Por: Seminarista Ygor Duarte
As palavras do Papa Francisco acerca da alegria do Evangelho já se tornaram proverbiais e conhecidas. Em suas reflexões espontâneas ou meditadas, a alegria é um tema de grande recorrência. Até para evangelizar, que é a grande missão da Igreja, caso falte a alegria, tudo parece perder cor e vigor. Vale observar suas palavras: “E que o mundo do nosso tempo, que procura ora na angústia ora com esperança, possa receber a Boa Nova dos lábios, não de evangelizadores tristes, impacientes ou ansiosos, mas sim de ministros do Evangelho cuja vida irradie fervor, pois foram quem recebeu primeiro em si a alegria de Cristo”.
Aliás, alegria é uma das mais espontâneas reações daqueles personagens dos Evangelhos que por primeiro tiveram “notícias” acerca de Jesus Cristo. Mas não apenas isso. A alegria é, por excelência, um dos traços mais comuns do que é para anunciar. Lucas é quem melhor retrata essa característica. Bastam algumas observações. Eis as palavras do Anjo a Zacarias: “Terás alegria e regozijo e muitos se alegrarão com o seu nascimento” ( Lc 1, 14). Para a jovem de Nazaré as palavras foram estas: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1, 28). Aos pastores a voz eloquente do Anjo ressoou assim: “Não temais! Eis que eu vos anuncio uma grande alegria…” (Lc 2,10). Essas breves recordações apontam para uma percepção quase imediata: não há como levar boas notícias sem alegria. O Anjo, mensageiro de Deus, apresentou-se com essa linguagem.
Sempre nos deixando ajudar por Lucas, vale observar que, quando os discípulos de Jesus partiram em missão pela primeira vez, a eles soou forte a recomendação: “Não leveis para a viagem nem bastão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; tampouco tenhais duas túnicas…” (Lc 9,3). Qual seria, pois, sua segurança? Esta viria somente da mensagem que levariam. E o próprio Lucas relata o caminho dos discípulos: “Eles então partiram… de povoado em povoado, anunciando a Boa Nova…” (Lc 9,6). Em termos práticos, a expressão “Boa Nova” equivale a levar boas notícias da parte de Deus. Ora, seria um contrassenso transmitir boas notícias sem alegria. Seria a negação da própria Boa Nova.
A alegria do Evangelho anunciada tem a sua raiz na festa de Pentecostes, na qual celebramos a plenitude do mistério pascal com o dom do Espírito. Os Congressos Missionários serão festas pentecostais marcadas pela “Alegria do Evangelho” de uma Igreja em saída, toda e sempre missionária por sua natureza.
A alegria do Espírito pressupõe a passagem pela cruz, não a suspende. Eis os esteios da nossa vida missionária: somos assumidos no amor de Deus, enviados em comunidades missionárias para semear em terra fértil e em terra seca, mas sempre para anunciar a “alegria do Evangelho”.
“O bilhete de identidade do cristão é a alegria” “Desde os primórdios do cristianismo, a alegria é uma força de resistência mais eficaz que os antidepressivos da farmácia” (cfr. EG 263). A polaridade entre alegria e angústia, entre esperança e tristeza de pessoas “lesadas em seus direitos” (cfr. EG 191), é também fonte de energia. A alegria dos discípulos e missionários tem a sua motivação mais profunda no encontro com Cristo ressuscitado.
Vemos, desde os primeiros anos do século XXI, diferentes transformações. São grandes e profundas mudanças em alta velocidade. Tudo ficou acelerado por causa das tecnologias da informação e da comunicação, depois de um longo período em que as coisas demoravam muito para sofrer alguma alteração mais drástica. Temos uma conjuntura instável, dinâmica, imprevisível, fora de controle e complexa. Houve uma mudança de época, em que passamos de um entendimento mecânico e simplista da realidade, para uma forma de compreensão mais complexa e multirreferencial.
