolescência, sua mentalidade continuava a fazer aspirar os bens celestes. Ainda que seus pais desejassem ardentemente que Catarina arranjasse um casamento, a única união pretendida pela jovem era com o Esposo, pela qual se alcança todos os favores para seguir com fidelidade na missão terrena.

Tal aspecto é o que mais pesa sobre a santidade de Catarina, pois, vivendo um amor esponsal unida às dores de Cristo, podia se consolar de todas as dores que viesse a sofrer na terra e, como o Esposo, dedicar a sua vida por aqueles que amava.

Assim, a obra pretende mostrar que, seguindo o exemplo de Catarina, é possível a cada um de nós ser santo combatendo o próprio ego as limitações que, na maioria das vezes, são impostas por nós mesmos para não servirmos como deveríamos. Catarina cuidou dos enfermos, dos famintos, dos necessitados, dos pobres… Todos estes, depois de Cristo, ocuparam um lugar primeiro em sua vida. Quanto mais experimentou o sofrimento de Cristo, tanto experimentou suas consolações como um caminho para a consolação eterna, onde seu Esposo a aguardava.

Celebrar a santidade de Catarina de Siena dentro do tempo Pascal nos impele, então, a renascidos com o Cristo ressuscitado, testemunharmos a nossa fé a exemplo da jovem sienense, que, desde a mais tenra idade, compreendeu que a santidade se faz alcançar por um único caminho: o abandono à vontade divina. Como Catarina, em nossa caminhada, unamos nossas dores às dores de Cristo e suportemos, em vista da felicidade eterna, os pesares desta vida, pois, como mesmo disse a santa, “quem possui o amor de Deus nele encontra tanta alegria que cada amargura se transforma em doçura e cada grande peso se torna leve”.

 

Livro: Catarina de Siena: biografia de uma santa;

Autora: Sigrid Undset;

Editora: Minha Biblioteca Católica;

Ano de publicação: 2019;

Páginas: 368.

Por: Fabrício Furtado, colaborador. 

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