Admirável e peregrina: A devoção da Mãe Rainha em Mauriti

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“Humanamente falando, é impossível acontecer o que acontece aqui. Não temos estrutura [adequada] e tantas outras coisas que são necessárias, como estrada, mas o povo vem rezar aqui e a cada dia aumenta mais”, conta o Diácono Francisco Alves, que tem o apoio dos mais de 300 voluntários na organização da Romaria da Mãe e Rainha. Anualmente, no dia 18 de julho, essa festa é celebrada no Santuário Paroquial da Mãe e Rainha, situado no sítio Gravatazinho, a 18 quilômetros do centro de Mauriti.

O diácono fizera parte do grupo de cinco pessoas que, no ano 2000, conduziu uma imagem da Mãe e Rainha até o Santuário Paroquial. Esta caminhada fora o prenúncio do que, hoje, tornou-se uma romaria conhecida não somente nos arredores do Gravatazinho. Pessoas das diversas localidades do município de Mauriti, de outras cidades, estados e dioceses acorrem ao Santuário para manifestarem sua devoção à Mãe tão querida, venerada, nesta pequena porção do Ceará, sob o título de Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt.

Nove dias de preparação

Ao cair da tarde de ontem, dia 18, a multidão reunida acolheu o vigário geral da Diocese de Crato/CE, Pe. José Vicente Pinto, para a Missa de encerramento da XIX Romaria. Com ele, concelebraram os padres Cícero Caboclo (pároco de Palestina, distrito de Mauriti) e o Pe. Valdir Gomes (filho de Mauriti), assistidos pelos diáconos Francisco e José Santana.

Desde o último dia 8 de julho, sob o frio que vem da serra que contorna o espaço do Santuário, os peregrinos contavam com uma programação especial. À aurora, participavam de novena matinal e, para decorrer bem o dia, recebiam a bênção do Santíssimo Sacramento. Às 19 horas, participavam da segunda novena do dia e encerravam a programação diária com a Santa Missa

Só neste dia 18, seis Celebrações Eucarísticas foram presididas no Santuário, reunindo uma grande quantidade de pessoas em cada uma delas.

Dia de agradecimentos

Com grande amor à Mãe e Rainha, peregrinos chegam de perto, mas também de longe, percorrendo o longo caminho que conduz às terras do santuário. Nesta madrugada, nem o frio nem a distância foram obstáculos para que os romeiros saíssem em caminhada rumo ao local.

O jovem Lucas Vieira Gonçalves, por exemplo, saiu de casa, em Palestina do Cariri, às 21h30min do dia 17. O objetivo era chegar ao Santuário para a celebração das 4 horas neste dia 18. 36 quilômetros foram percorridos a pé.

“O cansaço existe, mas é insignificante, comparado à fé e à gratidão”. Inúmeras graças, relata, foram alcançadas para ele e sua família, pelo intermédio da Mãe de Deus.

“Nossa Senhora age cotidianamente em nossas pequenas necessidades. Invoco a proteção dEla nos obstáculos do dia a dia”. E conclui: “Foi um agradecimento a Deus por nos ter dado tão boa Mãe”.

E Expedita Maria já alcançou tantas graças que ‘não sabe nem contar’. Uma ela quis destacar:

“Eu tinha um menino que morava na Bahia. Ele saiu daqui doente, com uma dor de cabeça. Ele foi embora numa sexta-feira dizendo: ‘Mãe, só vou ligar para a senhora na segunda-feira’. Na segunda-feira, ele não me ligou. Quem ligou foi a mulher [a esposa] dele. Disse que ele estava morrendo, pois caiu no banheiro”, relatou. Dessa queda, infelizmente, o filho de Expedita não resistiu e faleceu. O que ela considera graça foi o fato de ter suportado a dor de enterrar o filho. “Ele foi um presente que Mãe Rainha me deu e de presente eu dei pra ela”. Hoje ela vem agradecer por tudo de bom que viveu ao lado dele. “Eu era muito apegada a ele”, diz.

Maria caminha conosco

A “Mãezinha do céu”, plena de amor e cheia de graça de Deus “é capaz de suscitar nos corações a percepção da presença verdadeira de Deus”, diz o Pe. José Vicente no início da homilia. E, ligando sua reflexão ao episódio da visitação de Nossa Senhora a Isabel, continua:

“Foi assim que aconteceu quando Maria visitou a sua prima Isabel. Isto se deu de modo tempestivo. Imediatamente após a visita do anjo a Maria, ela já se encaminhou à casa de sua prima Isabel, que estava grávida fazia seis meses…”. Ele continua: “Portanto, na visita de Maria, que já conduzia no seu ventre o Deus Menino, Isabel intuiu a visita de Deus à sua casa; à sua família. É assim também que, na continuidade dos tempos, ainda hoje a Virgem Santíssima visita os seus filhos em toda parte, fazendo com que cada um receba a presença de Deus”, relaciona.