O risco da “independência doentia”: “um dos importantes sinais do nosso tempo é a crescente consciência que o individualismo narcisista é psicologicamente, socialmente, politicamente, economicamente, espiritualmente e ecologicamente destrutivo”. Essa lógica dominante do mercado, do consumismo e de uma economia mundial, valoriza o poder e o dinheiro de tal maneira que a dignidade da pessoa humana e de toda a criação é deixada de lado, ofuscada e até destruída. Uma lógica geradora de exclusão. Essa inversão de valores alimenta uma prática centrada nos prazeres dos sentidos, exclusivista e intolerante que impede de “fixarmos nosso olhar nos rostos dos novos excluídos.
Porém, apesar dessa cegueira que às vezes pode afetar até os membros das comunidades eclesiais, permanece inabalada a maior riqueza dos nossos povos latino-americanos: a Fé no Deus da Vida e a Fé no seu Filho Jesus Cristo, fonte de nossa alegria. “A Igreja, que participa dos gozos e esperanças, das tristezas e alegrias de seus filhos, quer caminhar ao seu lado neste período de tantos desafios, para infundir-lhes sempre esperança e consolo”.
É nesse contexto, de preocupações e esperanças, que o Papa Francisco nos convida para uma nova etapa evangelizadora marcada pela verdadeira alegria, a alegria do Evangelho, a alegria da vida plena. Realmente “a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus” (EG 1); e, essa alegria que preenche todo o coração precisa ser anunciada a todos os homens, mulheres e crianças, do jeito que fizeram os pastores de Belém.
Anunciar o Evangelho é de grande alegria e importância na sociedade, sobretudo no pontificado do Papa Francisco que visa uma Igreja em saída. Ele considera que é próprio da Sagrada Escritura o dinamismo de “saída”. Todo povo de Deus é chamado a ser esta nova saída missionária, cada cristão batizado e cada comunidade pode discernir qual é o caminho que o Cristo lhe pede, sabendo que todos os povos são convidados a aceitar esta chamada de sair da comodidade e ter a coragem de alcançar todos os lugares que precisam da luz do Evangelho. “Alegra-te! Grita de alegria, o Senhor está no meio de ti! (Sf. 3,14-18)”.
Na Sagrada Escritura é visível o acolhimento de fé verdadeira que traz alegria para ser partilhado com tantas pessoas. Quem encontrou Jesus fica marcado e apaixonado, querer guardar só para si seria inevitável essa experiência de fé. Por isso, todo povo de Deus é impulsionado a comunicar aos outros, o que viu e ouviu neste encontro pessoal com o Senhor. O Evangelho é a boa nova para o mundo e a partir dele ser anunciado através da alegria da fé que nasce, brota e continua a ser anunciado e a compartilhar com outros o dom recebido mesmo diante de sacrifícios e cruzes.
Sem dúvida a alegria do Evangelho enche o coração e a vida daqueles que tem um encontro pessoal com Jesus. Assim como aconteceu no tempo de Jesus e dos Apóstolos e prossegue até os dias atuais com homens e mulheres que acolhem com fé e alegria o Evangelho de Cristo. E a partir disso tem-se essa experiência de sentir-se amadas por Deus e acordam para um compromisso missionário e evangelizador. Por isso, diante de tantos desafios na atualidade anunciar o Evangelho enche o coração e a vida de tantas pessoas que se encontram com Jesus. Todos que se abrem para esta nova experiência se libertam do pecado, tristeza, isolamento e renascem com Jesus Cristo sem cessar a alegria.
Numa sociedade tão materialista e com avassaladora oferta de consumo, é muito triste o que brota do coração daqueles que vivem acomodados e vivem em busca de prazeres superficiais que mais tarde não terá sentido nenhum para a vida. Por isso, quando se fecha à vida interior, automaticamente não há permissão para deixar espaço que a luz Divina goze de alegria no interior da pessoa humana.
