Território indígena, localizado em Pesqueira- PE, recebe visita da Caravana da Mãe das Dores

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Caminho longo, cheio de pedra e areia. É assim o percurso que os romeiros do “Padim Ciço” fazem para chegar a Juazeiro do Norte. Mas dessa vez foi diferente, Juazeiro do Norte foi até os romeiros, através da Caravana da Mãe das Dores que, inspirada pelos ensinamentos do Papa Francisco, vivenciou mais uma experiência missionária da Igreja em Saída, indo ao encontro dos romeiros, agora no município pernambucano de Pesqueira.

A visita aconteceu durante esse fim de semana, dias 14 e 15 de abril. Como programação o padre Cícero José da Silva, pároco da Basílica, e os demais membros visitaram algumas aldeias indígenas, que são tão presentes no município. “A Caravana da Mãe das Dores é uma experiência de fazer o caminho que o romeiro faz até Juazeiro”, explicou o padre informando ainda que naquela região, que conta com o maior reduto indígena do Nordeste, existe uma grande devoção ao patriarca de Juazeiro do Norte. “Os índios que aqui moram o tem como defensor, aquele que cuidou e nos ensina a dar o valor que a mãe natureza tem, a casa comum que é responsabilidade de todos nós”, completou.

Momento da Santa Missa. (Foto: Rozelia Costa)

Ao todo, vinte e quatro aldeias formam o território Xukuru. Mais de dez mil índios habitam naquele espaço marcado pela luta e resistência de um povo de fé, que enxergam nos ensinamentos do Padre Cícero uma forma de manter a harmonia com a mãe natureza.

 

A passagem da caravana levou também muita alegria às aldeias. A irmã Annette Dumoulin conduziu os diálogos, como faz no encontro com os romeiros, às 15h, durante as romarias, e o teclado do Francisco Silva, fez ecoar o som dos benditos cantados com grande emoção. Em contrapartida os membros da Caravana tiveram contato com o modo de viver dos índios, assistiram a cerimonia feita na mata, comeram dos alimentos próprios da culinária indígena como o Xeré, feito a base de milho, por exemplo. Foram também até o tumulo do cacique Chicão, assassinado na década de noventa enquanto defendia os ideais do seu povo.

Caravana com alguns índios. (Fotos: Rozelia Costa)

A viúva de Chicão e mãe do atual líder, o cacique Marcos Xukuru, Zenilda Maria de Araújo, abriu o coração em meio à visita ao cemitério onde os indígenas são plantados. Ela se definiu como “teimosia” e, diante das experiências vivenciadas, incentivou todos a não temerem diante das dificuldades da vida. “Se receberes uma crítica por estar fazendo o bem, continue a fazer porque senão estarás dando asas ao criticador. Continue fazendo o bem e o criticador perceberá que o bem prevalecerá”, disse ela com a propriedade de quem assume em cada dia, com a vida, a luta do povo.

O Santuário de Nossa Senhora das Montanhas e o local onde se acredita que Nossa Senhora das Graças, padroeira do município, apareceu a duas crianças, também foram visitados pelos membros da Caravana.

A celebração eucarística, presidida pelo padre Cícero José ao final da tarde do domingo na aldeia Passagem, concluiu a romaria, que foi abençoada pela Mãe das Dores e também pelas águas das chuvas que começaram a jorrar, banhando a terra e a vida dos missionários que a partir dali retornaram a casa de todos: Juazeiro do Norte.

 

Por: Jornalista Patrícia Silva (MTE 3815/CE)

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