Amar a Deus e ao próximo: eis o mandamento definitivo

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HOMILIA DO 3º DOMINGO DA QUARESMA – ANO B

AMAR A DEUS E AO PRÓXIMO: EIS O MANDAMENTO DEFINITIVO

“Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei.”

A Liturgia da Palavra deste domingo manifesta a eterna preocupação de Deus em conduzir a humanidade ao encontro da vida nova. Nesse sentido, a sua Palavra nos propõe caminhos de conversão enquanto nos ensina que, para viver a comunhão com Deus, necessitamos também viver a comunhão e a fraternidade com os demais seres humanos.

Na Primeira Leitura, por meio do livro do Êxodo, somos apresentados ao Decálogo, um conjunto de mandamentos que visam indicar o caminho correto para uma vida plena. Os mandamentos pretendem levar Israel (e toda humanidade) a deixar a escravidão do egoísmo, da autossuficiência, da injustiça, da ganância, das paixões e da cobiça que leva à exploração. Os mandamentos nascem do amor de Deus e procuram indicar ao povo o caminho para ser feliz. A resposta do povo será aceitar as indicações e viver de acordo com esses preceitos. Longe de ser uma amarra para a liberdade, os mandamentos são orientações que indicam às duas dimensões fundamentais da nossa existência: a nossa relação com Deus e a nossa relação com os irmãos.

Na Segunda Leitura, o apóstolo Paulo nos sugere uma conversão à lógica de Deus que é manifestada em plenitude na loucura da cruz. Assim, compreenderemos que a salvação, a vida plena e a felicidade sem fim não estão numa lógica de poder, de autoridade, de riqueza, de dominação, mas na vida da cruz, isto é, no amor total, no dom da vida até às últimas consequências, no serviço simples e humilde aos irmãos. Para o apóstolo Paulo, na cruz de Jesus manifestou-se, plena e definitivamente, o poder salvador de Deus.

No Evangelho, somos apresentados a uma catequese prática de Jesus, que busca ensinar o mistério da cruz e ressurreição com palavras e gestos concretos. Indignado com a exploração financeira do Templo de Jerusalém, Ele reafirma a inviolabilidade da dignidade humana e apresenta-Se como o “Novo Templo” por meio do qual Deus Se revela aos homens, oferecendo-lhes o seu amor. Deus não habita um templo onde existe exploração da vida humana. Por isso, o evangelista nos convida a contemplar Jesus e descobrir na sua vida e no seu “Evangelho” essa proposta de vida nova que Deus nos quer apresentar. De nada adiantará uma observação mecânica e obsessiva dos mandamentos se, ao mesmo tempo, formos insensíveis ao sofrimento que o pecado causa na vida dos nossos irmãos e irmãs. Como podemos encontrar Deus? Como podemos descobrir e viver os seus caminhos? O Evangelho responde: com Jesus, em cujas palavras gestos nos é revelado e manifestado o Amor de Deus que oferece a vida plena, fazendo-Se companheiro de nossa caminhada.

Qual é o verdadeiro culto que agrada a Deus? Evidentemente, não são os ritos pomposos que são áridos e estéreis. O culto que Deus acolhe é uma vida vivida na escuta e na prática da sua Palavra manifestada em gestos concretos de doação, de entrega e de serviço aos irmãos e irmãs. A observação dos mandamentos não pode – e nem deve – ferir a dignidade da humanidade, afinal Deus não se encarnou e não se entregou na cruz por um rito, mas por todos os homens e mulheres que, apesar da ingratidão, permanece sendo para Deus o bem mais precioso.

Padre Paulo Sérgio Silva

Pároco da Paróquia São Sebastião, em Mangabeira, distrito de Lavras – CE

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