É a alegria de ter um encontro pessoal, que toda pessoa humana se permite renovar ou até mesmo de tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, tendo que, quem se arrisca o Senhor não se desengana. Somente graças ao reencontro com o Amado que encontra-se a verdadeira alegria permitindo que a mesma conduza a plena evangelização da boa nova.
Anunciar é evangelizar. A evangelização vai muito mais além daquilo que se ver ou se ouve. Evangelizar é espalhar amor, transmitir alegria, transbordar o entusiasmo. Sentimentos que ardem no coração do homem em falar de Jesus Cristo. A evangelização é necessária no mundo contemporâneo, pois as pessoas estão perdendo sua identidade, de onde vim, para onde vou.
Anunciar sem alegria? É através da alegria que está presente nas pequenas coisas da vida, que sentimos, ouvimos a partir dos sinais de Deus por meio da oração pessoal, na simplicidade das coisas e outros. Não se deve se fechar da felicidade, porque aí a alegria será recuada e não estará sendo fiel ao amor de Deus para sua vida.
O Evangelho de Jesus resplandece e convida constantemente à alegria. Deve-se ouvir a mensagem do Mestre que é fonte de alegria: “Manifestai-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa” (Jo.15,11). Devemos como cristãos buscar sempre a alegria de Deus, assim como os discípulos buscaram-na mesmo nas perseguições (Jo. 8,8).
Na Palavra de Deus, aparece constantemente este dinamismo de «saída», que Deus quer provocar nos crentes. Abraão aceitou a chamada para partir rumo a uma nova terra (cf. Gn 12, 1-3). Moisés ouviu a chamada de Deus: «Vai; Eu te envio» (Ex 3, 10), e fez sair o povo para a terra prometida (cf. Ex 3, 17). A Jeremias disse: «Irás aonde Eu te enviar» (Jr 1, 7). Naquele «ide» de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova «saída» missionária. Cada cristão e cada comunidade há-de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho. (EG, n. 20)
O Papa Francisco pede que tornemo-nos pessoas que andam nas ruas com o povo e jamais ficarmos dentro de casa acomodados por alguma coisa que nos atraia, como a televisão, celular dentre outros meios. É bom lembrar que todas as vezes que sentirmos desamparados, sozinhos, abatidos, tristes, saiamos para a rua e caminhemos em direção do povo sofrido, escutemos o que se passa nas suas vidas, suas expectativas, sofrimentos, como também suas esperanças.
Se caminharmos junto com o povo de Deus, teremos a certeza que Deus não nos deixará sozinhos, por que quando anunciamos que Cristo morreu e ressuscitou por nós Ele não permite que deixemos de sonhar e jamais percamos a esperança na certeza que Deus se alegra com nosso testemunho. Com tudo isso, vejamos a alegria missionária que não só o Papa Francisco pede, mas o próprio Cristo que se faz presente e nos encoraja para anunciarmos o Evangelho a partir das Sagradas Escrituras.
É importante ressaltar que todo cristão batizado não deve ficar parado no tempo, mas que possa caminhar para frente se pondo a serviço do Evangelho.
Ser Igreja significa ser povo de Deus, de acordo com o grande projeto de amor do Pai. Isto implica ser o fermento de Deus no meio da humanidade; quer dizer anunciar e levar a salvação de Deus a este nosso mundo, que muitas vezes se sente perdido, necessitado de ter respostas que encorajem, dêem esperança e novo vigor para o caminho. A Igreja deve ser o lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa do Evangelho. (EG, n. 114)
Antes de anunciarmos o santo Evangelho, acima de tudo temos que amar e conhecer a Deus, uma vez que sendo encorajado pelo o amor mútuo do Senhor, propagará a boa nova, não somente dentro dos muros da Igreja, mas fora, lá onde as pessoas não sintam mais o cheiro da evangelização. Antes de levarmos o Evangelho, temos que ser Igreja viva e atuante, errando ou acertando com ela, mas na certeza que Deus está guiando e iluminando os passos para que o Evangelho seja anunciado com fervor e alegria. Não basta só anunciar, é preciso viver para que o testemunho de vida seja ecoado na vida de tantas almas que poderão se espelhar e ser instruídos para uma nova forma de vida, não se prendendo somente a palavras, mas, sobretudo com ações que ofertem ao Senhor, alegria, humildade e perseverança para continuar seguindo os passos do Mestre sem desamor.
