Papa Francisco sai do Vaticano e visita Bozzolo e Barbiana

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Bozzolo (RV) – O Papa Francisco visitou na manhã desta terça-feira duas localidades italianas, centro e norte do país, Bozzolo e Barbiana.

O Santo Padre chegou de helicóptero a Bozzolo por volta das 9h15, onde foi acolhido pelo bispo de Cremona, Dom Antônio Napolioni, pelo prefeito da cidade e por muitos fiéis. Em seguida, na Paróquia de São Pedro, Francisco se deteve em oração diante do túmulo de Padre Primo Mazzolari, e na sequência fez um discurso aos fiéis. Depois se transferiu para Barbiana, onde chegou às 11h15 da manhã (hora local). Ali foi acolhido pelo Cardeal Giuseppe Betori, Arcebispo de Florença e pelo prefeito da cidade. Francisco visitou o túmulo de Padre Lorenzo Milani e depois diante da igreja da cidade fez um discurso aos fiéis. O Papa retornou ao Vaticano às 12h30.

Às vezes incômodo

No seu primeiro discurso em Bozzolo o Santo Padre destacou que ele foi a Bozzolo e depois Barbiana como peregrino nas pegadas de dois párocos que deixaram um rastro de luz, às vezes “incômodo”, no seu serviço ao Senhor e ao povo de Deus.

Eu disse muitas vezes – iniciou Francisco – que os párocos são a força da Igreja na Itália. Quando são as faces de um clero não-clerical, eles dão vida a um verdadeiro “magistério dos párocos”, que faz muito bem a todos. Padre Primo Mazzolari foi chamado de “o pároco da Itália”; e São João XXIII saudou-o como “a trombeta do Espírito Santo, na Baixa padana”.

O rio, a casa, a planície

Depois de descrever a personalidade de Padre Primo e a sua formação derivada da rica tradição da “terra padana” o Papa meditou sobre a atualidade da sua mensagem tendo como pano de fundo três cenários: o rio, a casa, a planície.

O rio é uma esplêndida imagem, que pertence à minha experiência, e também a de vocês, disse o Papa. Padre Primo desenvolveu o seu ministério ao longo dos rios, símbolos da primazia e do poder da graça de Deus que escorre incessantemente para o mundo. A sua palavra, pregada ou escrita, buscava clareza de pensamento e força persuasiva na fonte da Palavra do Deus vivo, no Evangelho meditado e rezado, encontrado no Crucificado e nos homens, celebrado em gestos sacramentais não reduzidos a mero ritual.

Padre Mazzolari, pároco em Cicognara e Cocoon, não se protegeu do rio da vida, do sofrimento de seu povo, que o plasmou como pastor sincero e exigente, antes de tudo consigo mesmo. Ao longo do rio aprendia a receber todos os dias o dom da verdade e do amor, para ser seu portador forte e generoso.

Família de famílias

Já a casa, (a grande casa) na época de Padre Primo, era uma “família de famílias”, que viviam juntas nestes férteis campos, também sofrendo misérias e injustiças, à espera de uma mudança, que depois resultou no êxodo para as cidades. A casa nos dá a ideia de Igreja que guiava Padre Mazzolari. Também ele pensava em uma Igreja em saída, quando meditava para os sacerdotes com estas palavras: “Para caminhar é preciso sair de casa e da Igreja, se o povo de Deus não vem mais a nós; e ocupar-se e preocupar-se também de suas necessidades que, apesar de não serem espirituais, são necessidades humanas”.

O cristão se distanciou do homem, e o nosso discurso não pode ser compreendido se antes não o introduzimos por este caminho, que parece ser o mais distante mas é o mais seguro. […] para fazer muito, é preciso amar muito”. A paróquia é o lugar onde cada homem sente ser esperado, um “lar que não conhece ausências”.

Padre Mazzolari foi um pároco convicto de que “os destinos do mundo se amadurecem nas periferias”, e ele fez de sua própria humanidade um instrumento da misericórdia de Deus, à maneira do pai da parábola evangélica.

Pároco dos distantes

Ele foi justamente definido “o pároco dos distantes”, – disse ainda Francisco – porque ele sempre os amou e os procurou. Ele não se preocupou em definir um método de apostolado válido para todos e para sempre, mas de propor o discernimento como maneira de interpretar alma de cada homem. Este olhar misericordioso e evangélico sobre a humanidade levou-o também a dar valor à necessária gradualidade: o sacerdote não é alguém que exige a perfeição, mas que ajuda a todos a darem o melhor.

O terceiro cenário é o da grande planície. Quem – disse o Papa -, acolheu o “Discurso da Montanha” não tem medo de avançar, como um andarilho e testemunha, na planície que se abre, sem limites tranquilizadores. Jesus prepara seus discípulos para isso, levando-os através da multidão, entre os pobres, revelando que o pico é alcançado na planície, onde se encarna a misericórdia de Deus. À caridade pastoral de Padre Primo se abriram muitos horizontes, nas situações complexas que enfrentou: as guerras, os totalitarismos, os confrontos fratricidas, a fadiga da democracia em gestação, a miséria de seu povo.

Encorajo todos vocês, irmãos sacerdotes, – disse Francisco – a ouvirem o mundo, aqueles que vivem e trabalham nele, para responder a todas as questões de sentido e de esperança, sem medo de cruzar desertos e áreas de sombra. Assim, podemos tornar-se Igreja pobre para e com os pobres, a Igreja de Jesus.

Francisco concluiu com um pedido: “que o Senhor, que sempre suscitou na Santa Mãe Igreja pastores e profetas segundo o seu coração, ajude-nos, hoje, a não ignorá-los novamente. Porque eles viram longe, e segui-los nos teria poupado sofrimentos e humilhações. (SP)

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