O trabalho multiplica os dons: Paróquia de Aurora celebra Festa da Colheita

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Quando o dia 25 de julho vai despontando, algo diferente ocorre na cidade de Aurora. O comércio não está tão movimentado, os “carros da feira” não estão “no ponto”, os “cafés” não estão com tantos clientes e parte das casas está fechada. E onde está esse povo? Pergunta o leitor. Está na Igreja Matriz, agradecendo, ao Senhor Menino Deus, a colheita do ano, ofertando, no altar, os dons que brotam da terra, a casa que a todos é comum, como disse o Papa Francisco, na encíclica “Laudato Sí” (em português: ‘Louvado sejas’).

A “festa do Sindicato”, como é conhecida, começa na Igreja. Com bandeiras verde e branca em punho, simbolizando, respectivamente, a esperança no bom inverno e a paz trazida por ele, os trabalhadores e trabalhadoras rezam, cantam e louvam, numa festa que contabiliza já trinta e quatro anos.

Em Aurora, a “festa do Sindicato” começa na Igreja. Foto: Patrícia Mirelly

“É um momento em que a gente para para agradecer a Deus pelos frutos que recebemos. E também agradecer por nós, que somos agricultores, sofridos e castigados pelo sol quente, mas que vem, neste dia específico, lembrar e comemorar juntos”, disse o secretário de Políticas Públicas do Sindicato, Joselito Santos de Araújo. De acordo com ele, este ano o inverno foi de “regular a bom”, o que traz um conforto, além de uma colheita satisfatória.

A Missa em Ação de Graças, este ano, foi presidida pelo bispo diocesano, Dom Gilberto Pastana, na manhã desta quinta-feira. Faixas de boas vindas e de agradecimento foram espalhadas ao redor da Matriz, expressando a alegria em tê-lo neste dia grande.  “Veio tornar a festa maior”, afirmou o secretário Joselito. Concelebraram a Eucaristia o pároco, Padre Cícero Alencar Ferreira; e o vigário-paroquial, Padre Raimundo Ribeiro Filho.

Na homilia, o pastor explicou que o “poder –serviço”, pregado por Cristo no Evangelho do dia (Mt 20, 20-28),  não é concentrador, mas compartilhado, porque todos se sentem membros, vivendo as alegrias e as tristezas. O poder que exclui, que mata, “entre vós não deve ser assim”, alerta Jesus.

“Não fazemos nada sozinhos, mas sempre em colaboração com os outros. ‘Os construtores do Reino’, que querem o Céu, devem evitar a violência e a ganância do mundo. Antes, devem promover a justiça e a paz. E como é bom quando os agricultores se juntam, na sua comunidade, para melhorar não só a produção, mas a qualidade dela”, refletiu Dom Gilberto.

O bispo também fez críticas ao agronegócio, reforçando que a agricultura familiar é a alternativa para contê-lo, porque a força da solidariedade e da partilha vence o individualismo.

“A grande riqueza da agricultura familiar é a pluralidade. Celebrar a colheita é celebrar a resistência, esse poder que Jesus fala no Evangelho, de ser diferente do mundo, vivendo a verdadeira comunidade. Obrigada pela acolhida, mas peço e rogo ao Senhor, que vocês possam juntar os pensamentos e sonhos, para ser uma comunidade viva e atuante, colocando, em primeiro lugar, aquele que é o autor da vida, que é Pai, que é Filho e que é Espírito Santo”, completou.

<< No ofertório, trabalhadores levaram ao altar os frutos colhidos este ano. Foto: Patrícia Mirelly >>

Igreja e o bem-comum

A Igreja Católica, por meio de sua Doutrina Social, manifesta-se nas causas do povo desprovido de cuidado, na luta por vida e por dignidade. No antigo testamento, por exemplo, os profetas se preocupavam com as viúvas e os órfãos, e os primeiros cristãos sempre assistiam os que mais necessitavam, garantindo-lhes a vida e a dignidade de “filhos de Deus”.

Nesta busca pelo bem-comum e pela dignidade do trabalho humano, a Diocese de Crato, sobretudo na figura de seu terceiro bispo, Dom Vicente de Paulo Araújo Matos, impulsionou a organização sindical ao buscar melhorias para a condição de vida do trabalhador rural, dentro de princípios cristãos.

Por: Patrícia Mirelly/Assessoria de Comunicação com informações do seminarista Humberto Nunes França

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