O caminho para evangelizar não se torna algo fácil, mas é preciso coragem e muita luz do Espírito Santo para não ter medo de enfrentar as batalhas e muito menos aqueles que desejam transformar-se abrindo o coração para uma nova cultura de evangelização.
Para isto é necessário uma nova evangelização. Cada pessoa sendo protagonista do seu batismo e tendo a convicção de realmente transformar um compromisso com aquilo que se pede, não permitindo que alguém que já tenha experimentado verdadeiramente o amor de Deus, não pense que não poderá sair e anunciar aquele que deu sua vida e ressuscitou por nós.
Todo batizado é chamado a ser missionário na medida em que teve seu encontro pessoal com o Senhor, ninguém deve se sentir incapaz de ser discípulos e missionários. Todos estejam cheios dessa certeza que olhando para aqueles primeiros discípulos, que logo de terem encontrado o olhar de Jesus, saíram anunciando cheios de alegria. Como também a Samaritana que logo que finalizou seu diálogo com Jesus, tornou-se missionária e partir daí muitos samaritanos acreditaram em Jesus com as palavras pronunciadas por aquela mulher. Vejam também para São Paulo, que também teve seu encontro com o Mestre e imediatamente começou a proclamar que Jesus Cristo é o filho de Deus. Por isso, todos são chamados a serem evangelizadores, procurando sempre uma boa formação, aprofundando-se a cada dia do testemunho do Evangelho. Com isso, é bom deixar-se encontrar-se com o modo de Jesus, seja como for, sem olhar as nossas imperfeições, mas oferecendo-se sempre a estar mais próximo da Palavra e com ela dando sentido a cada dia à sua vida.
Descobrir o verdadeiro Evangelho e a partir dele ser o grande modelo para seguir Jesus Cristo, ajuda a viver e dá esperança para bem comunicar aos outros, por isso, a missão é um estímulo constante para não ficarmos parados, mas continuar a crescer com seu testemunho de fé, que certamente todo cristão é convidado a oferecer, assim como São Paulo: Não que já o tenha alcançado ou já seja perfeito; mas corro para ver se o alcanço, lançando-me para o que vem à frente (Fl 3, 12-13).
É importante lembrar que é preciso compreender a necessidade de anunciar o Bom Pastor que de maneira alguma julga as pessoas, mas sim que ama como coração de Pai. É preciso propagar a Palavra de Deus não somente quando bem quisermos, mas sim compete-nos como uma tarefa diária. Porque, quem deseja amar verdadeiramente Jesus Cristo e seu Evangelho de todo o coração, necessita expulsar do coração tudo o que não é de Deus, mas sobretudo o amor próprio.
Para seguir o Evangelho é preciso esvaziar-se das coisas terrenas para encher-se do amor e da palavra de Deus. Já dizia Santa Tereza: “Desapeguem seu coração das criaturas e procurem a Deus que o encontrará”. Ou seja, quem busca, encontra, não permite-se ficar na mesmice. Quem não desapega das coisas do mundo com medo de desagradar o seu próprio coração como também os dos homens, não tem a mínima coragem de anunciar o Bom Pastor e deixar-se ser preenchido das coisas do alto e permitir que outras pessoas também tenham a primazia de ter esse encontro pessoal com o Mestre.