Ao observar a grande quantidade de romeiros ali reunidos, o presidente da celebração prossegue: “Por que vocês vieram aqui, assim, numerosamente? Porque, certamente, vocês percebem, na imagem da Mãe e Rainha, no seu Santuário, na devoção do terço, a voz de Deus que fala aos seus corações. Se não fosse assim, vocês não acreditariam em Nossa Senhora. Se não fosse assim, vocês não acolheriam em seus corações, em suas casas, a devoção à Mãe e Rainha. Se vocês assim conseguem, é porque sentem a presença de Deus que fala a sua consciência, na sua mente, ao seu coração”, afirmou.

“Maria Santíssima, a Mãe de Jesus e nossa Mãe, é intercessora, ela conhece o coração de seus filhos. Como Mãe, sente a dor de cada um de seus filhos, conhece a história de cada um e, com muita presteza, se coloca nesta condição de intercessora. Por causa destas realidades todas da fidelidade de Maria a Deus, que ela foi sempre tida como Rainha da terra e Rainha do Céu. Não é, portanto, sem razão que Deus falou tão alto ao coração do padre Fundador. É uma inspiração que vem do alto; um sopro do Espírito Santo; é coisa do céu, é algo divino. Se não fosse, esta devoção não teria se espalhado pela terra, não teria alcançado tanta gente. Como é bonito ver tudo isso. Não somente pessoas assim, numerosamente em assembleia, mas um povo peregrino, que marcha confiantemente em Deus, para o céu”, expressou ainda.

“O povo de Deus é um povo peregrino, é um povo confiante, que sabe que não caminha só. Caminha com a Mãe que Deus lhe deu, para o encontro com Deus, nosso Senhor… É exatamente isso que viveu Maria na sua peregrinação cotidiana, nas montanhas da Judeia, para auxiliar a sua parenta. Foi assim, como Maria fez, que fazemos também nós. E, nesse peregrinar, todos puderam ver e sentir a fidelidade de Maria a Deus; o seu discipulado em relação ao Senhor. Foi por causa desta fidelidade que ela foi tida por Rainha, aquela que hoje nós veneramos com este título bendito: Mãe e Rainha Três Vezes Admirável… A Mãe terna que não nos cansamos de reverenciar”, disse.

Acolhimento

O Santuário Paroquial foi instituído numa pequena capela de área rural. No intuito de ali visitarem a Mãe, as pessoas fazem grandes filas, aguardando pela permanência de poucos minutos lá dentro, em vista da grande quantidade de pessoas presentes.

À frente da capela há uma estátua do Pe. José Kentenich, Fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt. Ao lado, há a Capela ‘Tabor da Misericórdia’, onde acontecem as celebrações cotidianas da comunidade. Em outro espaço, há outra capela onde as pessoas acendem velas por alguma graça alcançada e há, também, outro espaço maior onde acontecem as missas campais.

Crescimento

Só neste dia 18, segundo o diácono Francisco, estima-se que entre 10 e 12 mil pessoas passaram pelo Santuário. A comissão da Romaria conseguiu registrar a presença de devotos das cidades de Conceição/PB, Jardim/CE, Brejo Santo/CE, Milagres/CE, Fortaleza/CE, Salgueiro/PE, Recife/PE e Monte Horebe/PB.

Schoensttat em Saída

Para inspirar as reflexões desses 11 dias de Romaria, o tema escolhido foi: “Unidos ao Pai e Fundador, vivemos Schoenstatt em saída no cenáculo com Maria”.

O Diácono Francisco Alves explica: “Tivemos três pontos de reflexão com este lema. O primeiro, ‘com o Pai e Fundador’, significa que o Santuário bebe da fonte do carisma do Pe. Kentenich. Com ele, queremos ser discípulos e missionários de Cristo. ‘Schoenstatt em saída’ porque é isso que o Papa Francisco pede, uma Igreja em saída ao encontro daqueles que estão à margem da sociedade. O ‘cenáculo’, porque estamos conquistando o símbolo do Espírito Santo para o nosso Santuário”.

Este símbolo do Santuário, que ele cita, foi abençoado na missa de encerramento e inicia uma peregrinação pela diocese. Ele será entronizado no dia de 18 de julho do próximo ano.

Com a bênção do Santíssimo Sacramento, os peregrinos são enviados em missão para fazer surgir, sob as graças da Mãe e Rainha, um novo cenáculo para sua região.

Por: Fabrício Furtado (Pascom/Mauriti) e Karen Bueno (Comunicação Nacional do Movimento de Schoenstatt)
Fotos: Patrícia Mirelly/Assessoria de Comunicação da Diocese de Crato

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