O catecismo da Igreja Católica ressalta a importância do desapego das coisas do mundo e convida todas as pessoas a colocarem a sua afeição em Deus, não querendo outra coisa mundana a não ser de Deus.
Por isso, evangelizar é anunciar Jesus, somente uma pessoa apaixonada por Jesus Cristo é capaz de evangelizar. É necessário pôr Jesus no coração do povo, mas lembrando que, ninguém coloca o Senhor no coração de outra pessoa se, primeiro, não o colocou no seu próprio coração.
“Evangelizar não é se vangloriar, mas testemunhar a fé com a vida.” (Papa Francisco). Ou seja, não só de palavras vive o homem, mas sim de atitudes generosas que testemunhe verdadeiramente sua vida, sem busca de aplausos, mas, sobretudo de conhecer, amar e anunciar o Evangelho a todos os povos e nações.
“Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando voltarei a ver a face de Deus? Depois da criação ninguém mais viu a face de Deus e o grande anseio é encontrar essa face.” (Salmo 42, 3). Portanto, na sociedade em que estamos inseridos, muitas das pessoas estão sedentas de Deus para poderem terem a coragem de ter o encontro pessoal com o Senhor. Por isso precisamos ajudá-las a terem um coração de carne e não de pedra, para que acolham atenciosamente os sinais e tenha a reconciliação com Deus para enxergarem a face de Deus, abrindo caminhos para o anúncio e assim propagar tudo que está guardado no coração.
Por isso, é graça por graça. É necessário entender que todo poder vem de Deus, para que o homem na sua liberdade deixe-se tocar pela ação poderosa do Espírito Santo. É vivendo o Evangelho e seremos autênticos no anúncio da Boa Nova, tendo a primazia de evangelizar para que Deus aja através do seu poder na vida de cada um.
E falar de Jesus Cristo é algo impressionante, porque diante de toda a sua vida pública, foi-se sempre alegre em poder ensinar nas sinagogas e acima de tudo levar as pessoas a acreditarem na sua fé.
Em toda a sua vida, Jesus mostra-se como nosso modelo. Ele é o “homem perfeito” que nos convida a nos tornarmos seus discípulos e a segui-lo: por seu rebaixamento, deu-nos um exemplo a imitar, por sua oração, atrai à oração; por sua pobreza chama a aceitar livremente o despojamento e as perseguições. (CIC. n, 520)
Para anunciar a Boa Nova, não tem idade e muito menos lugar, porque o importante é evangelizar com ardor missionário, com alegria, com esperança e com o coração transbordado de fé. É preciso ser protagonistas da mudança, porque com o coração pode-se construir um mundo melhor e tornar as pessoas felizes. Com isso, a Igreja precisa do entusiasmo, da criatividade e da alegria desta nova geração e, sobretudo, o que o Papa Francisco pede: ser uma Igreja em saída, com o intuito de levar o Evangelho a todos os confins da terra. É preciso inovar, para que a mudança ocorra para o bem de todos e enxerguem a verdadeira luz que é Jesus Cristo. Levar o Evangelho é acolher aqueles que tropeçam no decorrer da vida e se desviam da graça, é poder também estender o braço para aquele que está caído, é ser ponte onde há distâncias. Por isso, é preciso ter fé, esperança e, sobretudo o amor.
É preciso diariamente ter atitudes que revelem aos que estão ao redor de cada pessoa que existe um Deus que habita e deseja fazer maravilhas na vida de cada um, sem medir esforços, só é necessário permitir-se que o Cristo habite e faça morada na sua vida.
É importante ser pacífico e tranquilo como também harmonioso, porque infelizmente vivemos em um tempo onde o caos está cada vez mais presente na vida. A boa notícia é que Jesus convida a estabelecer a paz e como filhos D’Ele ser pacificadores.
Para seguir Jesus e o seu Evangelho é bom ter em mente dois aspectos importantíssimos:
- Ter um ideal de vida e estabelecer metas para que se faça aquilo que Jesus pede com convicção, anunciar com fervor e alegria, sem medo de testemunhar o amor do Mestre o Bom Pastor.
- Não ser egoísta de querer guardar somente para si os ensinamentos e palavras de Jesus, mas sempre ajudar o povo de Deus, não buscando seus próprios interesses e muito menos buscando algo em troca.
Se um bom seguidor de Jesus não possuir esses três aspectos, não terá como colher os frutos para uma nova vida e muito menos desejar que outras pessoas tenham em mente que Cristo é a sua centralidade, que os desafios vivenciados não serão cessados, que as pedras encontradas no caminho não irão derrubar. É preciso beber da fonte, beber do vinho bom, sem deixar-se embriagar-se pelas coisas terrenas, mas embriagar-se e ficar cheio do Espírito Santo.
Jesus precisa ser anunciado por pessoas que sejam para Ele como os seus pés, suas mãos, seus braços, seus olhos, sua face, e que o apresente a pessoas necessitadas. Nos tempos de hoje, o Senhor necessita de pessoas que saia em busca de resgate, com braços capazes de libertar pessoas de situações ruins, como bebidas alcoólicas, drogas, prostituição, adultério e rebeldia. Vidas que acham que não tem mais sentido, depressivas, precisam ser resgatadas. O Senhor deseja libertar pessoas do isolamento, do orgulho e da vaidade, como também daqueles que estão no fundo do poço.
A maior necessidade do ser humano é de amor e do Evangelho. As pessoas precisam deixar-se ser tocadas e ao mesmo tempo curadas de suas feridas. Jesus é o Bom Pastor. Ele necessita de alguém que seja para Ele como suas mãos para tocar nessas feridas e derramar sobre elas azeite e vinho. As pessoas precisam ser vistos pelo Senhor, por isso, Ele precisa de missionários que sejam a sua face, para acolher e amar em seu imenso amor.
Quem segue verdadeiramente o Senhor encontrará alegria e felicidade verdadeira, para isso é preciso que se entregue totalmente nas mãos do Senhor. Quem se debruça em Deus poderá encontrar sempre a vitória. Existe uma multidão que precisa de Jesus, que necessita ser salva, por isso, hoje o Senhor quer de cada um de nós, como naquele tempo precisou de Eliseu, Ele precisa de você cheio do Espírito Santo para propagar o Evangelho.
É bom ressaltar que Evangelizar não é fácil e muitas pessoas tem dificuldade de levar a Palavra de Deus, seja por timidez, ou até mesmo por não saberem o que falar e ou como falar. Por isso, é preciso acima de tudo orar e muitas pessoas ignoram esse passo, mas que o mesmo é de suma importância, porque é através da oração que encontrarás a base, sobretudo da sabedoria em relação a palavras que falará como também a forma de como abordar as pessoas pedindo sempre a capacidade para bem falar e pedindo a Jesus que coloque as palavras certas para pronunciar.
No Evangelho de Matheus 28,19 diz o seguinte: “Vão e façam discípulos de todas as nações”, por mais que seja bom passar bom tempo com nossos irmãos, é bom lembrar que Jesus chama para deixar o círculo que se vive e ir até aqueles que precisam ouvir tudo sobre o amor de Deus. Então, é muito importante andar com pessoas que têm a mesma fé em Jesus Cristo, não esquecendo que podes alcançar mais pessoas para perto de Deus, não vivendo em uma bolha evangélica, por isso Jesus pede para caminhar pelos corredores da vida, seja no trabalho, faculdade ou até mesmo pelas ruas próximas de casa.
Além disso, outro importante ponto é colocar-se no lugar do outro sempre, porque alguns dons têm hora e lugar, não se faz necessário sair pelas ruas gritando, distribuindo profecias ou até mesmo falando em línguas estrangeiras. É necessário ter bom senso, pois a maioria das pessoas não entende o que você deseja transmitir e com isso poderá acabar sendo um desserviço ao Reino de Deus. Então é preciso que a mensagem de Jesus seja transmitida com clareza e simplicidade que até uma criança consiga compreender. É importante ter cuidado para que não desrespeite a opinião como também a crença de outras pessoas que estão ao seu redor, pois cada um tem sua forma de vida e com certeza seu papel não é julgar ou condenar, mas oferecer um bom “vinho” para o caminho da salvação: Jesus Cristo.
De outro modo, é necessário ter convicção, ser sincero para convencer alguém que Jesus Cristo é o caminho, a verdade a vida que só Ele salva, por isso precisa ter certeza disso. O apóstolo Paulo, por exemplo, era assim, ele falava de Jesus com tanta convicção que milhares de pessoas se convertiam. Entretanto, nem todos o recebiam com alegria até o apedrejavam pelo seu modo de evangelizar. Custa o que custar, mas é preciso pregar a verdade que acredita.
No entanto quando o assunto é evangelizar alguém, é preciso dar bom testemunho. Fazer uma análise de como você decidiu seguir o Bom Pastor, o que Ele fez por você. Assim como o apóstolo Pedro, que instruiu-se como o próprio Cristo que disse:
“… Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa consciência, de forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porque estão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias.” (1 Pedro 3:15,16).
Ninguém pode falar daquilo que você não pode experimentar, não existem argumentos que abatam aquilo que você viveu, por isso, é sempre estar preparado para compartilhar o seu testemunho quando tiver que evangelizar uma pessoa e seja espelho para elas.
Mas pode-se questionar: Por que devo evangelizar? É preciso saber que primeiro é um mandamento que o Senhor nos deu, é uma obrigação de todo salvo, não significa que o cristão deva pregar a palavra com receio ou forçado, mas sim por tratar que é uma testemunha de Jesus Cristo. É também um privilégio de todo salvo, que é poder cooperar com Deus.
Em João 15,19 diz: “Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia”. Por isso, é uma grande responsabilidade e privilégio pregar a Palavra, pois fomos escolhidos por Deus para este trabalho de evangelização. Então, possamos esperar que esta verdade se torne viva e eficaz na vida diária de todas as pessoas que confessam ao Senhor como Salvador.
Possamos compreender que Evangelizar é falar de Deus. E falar de Deus não é fácil e muito menos complicado, tanto que o Verbo se fez carne. Por isso, é bom aprender com as parábolas do Evangelho e aceitar sem medo o desafio de fazer chegar aos corações de todos, principalmente dos jovens. Na verdade, evangelizar é um exercício de criatividade, numa Igreja que é rica de manifestações de fé assim como exorta em 1 Cor. 15, 14 “Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é sem fundamento, e sem fundamento também é a vossa fé”, e que é também sustentada pelo Espírito Santo. Com isso, ser criativo é valorizar o que os outros sabem e podem fazer, sem inveja.
Por fim, evangelizar é justamente olhar com abertura para o horizonte missionário que se abre, porque muitas pessoas ainda se encontram ou se sentem afastadas da Igreja. Trata de uma conversão pastoral assim como pede o Documento de Aparecida, uma firme decisão missionária que deve carregar todas as estruturas eclesiais e todos os planos pastorais de dioceses, paróquias, comunidades religiosas, movimentos e de qualquer instituição da Igreja. Nenhuma comunidade deve excluir-se de entrar decididamente, com todas suas forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé (DA. n. 365).
REFERÊNCIAS:
Dom José Antonio Peruzzo, arcebispo de Curitiba (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB. Publicado no SIM n. 4 – out. – dez. de 2016.
ASSIS, Maria Cristina. Metodologia do trabalho Cientifico. Modulo I p. 48. 2012. Disponível em: HTTP://portal. Virtual.ufpb.br/biblioteca-virtual/files/pub_1291081139.pdf. Acesso em 23/08/2017




